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Áudios: ex-conselheiro tutelar de Jandaia ameaça ex-mulher: “vou te matar, juro pelas nossas filhas”

“Vou te matar, juro pelas nossas filhas”, disse o ex-conselheiro tutelar de Jandaia suspeito de…

Áudios: ex-conselheiro tutelar de Jandaia ameaça ex-mulher:
Áudios: ex-conselheiro tutelar de Jandaia ameaça ex-mulher: "vou te matar, juro pelas nossas filhas" (Foto: Reprodução - Arquivo Pessoal)

“Vou te matar, juro pelas nossas filhas”, disse o ex-conselheiro tutelar de Jandaia suspeito de usar foto da filha armada para ameaçar a ex-mulher. A nova ameaça consta em áudios enviados por ele à ex-esposa, os quais compõem um novo capítulo do caso de violência psicológica enfrentado pela vítima. Nomes do suspeito e da mulher não serão divulgados para evitar que informações comprometam as investigações e a segurança dos envolvidos.

De acordo com a Polícia Civil, as gravações às quais o Mais Goiás teve acesso nesta quarta-feira (24) foram feitas antes do tiroteio ocorrido na cidade no último dia 12/11. A autoria dos disparos é atribuída ao suspeito. Na ocasião, seis tiros foram deflagrados o alto em frente ao local de trabalho da vítima, em Jandaia.

Segundo a corporação, os disparos resultaram no descumprimento de medida protetiva decretada para manter o suspeito longe da mulher. Com isso, a Justiça expediu mandado de prisão preventiva contra homem na última terça (16), mas ele segue foragido. O Conselho Tutelar da cidade o exonerou do cargo.

Áudios com ameaças foram gravados pelo ex-conselheiro, afirma vítima

A vítima confirmou ao Mais Goiás que os áudios foram gravados pelo ex-marido. Nas gravações, ele exige que a mulher abandone o emprego dela e faz ameaças de morte a ela e toda família. Ele ainda afirma que o local de trabalho da mulher tem lhe provocado sofrimento e que não admite que ela permaneça no emprego.

“Pode trabalhar onde você quiser, mas se continuar lá, vou te matar. Se fizer isso, pode ficar com quem você quiser em Jandaia. Mas se continuar lá no emprego, vou te matar. Juro pela alma das nossas filhas. Quero que elas queimem no inferno se eu não cumprir minha promessa”, afirma o homem na gravação.

O ex-conselheiro revela ter viajado a Goiânia para adquirir uma nova arma e que está disposto a usá-la para acertar as contas com a ex-mulher.

“Não tenho mais nada a perder. Você já acabou com a minha vida. Eu perdoo a sua traição, mas não admito você ficar lá [emprego] enquanto eu estiver vivo. Vim para Goiânia e já comprei outro revólver. Você só vai se livrar desse problema quando você sair de lá”, reforça, nos áudios.

O motivo das ameaças ainda não foram revelados. O Mais Goiás não obteve mais detalhes sobre a suposta traição mencionada pelo suspeito nos áudios.

“Pronto para matar e morrer”, diz ex-conselheiro tutelar de Jandaia à ex-mulher

Nas gravações, o homem afirma está “pronto para matar, morrer” e diz que se for preso, não ficará na cadeia para sempre. “Não vou negar nada do que fiz. Mas se você continuar naquele emprego, eu vou te encontrar”, reforça na gravação. Ouça trecho dos áudios na sequência. A íntegra não será divulgada para preservar a vítima:

Na gravação, homem faz pouco caso das investigações

Nos áudios, o homem zomba da vítima e diz que dá à ela o direito de escolha de tentar “convencer a polícia” sobre a violência que vem sofrendo. “Se você achar que convence aí na delegacia e mandar me prender, você manda me prender. Eu não vou ficar lá pra sempre. Não vou correr, nem negar. Eu vou resolver com você, nem que vou parar num caixão (sic)”, ameaça ele.

Ainda que tenha feito uma foto da filha armada, durante todas as mensagens de voz, o ex-conselheiro tutelar também ordena que a mulher não o afaste das crianças.

