Capoeira ensina disciplina e muda a vida de crianças em ocupação de Aparecida
Projeto "Geração de Valor" funciona sem patrocínios fixos, mas depende de parcerias com espaços locais e doações esporádicas de roupas, alimentos e cestas básicas da comunidade e de igrejas
Um projeto em Aparecida de Goiânia usa a capoeira para ensinar disciplina e transformar a vida de 55 crianças em uma ocupação no setor Vale do Sol. Idealizado pelo professor da arte marcial, Cleilson da Silva do Carmo Kammer, a iniciativa surgiu há dois anos, quando ele foi até o local para distribuir doações de chocolate e se deparou com os pequenos em situação de vulnerabilidade. Diante daquele cenário, ele decidiu iniciar as aulas, improvisadas no fundo de um lote de terra batida cedido por uma moradora.
O projeto “Geração de Valor” funciona sem patrocínios fixos, mas graças à solidariedade. Ele depende de parcerias com espaços locais e doações esporádicas de roupas, alimentos e cestas básicas da comunidade e de igrejas. Segundo Cleilson, além da prática esportiva, o trabalho foca na construção de caráter sob o lema de que “capoeira é educação, respeito e disciplina”.
Ainda conforme o professor, o projeto, que está inserido em um contexto social sensível, atua de forma preventiva na proteção das famílias. Ele inclui, ainda, palestras com o Batalhão Maria da Penha para conscientizar sobre violência doméstica e, para o próximo ano, workshops de primeiros socorros. Cleilson explica que a proposta também garante a integração cultural e social, pois acolhe e disciplina, inclusive, crianças de famílias venezuelanas que residem na comunidade.
Mãe dos alunos Henry Gabriel, 6 anos, e Samuel, 9 anos, Luana de Araújo Sampaio diz ser visível a evolução dos filhos. “O meu maior era muito tímido e melhorou. As notas melhoraram ainda mais. O pequeno sempre foi esperto e só melhorou ainda mais”, diz satisfeita.
O sentimento é o mesmo da venezuelana Nália Kairuzma Arias de Rodríguez. Ela também tem dois filhos, Yosberth David Méndez Arias, 14 anos, e Yoskerlyn Esmeralda Méndez Arias, 12. “Eles estão muito comprometidos. Além disso, melhoraram na escola, tanto o comportamento quanto as notas. Com certeza vão continuar na capoeira.” Ela também elogiou Cleilson por ser muito atento e dedicado.
O professor confirma as mudanças. Ele nota que crianças antes indisciplinadas agora respeitam os pais e os mais velhos. Também para o próximo ano, ele planeja pedir a apresentação do boletim escolar para acompanhar ainda mais de perto o desenvolvimento educacional de seus alunos.
As aulas acontecem todas as segundas-feiras, às 19h. “São aproximadamente 80% das crianças da comunidade que fazem capoeira. Existem outras crianças que não participam, vão algumas vezes e ficam sem ir. Acredito que mais se juntarão a nós no próximo ano, pois ainda não fiz a divulgação do trabalho na parte superior do setor.” Na próxima segunda-feira (15) é o último dia de aula, devido ao recesso de fim de ano. Em 12 de janeiro, contudo, ocorre o retorno. Alguns pais também participam, revela Cleilson.

