Maus-tratos

Cães e gatos viviam bem até a prisão de João de Deus, diz veterinário em depoimento

O veterinário suspeito de manter cães e gatos em condições precárias em um abrigo de…

O veterinário suspeito de manter cães e gatos em situação de maus-tratos alegou que os animais viviam bem até a prisão de João de Deus. (Foto: Semad)
O veterinário suspeito de manter cães e gatos em situação de maus-tratos alegou que os animais viviam bem até a prisão de João de Deus. (Foto: Semad)

O veterinário suspeito de manter cães e gatos em condições precárias em um abrigo de Abadiânia prestou depoimento à Polícia Civil (PC), nesta segunda-feira (27). Durante o interrogatório, ele alegou que os animais viviam bem até a prisão do médium João de Deus. Doações do líder espiritual e de turistas estrangeiros que frequentavam a cidade mantinham o local.

De acordo com o responsável pelas apurações, delegado Luziano de Carvalho, o veterinário informou que desde que o médium foi preso, a situação do abrigo piorou. “Ele disse que teve de mudar a qualidade da ração e, com isso, os animais ficaram mais magros. Ele relatou que o local não teve uma atenção mais adequada por falta de recurso já que o canil era mantido por meio de doações”, disse.

O homem deve ser indiciado por maus-tratos. “Até o momento apuramos que houve, sim, a prática de maus-tratos. Os animais foram encontrados em condições de desnutrição e doenças como sarnas”, ressaltou.

Luziano informou ainda que o dono da fazenda na qual o abrigo era mantido não deverá mais responder criminalmente. “Inicialmente ele seria indiciado, mas o ouvimos nesta terça-feira (28) e ele alegou que era impedido de ir no local, pois o ambiente era fechado”. Segundo o delegado, o proprietário também disse que já havia feito denúncia na Comarca de Abadiânia anteriormente. “Vamos verificar se houve mesmo essa denúncia e investigar a contribuição dele ou não”.

Novo lar

Os 45 cães e 24 gatos encontrados em condições precárias de higiene e com a saúde comprometida foram encaminhados para clínicas e abrigos. Conforme relata o gerente de Autorizações e Acompanhamento para Fauna, da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Brunno Alves de Oliveira Brito, o trabalho com os animais será feito de acordo com a saúde de cada um.

“Todos foram apreendidos. Aqueles com situação menos debilitada vão para acolhimento mediante termo de fiel depositário e, os com a saúde mais frágil serão encaminhados diretamente para clínicas veterinárias parceiras para cuidados especiais”, afirma.

Após o trabalho de acolhimento e recuperação, será feita uma triagem para encaminhar os 69 animais para adoção. O trabalho deve envolver uma rede de solidariedade montada em torno da atuação de estruturas do governo, organizações não-governamentais, ativistas ambientais e a sociedade em geral.

A equipe veterinária da Semad iniciou, no local, os laudos para embasar o auto de infração. O responsável pelo abrigo deve ser enquadrado no artigo 32 da Lei de Crimes Ambientais (praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos) e no artigo 29 do decreto regulamentador da legislação. A multa calculada pela pasta é de R$ 207 mil, com possibilidade de agravante caso a saúde dos animais piore.

Em novembro de 2019, o governador Ronaldo Caiado (DEM) sancionou a lei estadual contra maus-tratos de animais. O texto prevê o recolhimento para adoção, venda ou liberação em seu habitat, o pagamento de multa, além de proibição para que os infratores tenham animais sob sua guarda pelo período de até cinco anos.