Investigações

Assaltante usa site OLX para venda de telefones roubados

Três dias após um assalto à mão armada no Setor Oeste, registrado por câmeras de…

Três dias após um assalto à mão armada no Setor Oeste, registrado por câmeras de segurança instaladas nas imediações da Rua 14, as polícias Civil e Militar prenderam em flagrante Maurício Magalhães Campos, 26, que tentava comercializar o smartphone da vítima dentro do Goiânia Shopping após anúncio no site OLX. Apenas este ano, é a terceira vez que ele aparece envolvido em suspeitas de assalto à mão armada, receptação e/ou venda de telefones roubados por meio de classificados online. Até agora, 15 aparelhos foram encontrados com Maurício. Sem nota fiscal, os produtos foram apreendidos pela polícia, que enfrenta dificuldade em localizar os donos por falta de boletim de ocorrência e/ou do número imei que permite a identificação dos proprietários dos telefones.

As investigações apontam que, desde que esteve foragido em decorrência das acusações de envolvimento no roubo, sequestro e morte de Francisco Marinho Villas Boas, 64, em janeiro do ano passado; Maurício Magalhães Campos se especializou em roubo à mão armada de aparelhos de telefone celular na Região Sul da Capital. Mapeamento feito pelo serviço de inteligência da Guarda Civil Metropolitana (CGM), por exemplo, identificou que, depois de roubar aparelhos, Maurício leva os telefones à Praça A, em Campinas, para um terceiro, que está sob investigação, responsável por efetivar os desbloqueios e a dificultar rastreamentos. Após, segundo as apurações da CGM, é o próprio Maurício que os comercializa.

Além do smartphone roubado de um professor universitário na última quinta-feira, 10, e que motivou a ação dentro do Goiânia Shopping, a polícia apreendeu com Maurício outros dois aparelhos, igualmente sem nota fiscal. Em abordagem anterior, no mês de maio, feita pela Guarda Civil Metropolitana, 11 telefones foram encontrados com Maurício e outros suspeitos, todos apreendidos pela polícia à espera de identificação de proprietários. “É essencial que outras pessoas que o reconheçam procurem a delegacia. No dia 14 de outubro, por exemplo, ele também foi conduzido à delegacia e indiciado depois de anunciar um iPhone 6 roubado no site OLX. Já corre um processo judicial para averiguar a primeira receptação, com a que fizemos agora, ele passa a responder pela segunda”, acrescenta o tenente do 1° Batalhão da Polícia Militar (1° BPM), Alves Souza que, mesmo de folga, efetuou a prisão de Maurício.

Segundo a polícia, a omissão das vítimas favorece a impunidade, permite que criminosos continuem a atuar e mantém alta a chamada Cifra Negra da polícia, termo utilizado para designar as ocorrências que não chegam ao conhecimento da polícia.   “Há chances de que o objeto do roubo seja recuperado e, mesmo se não for, procurar a delegacia é essencial para que o criminoso fique, de fato, preso; favorece o trabalho policial, nos ajuda  localizar os donos dos produtos recuperados, a mapear a ação e a termos uma estatística mais real dos fatos. Além disso, possibilita cruzamento de dados e ajuda a impedir que mais pessoas sejam vítimas”, pondera a agente de Polícia Civil, Rhaíza Santos, responsável pelo flagrante. A polícia chegou ao suspeito por meio de anuncio no site OLX que colocava à venda um telefone com as mesmas características do que foi roubado no Setor Oeste.

Agora, Maurício foi preso pelas polícias Civil e Militar dentro do Goiânia Shopping, no Setor Bueno, quando ele tentava vender um telefone roubado na quinta-feira, 10, na Rua 14, Setor Oeste. Preso em flagrante pelos policiais, que estavam de folga, ele foi levado à Central de Flagrantes, no Setor Cidade Jardim, sob acusação de receptação e venda de produto roubado. Maurício negou envolvimento no assalto com arma de fogo a um professor universitário, alegou que comprou o aparelho também no OLX por R$ 800 e que o estavam revendendo por R$ 1,7 mil ciente de que o produto havia sido roubado. “Mas há muitas contradições no que ele disse. A nós, por exemplo, ele afirmou que havia comprado o telefone há 10 dias, época em que o aparelho sequer tinha sido subtraído”, exemplifica a agente de Polícia Civil, Rhaíza Santos, responsável pelo flagrante, que chegou ao suspeito por meio de anuncio no site OLX que colocava à venda um telefone com as mesmas características do que foi roubado três dias antes.

Outras vítimas

O Samsung Galaxy S7 foi anunciado no OLX no sábado, 12, às 14h48, pelo usuário Marcos Ligadão. À pessoa que demonstrou interesse pelo aparelho, Maurício se apresentou como Marcos, disse que havia comprado o telefone de uma amiga, com a qual ainda estava a nota fiscal do produto, documento que ele ainda não havia buscado por mera displicência. Garantiu também ter carregador, fones e caixa do produto, que o mesmo não tinha nenhum defeito e estimou cerca de três meses de uso, tempo supostamente informado pela pessoa da qual ele teria compro o aparelho. E, apesar do excelente estado, aceitou imediatamente reduzir o preço de venda do produto para R$ 1,6 mil, valor 50% abaixo do preço de mercado do mesmo modelo.

“Há, inclusive, indícios de que a mulher dele seja cúmplice nos crimes. Ela, por exemplo, foi quem atendeu todas as ligações feitas para o número disponibilizado no OLX, chegou a informar sobre um outro comprador que estaria interessado e se referia ao marido, cujo nome verdadeiro é Maurício, como se ele se chamasse Marcos. Além disso, estava com um celular com poucos dados armazenados, a exemplo de apenas cinco contatos na agenda, e sem nota fiscal”, explica a agente. A esposa, Pollyana Pereira Silva, estava com Maurício no Goiânia Shopping quando ele foi preso.

Câmeras de segurança que registram o momento em que a vítima é perseguida e abordada à mão armada na tarde quinta-feira, 10, e testemunhas da ação serão utilizadas para elucidação do caso. Também há notícias de outra vítima, roubada por pessoa com as mesmas características de Maurício, na quarta-feira, 09, igualmente na Rua 14. “Esperamos que outras vítimas apareçam, inclusive a que foi roubada no Parque Flamboyant, em maio, mas não quis registrar o boletim,”  acrescenta o tenente Alves Souza. De acordo com o GCM Rodrigues, em maio Maurício foi detido apenas por receptação porque a vítima que o reconheceu como autor do assalto se recusou a fazer o registro da ocorrência.

“A vítima não quis registrar o procedimento na delegacia alegando falta de tempo. Com isso, ele continua solto e a cometer outros crimes. Um dos maiores problemas que encontramos é justamente o fato das vítimas não registrarem ocorrência. Encontramos diversos celulares sem procedência mas, como não têm ocorrências, o delegado apenas faz um auto de exibição e apreensão dos aparelhos, mas o conduzido é liberado”, lamenta. Segundo a polícia, Maurício tem passagem por associação criminosa, receptações, certidão ou atestado ideologicamente falso e adulteração de placa de veículo. Além disso, aparece como testemunha de portes ilegais de arma de fogo e de uma tentativa de homicídio. Ele tem registros na polícia desde 2003, o desafio, no entanto, é reunir mais vítimas e provas. O 4º Distrito Policial (DP), no Setor Bueno, é o responsável pelas investigações.