VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

Após ouvir agressão, goiana dá início a movimento de divulgação do 180 em condomínios

Movida pela indignação, a comunicadora goiana Cacau Mila, de 37 anos, decidiu procurar as autoridades…

Foto: Arquivo pessoal

Movida pela indignação, a comunicadora goiana Cacau Mila, de 37 anos, decidiu procurar as autoridades para levar adiante uma iniciativa que tem como objetivo contribuir para o combate à violência doméstica em condomínios residenciais. A ideia principal, de tornar obrigatória a afixação de informes com canais de denúncia contra a violência contra a mulher, surgiu após a goiana perceber uma situação de violência no próprio prédio onde mora, em Goiânia.

Em entrevista ao Mais Goiás, Cacau conta que começou a agir no dia 6 deste mês, quando escutou uma mulher sendo espancada. “Ela tentava gritar socorro, mas tinha vários momentos, que eu ouvia, em que ele dava tapas, ela corria, ele a puxava e tampava a boca dela”, recorda. A situação fez com que seu filho de apenas três anos ficasse tremendo de medo.

Cacau relata que começou a gritar que chamaria a polícia em uma tentativa de intimidar o agressor. A comunicadora, então, ligou para um amigo que também mora no prédio e, juntos, percorreram todos os andares na esperança de descobrir de qual apartamento vinha a agressão – mas sem sucesso.

Foto: Facebook

“Disque 180”

Diante da falta de possibilidades, Cacau decidiu oferecer a ajuda que estava ao seu alcance. Com tinta guache, a goiana confeccionou e colou no elevador um cartaz com o número do disque-denúncia contra a violência doméstica, o 180, e o número do Ouvidoria da Mulher, junto com os dizeres “Você não está sozinha”. Porém, na manhã do dia seguinte, o cartaz já havia sido retirado pelo síndico, que argumentou que somente ele tinha tal atribuição.

A comunicadora decidiu, então, começar um movimento para tornar obrigatório esse tipo de informe nos elevadores e áreas de convivência dos condomínios residenciais. Auxiliada por um amiga, Cacau levou a demanda para a Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Políticas Afirmativas de Goiânia e também para parlamentares do Estado de Goiás.

Foto: Arquivo pessoal

“A nossa ideia é trazer essa lei para o município e para todo o Estado, dar força para que essa mulher denuncie. Os homens podiam respeitar a gente e parar de nos bater e de nos matar por dignidade humana, mas como não é assim, então agora vai ser por medo. Se bater, saiba que a gente não vai mais se calar”, pontua.

Ao Mais Goiás, a deputada estadual Delegada Adriana Accorsi, que já tem projetos nesse sentido, adiantou que tem uma reunião marcada com Cacau nesta semana para tratar da possibilidade de transformar em lei estadual a obrigatoriedade do informe do Disque 180  em prédios residenciais do estado. “Ao mesmo tempo em que a gente tem que fortalecer as estruturas pra combater a impunidade, como as delegacias, os centros de referência, nós precisamos combater a subnotificação. A polícia não pode agir se não tiver conhecimento, e tampouco a Justiça”, conclui.