ENTREVISTA

‘Abalo emocional’ e ‘show de horror’: advogada acusada de furto em Goiânia relata o que passou

Taynara afirma que foi informada na delegacia que estava sendo presa e que não a deixaram falar

'Abalo emocional' e 'show de horror': advogada acusada de furto em Goiânia relata o que passou
'Abalo emocional' e 'show de horror': advogada acusada de furto em Goiânia relata o que passou

A advogada Taynara Trindade, que foi presa acusada de furtar uma bolsa com joias e relógios, em Goiânia, e teve o relaxamento da prisão na Justiça, na quarta-feira (16), disse estar com “severo abalo emocional” devido ao que passou. Ela afirma ter sofrido abusos no hotel em Goiânia, onde foi detida, e na delegacia, antes de ir para a Casa do Albergado. “Tive uma arma colocada no meu rosto e, na delegacia, só fui informada que já estava presa e que deveria assinar um termo.”

Segundo Taynara, durante o interrogatório, não houve participação do delegado – que estava no local, sentado mais distante, mas não se identificou -, apenas de uma escrevente, que a tratou mal. “Não quis me deixar falar. O delegado chega depois para acompanhar e não se identifica.” Ela narra que, apenas no momento da prisão, descobriu quem era o indivíduo.

“E a escrevente me disse que eu já estava sendo presa por furto qualificado e que só ia pegar um termo para eu ir para Casa do Albergado. Todo o momento eu estava incomunicável, pois pegaram meu celular [no hotel]. Além disso [quando fui presa], fiquei 30 minutos algemada e só tiraram para eu gravar um vídeo relatando que tive os direitos respeitados. Fui chamada de cachorra, vagabunda, um show de horror.”

A mulher foi presa sob suspeita de furtar uma bolsa com joias e relógios. O caso aconteceu na noite de terça-feira (15), em um hotel de luxo em Goiânia. Taynara foi liberada horas após ser detida e argumentou que se confundiu e pegou a bolsa errada – o que teve concordância em decisão da Justiça. Segundo ela, mesmo sendo advogada, não teve o direito de falar.

Ela também denuncia a conduta do hotel. Taynara afirma ao Mais Goiás que as gravações mostram que uma funcionária do hotel leva os policiais militares ao quarto enquanto ela jantava e eles revistam o local, veem a necessaire que ela pegou por engano, saem e “armam o flagrante”. Quando ela entra, eles a prendem. “Vou processar o Estado pelo flagrante forjado. Quando a gente sai para jantar, o hotel permite que a polícia entre e viole o direito de inviolabilidade do domicílio.”

Conforme a jurista, o estabelecimento tem dificultado o acesso às filmagens. O Mais Goiás não conseguiu contato com o hotel. Caso haja interesse, o espaço segue aberto.

Gravação

Imagens de câmeras de segurança mostram o momento em que um homem deixa uma bolsa no sofá onde Taynara estava sentada, falando ao telefone. Minutos depois, ela se levanta e pega a bolsa. A advogada afirmou que acreditou que o objeto era uma das malas do companheiro, que havia acabado de chegar de Londres.

Segundo ela, o companheiro trouxe bagagens pretas e marrons, semelhantes à que foi deixada no sofá da recepção. “As malas estavam todas misturadas, e eu, de costas, peguei o que achei que fosse dele. A intenção nunca foi pegar algo de outra pessoa”, disse.

A bolsa foi levada para o quarto e deixada sobre a mesa. O casal saiu para jantar e, ao retornar, foi surpreendido pela polícia. Ambos foram presos, mas liberados após audiência de custódia. O juiz entendeu que não houve intenção de furto e determinou o relaxamento da prisão.

Na decisão, como mencionado, o magistrado apontou falhas na condução do caso, como a ausência das imagens nos autos, mesmo já estando disponíveis. O caso foi encaminhado à Corregedoria para apuração.

Relaxamento da prisão

Na quarta-feira, a advogada Taynara Trindade, que foi presa acusada de furtar uma bolsa com joias e relógios, em Goiânia, teve o relaxamento da prisão na Justiça. Segundo a advogada dela, Eliane Mundim, a decisão do juiz Thiago Soares Castelliano Lucena de Castro entendeu que não houve crime, mas erro de tipo (situação sem intenção, justificada). Ou seja, encerra-se o caso com inocência.

Além disso, o magistrado determinou ofício à Corregedoria da Polícia Civil para apurar possível infração funcional do delegado de Polícia por não apresentar “imagens do circuito interno do hotel, embora tivesse ciência da sua existência”. A tese que motivou o entendimento foi colocada pelo advogado Gilles Gomes, que representou a mulher em audiência.

Mais Goiás procurou a Polícia Civil e aguarda uma posição.