GOIÂNIA

Crianças escrevem cartas para confortar vizinhos e parentes na pandemia

Privilegiados moradores do conjunto Residencial Aruanã 1, em Goiânia, recebem, desde o dia 24 de…

Laura Matos, Luíza e Maria Cecília: mais de 50 cartinhas e muito amor distribuído na pandemia (Foto: Arquivo pessoal)
Laura Matos, Luíza e Maria Cecília: mais de 50 cartinhas e muito amor distribuído na pandemia (Foto: Arquivo pessoal)

Privilegiados moradores do conjunto Residencial Aruanã 1, em Goiânia, recebem, desde o dia 24 de junho, cartinhas preparadas pelas irmãs Luiza Matos, de cinco anos; Laura, de quatro anos; e Maria Cecília, de dois. São cartas com mensagens de carinho – tão valiosas em tempos difíceis como este. A mãe, a advogada Lorrany Matos, afirma que mais de 50 envelopes já foram entregues e que a iniciativa partiu das próprias crianças.

A história começou com uma vizinha, portadora de síndrome de Down, que foi à porta da casa delas para conversar com Lorrany e contou, no dia 24, que estava fazendo aniversário. Uma das meninas ouviu e sugeriu que fizessem uma carta, acompanhada de uma caixa de bombons, para que a moça não se sentisse desamparada no próprio aniversário. 

As três decidiram que seria bom enviar mensagens para o resto da vizinhança confinada e aos parentes – entre eles a tia Márcia, que contraiu o coronavírus.  

Luíza, a mais velha, ainda não foi alfabetizada. Tampouco Laura, um ano mais nova. Mas já conseguem escrever textos simples. O Mais Goiás conversou com as três irmãs. Luíza disse que gosta de desejar “boa noite” aos vizinhos e familiares nas cartinhas. Tem planos de enviar cartas a Helena, Michelle e Alice, que estudam com ela. 

Laura – que a mãe diz ser uma garota sensível” – gosta de escrever “eu te amo”. A reportagem perguntou o motivo, e ela respondeu: “é porque eu amo todo mundo”. 

Maria Cecília, dona de rabiscos amáveis, revelou a sua preferência por desenhar unicórnios. E disse à reportagem que os últimos meses têm sido bons, porque tem brincado muito com a mãe. 

Depois de “entrevistá-las”, o repórter recebeu os seguintes áudios de Laura:

Lorrany as auxilia na missão de confortar a vizinhança em dias de isolamento social. É ela que leva as meninas à casa dos vizinhos e as ensina como colocar a cartinha na caixa de correio. Também é Lorrany quem teve que sair em busca de lápis coloridos, gizes de cera, papel e tudo mais que meninas precisam para fazer o carinho transbordar. 

“As semanas que antecederam o dia 24 foram um pouco difíceis aqui em casa. As meninas estavam um pouco incomodadas por não poder sair de casa. Mas agora elas encontraram um sentido para o dia delas. Acordam cedo para produzir mais e mais cartinhas”, conta a mãe. 

  

Gentileza gera gentileza

Luíza, Laura e Maria Cecília são a prova de que é correto o adágio que diz que “gentileza gera gentileza”. O conforto que o trio distribuiu no Residencial Aruanã 1 voltou para elas também na forma de cartinhas. 

No último sábado, a garota Ana Maria agradeceu a mensagem “fofa e adorável” com outra que merece os mesmos predicativos. “Essa situação vai passar rapidinho. Por isso, tomem cuidado, protejam-se para poder brincar com os seus amiguinhos daqui uns tempos, quando tudo melhorar, recomenda a vizinha.

Em outra carta que Luíza, Laura e Maria Cecília receberam, os remetentes identificaram-se não só pelos nomes (Wagner, Ana Laura, Hellen e os cães Luma e Babi), mas também pelo desenho de cada um. “Nós recebemos e amamos suas cartinhas! Vocês deixaram nossa quarentena melhor”, diz a mensagem.