799 empresas fecharam as portas durante a pandemia, em Aparecida
Empresariado relata dificuldades e falta de apoio dos governos
Quase 800 empresas fecharam as portas de forma definitiva desde o início da pandemia em Aparecida de Goiânia. Nos três primeiros meses deste ano, foram 214 empresas do município desligadas da Junta Comercial do Estado de Goiás (Juceg). Desde março do último ano, 799 empresas fecharam as portas no município. Empresários relatam dificuldades e falta de apoio dos governos.
O presidente da Associação Goiana de Micro e Pequenas Empresas (AGPE) de Aparecida de Goiânia, Lívio Queiroz, afirma que os números solicitados pelo Mais Goiás à Juceg, revelam apenas a ponta do iceberg. “A partir de agora vamos ver o número real do prejuízo de empresas que não vão conseguir segurar o arrocho”, diz o representante da entidade. Lívio ainda defende que toda ajuda ao empresariado divulgada pelos governos não é suficiente para frear o fechamento de empresas.
“A Goiás Fomento, que deveria liberar crédito para os empresários com o Programa Estadual de Apoio ao Empreendedor (PEAME) beneficiou pouco mais de 800 empresas até agora. Goiânia, Anápolis e Aparecida reúnem 150 mil CNPJs. Ou seja, não ajudou praticamente ninguém”. O representante classista ainda lamenta que o Governo Federal permitiu o parcelamento do Simples Nacional apenas depois que várias empresas já faliram.
Ao Mais Goiás, o presidente da Goiás Fomento, Rivael Aguiar Pereira, revelou que nos primeiros 37 dias do programa, houve 8489 solicitações de empréstimo a juros zero pelo PEAME. Destas, apenas 1100 tiveram crédito liberado. O presidente ressalta que esse número de aprovação representa 70% da quantidade de empresas que tiveram crédito aprovado em 2020.
Questionado sobre a demora na liberação do aporte, Rivael alegou que a Goiás Fomento tem que cumprir exigências burocráticas e administrativas das instituições bancárias e do Banco Central que levam certo tempo para serem concluídas. No entanto, afirma que se a empresa solicitante estiver com todos os documentos e exigências de acordo com o edital do PEAME, a fase de análise para liberação do crédito dura apenas 15 dias.
Em junho de 2020, a prefeitura de Aparecida de Goiânia sancionou uma Lei que permitiu oferecer linhas de crédito emergenciais, com juros subsidiados pelo município, às Microempresas, empresas de pequeno porte e profissionais liberais. O Mais Goiás tentou contato com a Secretaria da Fazenda do município para questionar sobre o acesso às linhas de crédito, mas não obteve resposta até o fechamento da matéria.
De empresário a catador
Roger Ferreira da Silva era proprietário de um quiosque de Pit Dog há 25 anos no Bairro Santa Luzia. O microempresário teve que fechar as portas do seu negócio devido às restrições da pandemia e agora cata materiais recicláveis para sobreviver. “O abre e fecha do comércio fez com que a clientela sumisse de vez e as contas não fechavam. Tive que fechar.”, relata. O empresário ainda diz que a modalidade delivery não funcionou para seu negócio. “O aumento do custo do produto para entrega minou essa possibilidade”, declarou.
Após fechar as portas da lanchonete, Roger está lutando para pagar as contas com venda de materiais recicláveis que cata nas ruas. A renda do empresário despencou. “No pit dog eu conseguia tirar de R$ 4 mil a R$ 6 mil mensais. Agora, quando consigo um salário-mínimo é muito”, lamenta. Roger paga aluguel e mora com sua esposa e três filhas, todos desempregados. “Ainda tenho a despesa de internet para minha filha conseguir estudar de forma remota”, declara.
Mesmo com todas as dificuldades, o empresário tem esperança de ressuscitar sua empresa no ramo alimentício. “São muitos anos no segmento, a gente quer voltar, mas precisa contar com ajuda de alguém porque todos os empréstimos das linhas de crédito que tentei fazer não consegui. Eles colocam muita dificuldade”, declarou.
Em junho de 2020, a prefeitura de Aparecida de Goiânia sancionou uma Lei que permitiu oferecer linhas de crédito emergenciais, com juros subsidiados pelo município, às Microempresas, empresas de pequeno porte e profissionais liberais.
Casa do Empreendedor
A Associação Comercial e Industrial da Região Leste de Aparecida de Goiânia (Acirlag) está articulando junto à Prefeitura de Aparecida para a instalação de uma nova unidade da Casa do Empreendedor na Região Leste do município. O objetivo é facilitar retirada de documentos, regularização e oferecer palestras e cursos gratuitos. A entidade recebeu o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico (SDE), Marlúcio Pereira, para averiguar essa possibilidade.
Ao Mais Goiás, A Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Aparecida SDE informa que a Casa do Empreendedor tem objetivo desburocratizar o atendimento às empresas, associações ou cooperativas auxiliar empresários a saírem da informalidade. Oferece também facilidades em linhas de crédito e parcerias com instituições como o Banco do Povo, Goiás Fomento e Caixa Econômica. O espaço oferece serviço de emissão de permissões para uso do solo, alvarás, licenças, orientação empresarial, cursos, oficinas, palestras, declaração de imposto de renda de pessoas jurídicas e linhas de crédito para micro e pequenas empresas.
A SDU comunica que atualmente a cidade conta com a Casa do Empreendedor no Setor Cidade Livre e que está construindo uma nova sede no Setor Garavelo. Além disso, iniciou as tratativas para a construção de mais uma unidade na região Leste do município. Com isso, explica o secretário de Desenvolvimento Econômico, Marlúcio Pereira, descentraliza o atendimento dos empreendedores e microempresários do município. O espaço do Sebrae na Associação Comercial e Industrial de Aparecida de Goiânia (Aciag )para contar com mais uma unidade da Casa do Empreendedor.