Alto custo de insumos e falta de recursos provoca travamento de cirurgias em Goiás
Conforme a Folha, alguns hospitais de Goiânia chegam a pagar a diferença para prosseguir com as operações
A alta do dólar e a consequente disparada dos preços de insumos essenciais para procedimentos cirúrgicos, aliada à escassez de recursos repassados pelo governo federal, fez com que ocorresse um travamento de cirurgias cardíacas pelo SUS em Goiás. Alguns hospitais de Goiânia chegam a pagar a diferença para prosseguir com as operações, segundo um cirurgião. As informações são do jornal Folha de São Paulo.
Conforme a Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (SBCCV), cerca de 50 mil pessoas aguardam na fila para serem operados. Porém, os atendimentos só caem. A Folha mostrou que entidades médicas e gestores hospitalares têm suspendido operações justamente por não conseguirem comprar insumos tais quais válvulas, cânulas, oxigenadores e outros itens necessários para as cirurgias.
As dificuldades estariam relacionadas à alta dólar, cuja cotação tem ficado entre R$ 5,60 e R$ 5,70. Com a moeda americana mais cara, o preço dos insumos também fica mais alto – com valores bem acima do que o governo federal repassa aos hospitais. Em documento enviado ao Ministério da Saúde em junho, a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB) alertou sobre os reajustes feitos pela indústria que aumentaram “a diferença entre o valor pago pelo governo federal e o registrado nas licitações dos insumos.
Médico relata travamento de cirurgias em Goiás
Em entrevista à Folha, o cirurgião cardiovascular e membro da SBCCV, Bruno Botelho Pinheiro, afirma que as cirurgias em Anápolis estão paradas desde 30 de março, apesar de 70 já terem sido autorizadas. “Já alguns hospitais de Goiânia estão complementando o valor em casos mais complexos”, diz.
Em outros estados a situação também é grave. A cirurgiã cardiovascular Silvana Berwanger, da Santa Casa de Ijuí, no Rio Grande do Sul, revelou que unidade em que ela trabalha cancelou as operações eletivas, e mantém reservado um kit de válvulas biológicas para cirurgias de emergência.
Procurado pela Folha, o Ministério da Saúde informou que realiza estudo econômico para avaliar “possível reajuste dos valores pagos pela União para os conjuntos de circulação extracorpórea”.
Já o governo de Goiás informou, em nota enviada à Folha, que as unidades que realizam cirurgias cardíacas de alta complexidade são localizadas em Goiânia. O encaminhamento é de responsabilidade da Secretaria Municipal de Saúde.
A reportagem do Mais Goiás entrou em contato com as secretarias municipais de Saúde de Goiânia e Anápolis e aguarda um retorno.