Na época do fato, ele afirmou que a imagem foi feita com arma de brinquedo. “Eu acho que se fosse inadequado não tinha venda”, ele avaliou ao G1.

Desde que tudo aconteceu, a vítima relata a insegurança que vive constantemente. “A única coisa que eu queria era paz para mim e para minhas filhas, porque nós não estamos tendo”, afirmou.

Entenda o caso

A denúncia

A mulher denunciou que o ex-marido a ameaça de morte constantemente. Segundo ela, os episódios de violência psicológica ocorriam desde que o casal estava junto. Porém, se agravaram depois que ela começou a trabalhar em uma empresa da cidade. Cansada da situação, ela decidiu se separar. Com isso, o homem passou a ser cada vez mais agressivo e incisivo na forma de intimidá-la.

A vítima explica que teve duas filhas com o homem, as quais têm idades entre 1 e 4 anos. Após ela dizer que queria se separar, o homem, que é conselheiro tutelar, enviou a ela uma foto da filha mais velha segurando uma arma. O intuito dele, com a imagem era dizer que se ela se separasse acabaria morta ou causaria a morte de alguém querido.

Medida protetiva

O efeito foi contrário. A mulher decidiu acelerar o divórcio, pois a imagem da própria filha armada a abalou profundamente. Logo depois da separação, a mulher explica que conseguiu uma medida protetiva contra o ex-marido. A justiça concedeu a medida de proteção à mulher com base “na série de ameaças, agressões físicas e verbais” que ela vinha sofrendo.

No documento assinado pelo juiz Aluízio Martins Pereira de Souza, o conselheiro ficou proibido de se aproximar da ex e dos familiares dela. Ele não pode ir à casa ou local de trabalho dela, manter contato e devia ficar 60 dias sem visitar as filhas, entre outras restrições.

Apesar da ordem judicial o homem entrou em contato com a mulher por aplicativo de mensagens para fazer nova ameaça de morte. “Não tenta dificultar o meu acesso com minhas filhas não, porque assim já não damos certo mais. E se você sonhar em atrasar o meu lado com minha filha eu vou ter que matar você. Tô avisando (sic)”.

Áudios de ameaça

Ainda à despeito da medida protetiva, o homem voltou a perseguir a ex-esposa. Em áudios enviados à mulher, o homem exige que ela abandone o emprego dela e faz ameaças de morte a ela e toda família. Na gravação, ele afirma que o local de trabalho da mulher tem lhe provocado sofrimento, por ciúmes, e que não admite que ela permaneça no local.

Perseguição

Depois dos áudios, no dia 12 de novembro deste ano, a mulher conta que ele foi até o trabalho dela, na tentativa de reatar o relacionamento. “Ele chegou e sentou ao meu lado, começou a falar que queria voltar, que queria criar as meninas juntas. Eu falei que não queria e ele saiu. Não passou nem dez minutos e ele chegou lá atirando”, disse a diarista.

Após ouvir os tiros, a mulher conta que se trancou no banheiro e chamou a Polícia Militar para ser levada para casa, com medo. Ela registrou o caso na Polícia Civil.

O que as autoridades têm feito?

No dia 16 de novembro a Justiça afastou o homem do cargo de conselheiro tutelar. Além disso, determinou que a polícia o prendesse de forma preventiva. Segundo o documento, o suspeito deve ser detido porque descumpriu a medida protetiva que, tem tese, o impedia de se aproximar da ex-mulher, entre outras restrições.

O magistrado também avaliou que o conselheiro não deveria continuar no cargo que exerce. “É absolutamente incompatível o exercício da função pelo agressor com os atos em tese praticados, especialmente o expor a filha do casal a risco de vida ao entregar-lhe arma de fogo, bem como a utilização do veículo do Conselho Tutelar para descumprir as medidas protetivas já fixadas”, alegou.

Segundo a Polícia Civil, o conselheiro é considerado foragido e está sendo procurado pela corporação desde o dia 17 de novembro. À reportagem, os investigadores não detalharam se pretendem reforçar as buscas, para acelerar o processo de prisão dele. Enquanto isso, a vítima se diz amendrontada com a situação.