Arcebispo de Goiânia fala pela paz em Gaza, por regulação das redes e pela vida ‘desde a concepção’
No Grito dos Excluídos, Dom João Justino convoca sociedade a escutar clamores por democracia, justiça social e meio ambiente
O arcebispo Dom João Justino fez neste domingo (7), durante o Grito dos Excluídos e Excluídas, em Goiânia, um discurso carregado por apelos sociais, ambientais e religiosos. Em sua fala, ele convocou cristãos e cidadãos a escutarem os clamores da sociedade e da terra, enfatizando os “gritos” por paz, democracia e justiça.
“Somos convidados como cidadãos e como cristãos a escutar os gritos de hoje, especialmente dos excluídos e excluídas, escutar também o grito da terra. Gritos historicamente ignorados, emudecidos ou desautorizados”, afirmou.
O arcebispo destacou o cenário internacional de conflitos e instabilidades políticas. “Há gritos pela paz na Faixa de Gaza e nos demais países em guerra. Há gritos também por democracia, frente às ameaças de ditaduras e golpes políticos. Há gritos por justiça fiscal, em defesa da equidade distributiva dos impostos”, declarou.
Dom João Justino também lembrou dos clamores da população brasileira diante da violência e da exclusão. “Há gritos das vítimas do feminicídio, gritos de proteção contra o crime organizado. Há gritos por políticas públicas e por terra, teto e trabalho. Há gritos pela reforma agrária e urbana e pela educação pública de qualidade. Há gritos pela ética e contra a corrupção, pela consciência política e contra a venda de votos.”
Ele reforçou ainda denúncias contra a intolerância e os preconceitos. “Há gritos contra o racismo, a misoginia, a aporofobia, o etarismo, a homofobia, os preconceitos, o ódio e a violência. Há gritos de pessoas com deficiência clamando por mais acessibilidade.”
Entre os pontos que chamaram a atenção, o religioso citou a necessidade de regular plataformas digitais e de proteger a vida em todas as fases. “Há gritos pela regulamentação das redes sociais, gritos pelo direito à vida desde a sua concepção até o seu declínio natural.”
Meio ambiente e ecologia integral
O arcebispo também falou sobre a defesa da natureza. “Há gritos contra a extinção de espécies da flora e da fauna e pela proteção dos animais. Gritos contra as queimadas e os desmatamentos, pela defesa dos biomas e da ecologia integral. Há incontáveis gritos, encharcados de sangue, lágrimas do desespero.”
Dom João Justino citou passagens bíblicas para reforçar a mensagem de esperança. “Jesus interrompeu o caminho porque escutou aquele grito e então foi ao encontro de Bartimeu, quando todos queriam que ele se calasse”, disse, relacionando a cena ao compromisso cristão de ouvir os marginalizados.
Por fim, ele ligou sua fala ao Ano Jubilar da Esperança, celebrado pela Igreja em 2025. “Todo aquele que grita tem alguma esperança. A esperança de que o seu grito alcance o coração de alguém que o escuta, para que a escuta se transforme em algum gesto de solidariedade.”