Polícia

Aluno soldado da PM é acusado de tentar matar três, após briga em posto

O promotor de justiça Marcelo Faria da Costa Lima, em substituição na 85ª Promotoria de…

O promotor de justiça Marcelo Faria da Costa Lima, em substituição na 85ª Promotoria de Justiça, ofereceu, nesta terça-feira (28), denúncia contra o aluno soldado (estagiário da Polícia Militar) Bruno Correa de Araújo por tripla tentativa de homicídio. O crime foi qualificado, seguindo o entendimento jurídico, pelo motivo fútil. Além disso, o réu é acusado de lesão corporal.

Os crimes aconteceram na madrugada do dia 11 deste mês, por volta das 5h20, em um posto de combustíveis no Parque Amazônia, em Goiânia. A promotoria listou três vítimas na ação: Jonatas da Silva Camelo, Sílvio César da Costa Júnior e Heberson de Sousa. Sílvio ainda está internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), em estado grave e respira com ajuda de aparelhos.

Segundo apontado na peça criminal, os amigos Sílvio e Heberson haviam finalizado um show em uma festa particular em Aparecida de Goiânia e foram, em companhia de Jonatas e da namorada de Sílvio, ao posto de combustíveis, onde estavam bebendo, fumando narguilé e tocando violão. Por volta das 5h, Bruno de Araújo chegou ao local e aproximou-se do grupo, contudo, como ele aparentava estar embriagado ou sob efeito de substância entorpecente — segundo a promotoria —, as vítimas incomodaram-se com sua presença e não lhe deram atenção.

Inconformado, o denunciado tentou fazer uso do narguilé, sem que lhe fosse oferecido, mas foi repreendido pelos presentes, segundo destaca o promotor na peça acusatória. Entretanto, relata a denúncia, o comportamento inconveniente do estagiário não cessou e ele passou, de modo rude e grosseiro, a insistir em fumar, chegando a tomar o narguilé bruscamente das mãos de Jonatas.

Teve início uma discussão acalorada entre eles, momento em que Bruno sacou uma pistola calibre .40 pertencente à Polícia Militar de Goiás e, após desferir uma coronhada na cabeça da vítima Heberson, determinou que todos se deitassem no chão. Neste momento, Jonatas saiu correndo e foi perseguido pelo denunciado, que efetuou vários disparos em sua direção, os quais não o atingiram por erro de pontaria.

Diante desta conduta, as demais vítimas correram em direções opostas, mas voltaram ao posto de combustíveis em seguida, onde havia ficado a namorada da vítima Sílvio, deparando-se novamente com Bruno, ainda com arma em punho e gritando para que se deitassem no chão. Amedrontados, Heberson e Sílvio, mais uma vez, correram, sendo perseguidos pelo acusado, que ordenava a parada e rendição.

Segundo os autos, Sílvio atendeu a determinação, parou de correr e deitou-se no chão. Mesmo rendido e sem esboçar reação — segundo o que está descrito nos laudos apontados —, ele foi agredido fisicamente por Bruno, que ainda atirou na cabeça ddo homem. Um taxista que passava pelo local prestou socorro ao baleado, levando-o até o Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), onde ele recebeu pronto atendimento médico.

Conforme o promotor Marcelo Faria, é importante “ressaltar que a motivação dos crimes foi fútil e consistente no mero inconformismo do acusado com a atitude das vítimas em não lhe permitir o uso de narguilé”. O promotor requereu ainda a manutenção da prisão preventiva de Bruno. (Com assessoria do MP-GO)

João Vitor Dias, 18, foi morto em uma abordagem por outro aluno soldado da PM em Senador Canedo (Foto: Reprodução / TV Anhanguera)

João Vitor Dias, 18, morto em abordagem por outro aluno soldado da PM em Senador Canedo: Arma apreendida (Foto: Reprodução / TV Anhanguera)

Vinte dias após

Em Senador Canedo, João Vitor Pereira Neves, de 18 anos, foi morto em uma festa na Vila Matinha, após uma abordagem de dois policiais militares que não estavam em serviço na madrugada do sábado (25). A família da vítima denuncia que ele foi morto com dois tiros pelas costas. O rapaz estaria no carro da mãe da vítima, quando teria sido abordado pelos dois homens, que mesmo sem farda, se anunciaram policiais, com armamento em punho.

“Ele assustou e correu, e foi nessa hora que tomou dois tiros nas costas”, denuncia o avô da vítima, Nivaldo Pereira, a uma equipe de reportagem de Goiânia. “O rapaz que estava com ele apanhou demais, tomou coronhada e está todo marcado”, conta. A Polícia Militar já instaurou procedimento para apurar a situação através da Corregedoria da corporação.

O aluno soldado Lucas Elias da Costa se apresentou no Distrito Policial de Senador Canedo e entregou a arma da corporação, um revólver calibre 38. Em depoimento, alegou legítima defesa e que acreditava que a vítima estava armada na hora da abordagem. Ele teria sido liberado por não ter antecedentes criminais e demonstrar interesse em colaborar com as investigações ao se apresentar à polícia.

A reportagem não conseguiu contato com as defesas dos dois policiais citados. A Polícia Militar respondeu, através de nota encaminhada ao Mais Goiás que o trabalho de estágio da corporação continua normalmente e que o comando da PM determinou que todos os estagiários recebessem, ordenamento de cumprir os Procedimentos Operacionais Padrão da PM-GO ainda que fora do horário de serviço, o que significa que abordagens com armamentos a civis, sem o uso de farda, ficam vetados a menos que haja algum tipo de suspeição evidente.