Choro e perguntas sem resposta: como o neto do homem morto em farmácia de Goiânia lida com a perda
João do Rosário, morto em uma farmácia de Goiânia em 2022, era figura paterna mais presente na vida do neto Arthur
A morte do policial aposentado João do Rosário Leão, que foi assassinado a tiros pelo ex-genro dentro da farmácia da qual ele era dono, em Goiânia, deixou uma lacuna na vida do neto Arthur. João cumpria diligentemente a promessa feita a Kennia Yanka, mãe da criança, de suprir a ausência de uma figura paterna na vida do garoto, que hoje está com sete anos. Perder o avô deixou-o triste.
“Esses dias, depois que foi marcado o júri eu o vi chorando no carro e perguntei o que tinha acontecido. Ele disse que está com saudade do avô, que o avô tinha virado estrelinha”, conta Kennia ao Mais Goiás. “Está sendo bem difícil, porque a pessoa que estava mais presente me ajudando com o Arthur era o meu pai. Por muitos meses ele me perguntou o que tinha acontecido com o avô dele, quem tinha matado ele”.
Kennia Yanka e as outras três irmãs, que se chamam Kennia também, além da mãe, parentes e amigos estavam reunidos nesta quarta-feira (15) no Fórum de Goiânia na expectativa de que começasse o julgamento do homem que matou João do Rosário. O réu é Felipe Gabriel Jardim, que havia namorado com Kennia Yanka e que demonstrava, diante da família dela, um comportamento agressivo.
O cancelamento do júri aconteceu porque uma das juradas passou mal durante debates entre advogados de acusação e a defesa. De forma mais específica, a jurada sentiu uma indisposição quando um dos advogados de Felipe perguntou de Kennia usava drogas e se havia conhecido o réu em um motel, entre outras questões não relacionadas ao crime.
Em razão do que aconteceu, a Justiça terá que agendar um sorteio que definirá um novo corpo de jurados para definir o futuro de Felipe Gabriel, o que prolongará a espera da família de João do Rosário por Justiça.
“É uma tortura. Estamos esperando há três anos e quatro meses por esse júri, preparando-nos psicologicamente e tendo de reviver tudo novamente”, afirma Kennia Yanka ao Mais Goiás. “A gente vem tentando buscar forças, porque ele sempre foi nosso alicerce, nossa força. Mantemos viva nossa esperança para que a Justiça seja feita e que o que aconteceu não passe impune”.
O crime
João do Rosário, policial aposentado de 63 anos, foi assassinado na farmácia que pertencia a ele. O réu, Felipe, havia namorado com Kennia Yanka. Em 2022, umas das filhas de João contou à imprensa que, no fim de semana anterior à tragédia, o suspeito ameaçou matar todos eles depois de uma discussão.
Logo depois de cometer o crime, Felipe telefonou para Kennia para avisá-la do que havia feito. “Ele ligou para dizer que matou meu pai e ia atrás de mim”, contou ela na época. A vítima chegou a ser levada para o Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), mas teve o óbito confirmado por volta das 13h.