Autor de oito livros, morador de Goiânia de 11 anos mira vestibular de medicina
Isaque Gabriel Crispim de Oliveira cursa o quinto ano e participa de um curso de extensão para pessoas com superdotação na PUC Minas
O estudante de Goiânia Isaque Gabriel Crispim de Oliveira, de 11 anos, já planeja prestar o vestibular para Medicina antes mesmo de concluir o ensino médio. O jovem com identificação de altas habilidades/superdotação, conhecido por ser autor de oito livros publicados (o primeiro sobre o acidente com o Césio-137, antes dos 3 anos), conseguiu um bom desempenho em simulado recente. Pai do menino, Harley Silva Oliveira explica que a estratégia da família é que o filho realize a prova, em 2026, e, caso seja aprovado, eles impetrarão uma ação na Justiça para garantir o direito à matrícula na universidade.
“A ideia era fazer este ano, mas decidimos que ele teria mais tempo para se preparar”, disse ao Mais Goiás. Em 2026, Isaque já deve começar um cursinho pré-vestibular para se preparar para as provas. Hoje, o garoto cursa o quinto ano do ensino fundamental, mas devido ao plano individualizado (PDI), recebe conteúdos mais avançados.
Vale destacar que, devido às suas habilidades, ele foi convidado, em 2021, para participar de um curso de extensão online na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC Minas). De sua casa, ele assiste às aulas de matemática, biologia e outras disciplinas ao nível aprofundado. Seus maiores interesses, contudo, são política, geografia e literatura.
Rotina de Isaque
Isaque socializa bem com as pessoas de sua idade. Brinca, joga tênis e também gosta de xadrez. Contudo, o pai afirma que ele prefere participar da conversa dos adultos, falar sobre política e economia. “Gosta de opinar sobre o preço dos combustíveis”, diz Harley com bom humor. “É uma pessoa de 20 anos em um corpo de 11 anos.”
Harley conta que a família descobriu a identificação de superdotação do filho aos 3 anos, após ele escrever o primeiro livro. Já existia a desconfiança, uma vez que, aos 8 meses, o garoto já conversava perfeitamente. “Ele é bom em quase tudo, menos em artes. Inclusive, partiu dele a ideia de fazer medicina”, explica.
“Não imaginávamos. Inclusive, precisamos estudar, pois achávamos que era uma criança normal. Mas os professores percebiam.” Questionado sobre o Head, da PUC Minas, destinado a pessoas com altas habilidades, o pai afirma que descobriram o Isaque após ele sair em uma reportagem nacional. Além disso, a pessoa que fez a identificação do garoto conhecia esse curso e contou para eles sobre Isaque.
Head
Ainda sobre o curso de extensão, ele é parte do projeto “Enriquecimento da Aprendizagem para Desenvolvimento de Habilidades (Head)”. Coordenado pela professora Karina Fideles Filgueiras, o projeto promove oficinas de contação de histórias, yoga e fonoaudiologia, entre outras dinâmicas, para desenvolver o potencial de crianças com perfil de superdotação. Segundo ela, o Head atende crianças de 7 a 12 anos presencialmente, no campus da PUC Minas Coração Eucarístico, em Belo Horizonte (MG).
Contudo, houve a ampliação para a modalidade online durante a pandemia da Covid-19. Desta forma, foi possível para Isaque participar do Programa de Enriquecimento e Desenvolvimento de Habilidades para Crianças e Adolescentes (Promhec), do qual Karina é fundadora. “Coordeno e criei a metodologia que utilizamos atualmente.”
Segundo ela, o foco é o desenvolvimento cognitivo, emocional e social, especialmente daqueles com características de altas habilidades/superdotação. “Nosso objetivo é oferecer um ambiente acolhedor, sensível e estimulante, que compreenda as necessidades dessas crianças e promova o florescimento de suas potencialidades. Isaque participa dos encontros semanalmente, das 19h às 20h, com oficinas temáticas e tutorias conduzidas por profissionais com experiência em altas habilidades e neurodiversidade. Para Karina, “o formato favorece a criatividade, o pensamento crítico, a comunicação e o senso de pertencimento entre os participantes”.
“Também realizamos reuniões mensais com os pais, criando um espaço de partilha e diálogo sobre temas relacionados às altas habilidades, além de encontros presenciais de socialização ao final de cada semestre.” Ela explica que, na modalidade presencial, os grupos se reúnem quinzenalmente, aos sábados, na região da Savassi, em Belo Horizonte, com até sete crianças. Os pilares fundamentais do programa são:
- Compreensão e sensibilidade;
- Enriquecimento em diferentes áreas do conhecimento;
- Apoio e ambiente acolhedor;
- Envolvimento das famílias;
- Profissionais qualificados;
- Desenvolvimento socioemocional.