MANIFESTAÇÃO

Cerca de 70% dos entregadores do Ifood devem aderir à paralisação em Goiânia

Aproximadamente 70% dos entregadores que prestam serviço à empresa Ifood devem aderir à paralisação da…

Aproximadamente 70% dos entregadores que prestam serviço à empresa Ifood devem aderir à paralisação da categoria em Goiânia. (Foto: Jucimar de Sousa/Mais Goiás)
Aproximadamente 70% dos entregadores que prestam serviço à empresa Ifood devem aderir à paralisação da categoria em Goiânia. (Foto: Jucimar de Sousa/Mais Goiás)

Aproximadamente 70% dos entregadores que prestam serviço à empresa Ifood devem aderir à paralisação da categoria em Goiânia. Segundo organizadores do movimento, os trabalhadores vão ficar com os serviços suspensos por tempo indeterminado. Na manhã desta sexta-feira (11), os entregadores realizam manifestação em forma de motociata na capital.

Ao Mais Goiás, Miguel Veloso, um dos representantes do ato, explicou que cerca de 2,8 mil entregadores prestam serviço junto ao Ifood. Destes, aproximadamente 300 devem participar da motociata. Ele ressalta, porém, que a adesão à paralisação por tempo indeterminado será maior.

(Foto: Jucimar de Sousa/Mais Goiás)

“Muitos não puderam estar aqui [na manifestação] hoje, mas vão desligar o aplicativo. A gente espera uma posição da empresa com esse movimento. Por enquanto não tivemos nenhuma resposta. Nosso objetivo não é prejudicar ninguém, queremos apenas melhores condições de trabalho e direitos iguais”, disse.

À reportagem, a categoria afirmou que reivindica melhores taxas, fim da priorização de entregadores fixos, revisão de contas bloqueadas de forma indevida, além de pontos de distribuição de máscara facial e ambientes para carregar os aparelhos celulares e usar banheiros.

Empresas terceirizadas priorizam entregadores fixos e prejudicam entregadores “nuvem”

De acordo com os organizadores da paralisação, os entregadores são divididos em dois grupos: entregadores fixos na plataforma (Operadores Logísticos) que possuem horário estabelecido pelo Ifood para iniciar e finalizar o trabalho  e os entregadores denominados “nuvem”, que trabalham de acordo com horário estabelecido por eles mesmos.

“Os entregadores fixos tem uma espécie de ‘contrato’ com empresas terceirizadas que fornecem entregadores, as chamadas Operadoras Logísticas (OL). Com a saída da Uber, outras duas operadoras entraram para o Ifood e cada uma opera com cerca de 150 a 200 entregadores. Isso prejudicou os ‘nuvem’ porque o aplicativo só manda corrida para os entregares fixos e deixam os outros sem entrega, os ganhos caíram em torno de 50% para os nuvem, sendo que todos nós cumprimos o mesmo papel”, diz um representante dos entregadores.

(Foto: Jucimar de Sousa/Mais Goiás)

Os Operadores Logísticos atuam em regiões de alta demanda de entregas, essas regiões são chamadas Sub Praças e são exclusivas para entregadores fixos, ou seja, eles são priorizados para atender aos pedidos. “Em último caso, quando o aplicativo percebe que o pedido está muito atrasado, é que ele aciona os nuvem que está logado há bastante tempo. Nós não queremos essa divisão, todo mundo é entregar, tem família para sustentar e despesas para pagar e o aplicativo vem sacaneando esse grupo com isso. O que queremos é trabalhar, queremos que a mesma quantidade de pedidos que toca para os fixos, toque para nós”, explica o entregador.

De acordo com Marcione Luiz Araújo Silva, conhecido como “Ferrugem” e um dos organizadores, a capital tem mais de 2 mil entregadores. Destes, 75% são nuvem. “Desde dezembro deram prioridade para os Operadores Logísticos nas seguintes áreas: Marista, Bueno, Oeste, Jardim Goiás, Centro, Jardim América e Parque Amazonas. A pauta, então, é derrubar essa prioridade.”

Fraudes de clientes fazem com que entregadores sejam bloqueados no Ifood de forma indevida

De acordo com a categoria, destinar pedidos em atraso aos entregadores gera outro problema: reclamações de clientes que podem causar o bloqueio de contas dos entregadores sem que eles sejam ouvidos ou tenham possibilidade de se pronunciar sobre qualquer denúncia contra eles.

Após receber e consumir o pedido, o solicitante realiza uma denúncia para o aplicativo com a alegação de que o pedido não foi entregue. O app estorna o valor para o cliente e bloqueia o entregador.

(Foto: Jucimar de Sousa/Mais Goiás)

Taxa pagas aos entregadores não cobrem gastos, diz categoria

Outra reivindicação dos entregadores são as taxas pagas pela plataforma que atualmente é de R$5,35 por entrega. A categoria afirma que o valor não cobre os gastos com gasolina, revisões e conceitos de suas motocicletas. Além disso, as entregas por aplicativo é a única fonte de rende de muitos entregadores e com a atual taxa, fica cada vez mais difícil levar o sustento para a família.

“A gente que trabalha com aplicativo só quer ser valorizado e ter taxas justas”, conclui o representante dos entregadores do Ifood em Goiânia.

Em nota, o Ifood disse que respeita o direito constitucional de manifestação. “A empresa esclarece que mantém o diálogo aberto com os entregadores para buscar melhorias para os profissionais e para todo o ecossistema”, diz trecho.
Nota completa:

“Sobre as desativações de conta e reajustes, o IFood esclarece que está em andamento a avaliação com prazo até março de 2022 para:

– dar mais transparência sobre desativações de conta;

– revisões das contestações sobre desativações mais humanizadas, exceto em situações de fraude financeira;

– uso de conta por terceiros e fraude de cadastro, que configuram desativação permanente de acordo com os termos e condições;

– e avaliar a possibilidade de reajuste anual das tarifas e ganhos..

Vale destacar que algumas medidas já adotadas também partiram dessa construção de diálogo com a categoria. Por exemplo, os reajustes da taxa mínima e quilômetro percorrido em 2021, a criação de código de validação da entrega, seguros contra acidentes pessoais, lesões temporária, invalidez e morte no valor de até R$100 mil para os entregadores durante o período em que estiverem logados na plataforma e também no “retorno para casa”. Além disso, a criação de um fundo de combustível de R$ 8 milhões para minimizar o impacto do custo do combustível no dia a dia desses profissionais.”