VERGONHA DIANTE DA PENA

“A vítima no Brasil é escrava da violência sofrida”, desabafa Silvye Alves após condenação de agressor

Agressor foi condenado a três meses de prisão no regime semi-aberto

Dois anos depois, os reflexos da agressão ainda estão na pele. Um dos golpes que o empresário Ricardo Hilgenstieler desferiu contra a jornalista Silvye Alves atingiu a parte superior da boca e acabou estourando a artéria nasal, afetando o nervo sensitivo e chegou a dilacerar o músculo que sustenta o lábio superior. A lesão afetou também a fala e a hoje deputada federal precisa de acompanhamento médico regular.

Para além da agressão física, os reflexos psicológicos ainda estão guardados. O tempo passou mas, para a deputada federal, o dia 20 de junho de 2021, aconteceu ontem. ““Eu nunca tive problema com crise de pânico mas se fico sem tomar medicamento agora tenho. Há dois anos não consigo viver direito por conta dos inúmeros traumas”, destaca. “A vítima no Brasil ela vai ser escrava da violência sofrida enquanto o agressor vai ficar livre. Você acha que ele vai ficar preocupado em pagar 4 mil? Ele vai recorrer até o STF”, desabafa ao Mais Goiás. 

Silvye Alves conversou com o portal após a condenação do seu agressor, o empresário Ricardo Hilgenstieler. Condenado a três meses em regime-semi aberto por lesão corporal, ele ainda terá de prestar serviço assistencial e pagar aproximadamente 4 mil reais por danos morais à jornalista. “Estou envergonhada com essa condenação”, destaca.

Ela promete recorrer da decisão por considerá-la desproporcional ao que viveu e continua vivendo. “É uma série de transtornos que vivo para ver o agressor ter três meses de condenação. Fora o valor de 4 mil reais por danos morais. Eu não me interesso por esse valor. Para mim, não faz falta. Mas isso só mostra a banalização da Justiça nos casos de feminicídio”, pontua.

“O crime de ameaça deve ser levado a sério”, reforça Silvye Alves

Ao Mais Goiás, Silvye destaca que enquanto ameaças não forem tipificadas como crime, as estatísticas de violência doméstica continuarão saltando seus números. “Antes de me agredir, ele me ameaçou”, relembra. “O crime de ameaça tem de ser levado a sério. Não é só o meu caso. Há inúmeros por aí”, reforça.

“Esse é um problema no Brasil. Você denuncia e não acontece nada. Enquanto a Justiça continuar achando que violência doméstica é bobagem haverá inúmeros crimes acontecendo”, salientou a jornalista que afirma ter um projeto de sua autoria que tipifica ameaça como crime.