Isolamento Social

Bares pressionam por flexibilização em Aparecida; especialistas alertam para 3º onda

Lentidão na vacinação pode elevar número de mortes e internações, em caso da transmissão de novas cepas do vírus

Bar em Aparecida de Goiânia (Foto: Divulgação/SecomAparecida)
Bar em Aparecida de Goiânia (Foto: Divulgação/SecomAparecida)

Na sessão da Câmara Municipal de Aparecida da última terça-feira (18), representantes dos setores de bares e restaurantes cobraram ampliação da flexibilização para o segmento no município. Iniciativa ocorre diante do alerta de especialistas sobre a possibilidade de o país ser atingido por uma terceira onda de contágio. Infectologista afirma que flexibilizações requerem cautela, já que apenas 11,7% da população aparecidense foi vacinada contra Covid-19.

Para Raimundo Nonato, infectologista e membro do comitê de prevenção e combate a Covid-19 da Universidade Estadual de Goiás, é natural que haja uma pressão de segmentos para maior flexibilização após mais de um ano de restrições. No entanto, a flexibilização não pode ser feita de forma imprudente, sem vacinação em massa. Além disso, o especialista afirma que a possibilidade de uma terceira onda é real.

“Se a vacinação estivesse maior, como nos Estados Unidos, que já tem imunidade de rebanho com mais de 40% da população vacinada, poderíamos liberar muito mais. Mas estamos muito longe de alcançar essa meta”, declara o médico. Raimundo ainda diz que o número de óbitos, e ocupação de UTIs só será freado em uma possível terceira onda da infecção se a vacinação for ampliada.

Flexibilização

Na última segunda-feira (17), após pressões por parte do segmento de bares e restaurantes, foi publicada Portaria no Diário Oficial Eletrônico de Aparecida que ampliou o horário de funcionamento de atividades do segmento  para até 1h da madrugada e liberou realização de eventos públicos e privados com lotação máxima de 100 pessoas. No dia seguinte, representantes do segmento seguem pressionando por mais flexibilizações na Câmara Municipal de Aparecida.  Entre as novas reivindicações, a categoria quer autorização de música ao vivo nos estabelecimentos

Imunização lenta

O médico diz que diante da lentidão da vacinação da população, reduzir a circulação do vírus com distanciamento social, higienização das mãos e uso de máscara são as únicas formas de proteção e prevenção da doença. “Quem toma a vacina tem uma boa chance de evitar formas graves da doença mesmo no caso de uma terceira onda da infecção, pois a imunização também confere proteção contra novas cepas do vírus”, explica o infectologista.

De acordo com Raimundo, o objetivo principal da vacinação em massa é evitar a gravidade da doença que diminui internações, ocupação de leitos e mortes pela doença. “Se forem imprudentes, muitas atividades e aglomerações vão refletir em um novo aumento de mortes e alta ocupação de leitos, em caso de uma terceira onda de Covid-19”, pontua.

Ranking de vacinação

Aparecida está em último lugar no ranking de vacinação entre as quatro maiores cidades do estado de Goiás. Aparecida está em último lugar no ranking de vacinação entre as quatro maiores cidades de Goiás em número de habitantes. O município é a segunda maior cidade em população de Goiás e fica atrás apenas da capital, em número de habitantes. Goiânia conta com 22,4% da população vacinada com a primeira dose da vacina contra Covid-19.

Estudos da Universidade de Washington apontam que se ritmo de imunização não melhorar, possível terceira onda da Covid-19 pode resultar em mais de 750 mil mortes no Brasil até o fim de agosto. Em Aparecida, o secretário municipal de saúde, Alessandro Magalhães, admite a possibilidade, no entanto, a cidade passa por uma série de flexibilizações no combate à Covid. O Mais Goiás tentou contato com o titular da pasta para questionar sobre as recentes ações da prefeitura para conter o vírus, mas não conseguiu contato até o fechamento da matéria.