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Após dois anos, empresa que venceu licitação vai assumir porto seco de Anápolis

Aurora venceu o processo licitatório, mas chegou a ser desabilitada; desembargadora decidiu que quadro de incerteza não poderia continuar

Justiça de decide que empresa assuma porto seco, em Anápolis, após dois anos
Justiça de decide que empresa assuma porto seco, em Anápolis, após dois anos

A Aurora, que venceu o certame licitatório para administrar o porto seco de Anápolis em concorrência de 2017 e foi desabilitada por Comissão Especial de Licitação (CEL), recebeu parecer favorável no último dia 24 para assumir a gestão do porto. Após decisões contrárias, a empresa conseguiu reverter a situação e o processo continuou, até semana passada.

No dia 24 de abril, a desembargadora do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), Danielle Maranhão Costa, decidiu que o quadro de incerteza não poderia continuar, sob risco de dano a empresa, bem como “para resguardar o interesse público na prestação do serviço objeto da concorrência”. O entendimento veio após ela própria ter suspendido a conclusão da licitação por 90 dias, por meio de um agravo de instrumento.

Segundo a magistrada, os impedimentos para a instituição assumir, não mais existem. “As razões que motivaram o deferimento da tutela antecipada inicialmente não mais subsistem, não se mostrando viável manter o procedimento licitatório suspenso diante do contorno fático atual”, escreveu.

E ela cita: “A Certidão de Solo que motivou a inabilitação da vencedora do certame teve sua validade restaurada por decisão do juízo da Comarca de Anápolis; a União, interessada na prestação do serviço, atesta o preenchimento das exigências do Edital por parte da licitante vencedora (…); estar a agravante no espaço público há vários anos (20 anos) sem licitação, não sendo recomendável que se propicie a permanência da situação de irregularidade da permissão do espaço público.”

Confira a decisão na íntegra, AQUI.

Caso

A Porto Seco Centro Oeste S/A, segunda colocada na proposta comercial, havia acusado a Aurora de atribuir valores fictícios aos documentos apresentados na primeira fase da licitação. “À época, após a derrota, a segunda colocada (a mesma empresa que há 20 anos opera no local) entrou com medidas judiciais para postergar a licitação”, afirma Bruno Morais, advogado da empresa.

Sobre a decisão, ele lembra que ela chega exatos dois anos após a empresa vencer a licitação, que foi concluída em março de 2018, com a menor proposta comercial. A assessoria da Aurora informa que a mesma prevê investimentos iniciais de R$ 90 milhões no porto seco para proporcionar um salto de qualidade nos serviços do terminal, o que deve gerar cerca de 1.500 empregos diretos e indiretos.

Nota

Leia manifestação da Porto Seco Centro-Oeste na íntegra:

“Em razão dos processos judiciais quanto a licitação não terem sido concluídos, e em vista de decisões vigentes que impedem a conclusão da licitação, o Porto Seco Centro-Oeste esclarece que não há que se afirmar sobre ‘vencedor no processo de licitação’.

No entanto, o Porto Seco Centro-Oeste se mantem confiante e aguarda finalização do julgamento e inabilitação da concorrente.

As atividades do Porto Seco estão mantidas e registram crescimento nas movimentações de comércio exterior, e com a colaboração dos órgãos dos governos Estadual e Federal, o tempo de liberação tem sido muito ágil.

Em 2019, o Porto Seco realizou um investimento de mais de R$ 20 milhões para dimensionar sua estrutura e atender a essa demanda. Após assinatura do contrato com a Receita Federal, a previsão de investimento será na ordem de R$120 milhões, a fim de cumprir com os requisitos do Edital”.