COVARDIA

A história do bebê que viveu mais de um ano em cercadinho na UTI do Hugol, em Goiânia

Caso de bebê que vivia há mais de um ano em leito do Hugol terminou com medida protetiva e acolhimento institucional decidido pela Justiça

Um bebê de 1 ano e 8 meses deixou nesta sexta-feira (5/9) a UTI cardiopediátrica do Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), em Goiânia, depois de viver mais de um ano em um cercadinho dentro da unidade. Clinicamente estável, mas desde abril deste ano sem receber qualquer visita da família biológica, o menino foi alvo de uma medida protetiva do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO) e encaminhado a um abrigo.

A situação de Pedrinho, nome fictício para preservar a identidade da criança, foi revelada pelo repórter Domingos Ketelbey do Mais Goiás e pela jornalista Ana Paula Belini. Durante meses, ele ocupou um leito de UTI não por necessidade médica, mas porque havia sido abandonado e aguardava definição judicial. Nesse período, cresceu sem contato com o mundo externo, privado de estímulos básicos ao desenvolvimento infantil, em meio à rotina intensa de uma unidade de terapia intensiva.

Abandonado pelos pais

O menino foi internado ainda recém-nascido. Desde cedo, relatórios médicos e sociais apontavam fragilidade nos vínculos familiares. Com o tempo, os pais deixaram de visitá-lo e o caso passou a ser acompanhado pelo Conselho Tutelar e pela Vara da Infância e Juventude. A morosidade do processo, no entanto, manteve o impasse: não havia definição sobre adoção ou acolhimento institucional.

Somente no último dia 3 de setembro a Justiça determinou o acolhimento provisório em abrigo, levando em conta as necessidades de saúde da criança. Os pais foram citados para prestar esclarecimentos, e o Conselho Tutelar designado para acompanhar o caso.

Despedida no hospital

Na manhã desta sexta-feira (5), equipes do Conselho Tutelar e de um abrigo estiveram no Hugol para retirar Pedrinho. Antes da saída, médicos, enfermeiros e técnicos organizaram uma despedida emocionante. Um cartaz com a mensagem “Que Deus te acompanhe. Nós te amamos!”, balões e até um pequeno bolo marcaram o momento em que a equipe se reuniu para celebrar a nova etapa da vida do menino.

Agora, Pedrinho terá a oportunidade de viver em um ambiente adequado, com estímulos sociais e cotidianos fundamentais para o desenvolvimento de qualquer criança. Para os profissionais do Hugol, fica a saudade e a esperança de que o futuro do menino seja mais leve do que os dias passados atrás das grades de um cercadinho.

*Nome fictício para preservar a identidade da criança.