De cidade-dormitório a terra de oportunidades
Aparecida de Goiânia completa 53 anos de emancipação em meio a uma onda de crescimento econômico, populacional e de geração de empregos
Quem mora ou transita por Aparecida de Goiânia mal consegue imaginar que até poucas décadas atrás o município era considerado um mero anexo de Goiânia. Emancipada em 13 de novembro de 1963, Aparecida era, até então, considerada uma cidade-dormitório – ou seja, apenas o local de descanso para aqueles que trabalhavam, se divertiam e resolviam seus problemas na capital. 53 anos depois, porém, a cidade já figura como a terceira maior economia e a segunda maior população do Estado, sem sinais de desaceleração.
Os primeiros passos para a criação de Aparecida foram dados em 11 de maio de 1922, quando devotos de Nossa Senhora Aparecida doaram um alqueire de terra para a construção de uma igreja para a santa. 36 anos depois, em 1958, tornou-se o Distrito de Goialândia, permanecendo assim até 14 de novembro de 1963, quando a Assembleia Legislativa de Goiás sanciona a Lei nº 4.927, criando o município de Aparecida de Goiânia.
O desenvolvimento da cidade foi rápido. Aproveitando-se dos enormes vazios urbanos da região, homens de negócio começaram a instalar ali suas empresas e indústrias. Em seguida veio a construção civil, um setor no qual Aparecida tem demonstrado bastante potencial.
“Antigamente tinha aquela velha história dizendo que Aparecida era cidade-dormitório de Goiânia. Hoje em dia vários empresários vêm de outras cidades para trabalhar aqui”, ressalta Osvaldo Zilli, presidente da Associação Comercial e Industrial de Aparecida de Goiânia (Aciag). Segundo ele, o município conta hoje com cerca de 30 mil CNPJs ativos, que empregam formalmente aproximadamente 110 mil pessoas.
O Produto Interno Bruto (PIB), terceiro maior do Estado, é de R$ 10,5 bilhões, correspondente às estimativas para 2015 – um número impressionante, visto que em 2009 o valor era de R$ 3,8 bilhões. “É a terceira economia do Estado, atrás de Goiânia e Anápolis. Há seis, sete anos a gente era a sexta”, conta o presidente.
Osvaldo explica que o poder público, assim como a própria entidade que representa, têm se empenhado pela desburocratização e pela concessão de apoio logístico aos novos negócios que se instalam região. Ele também frisa que grande parte das empresas chega ao município atraída, inclusive, por sua localização geográfica. “Aparecida fica bem no meio do País e às margens da BR-153, que corta o Brasil de Norte a Sul”, destaca.
O coordenador técnico da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Welington Vieira, adiciona outros fatores à equação. “Aparecida cresceu por uma série de questões, como o surgimento dos distritos industriais; a localização, próximo a Goiânia, onde havia terreno para a instalação de novas empresas; e a infraestrutura que foi adquirindo ao longo do tempo”, enumera.
Estatísticas apresentadas pela Fieg mostram que a região de Aparecida é uma das que mais têm crescido economicamente desde o início do século. “Dados oficiais do governo mostram que no ano 2000 havia 1.952 empresas, gerando 40 mil empregos formais. Em 2015 já eram 7.791 empresas gerando 110 mil empregos formais”, relata Welington. “Aparecida criou empregos, deixou de ser cidade-dormitório. Isso é importante inclusive para Goiânia. Tira a pressão sobre a capital”, avalia.
Alguns fatores continuam a atravancar o desenvolvimento de Aparecida, que poderia crescer a passos ainda mais largos, como problemas na rede de energia da Celg, a falta de mão de obra qualificada e a defasagem no transporte coletivo. Apesar disso, as expectativas para a cidade são grandes, com perspectivas de atrair ainda mais empresas e gerar mais empregos com a instalação de um novo polo industrial no fim deste ano, a inauguração de um grande shopping center em abril de 2017 e a continuidade das políticas públicas que fomentem o desenvolvimento. A previsão da Aciag é que o PIB da cidade cresça de 8% a 10 % neste ano e dobre num prazo de dez anos.
Novas oportunidades
Claro que o desenvolvimento econômico não está dissociado do crescimento populacional. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos últimos seis anos a população da cidade aumentou em 76 mil pessoas, um crescimento de 16,78%. Só no último ano, o crescimento foi de 2%, quase o dobro da média do Estado, que ficou em 1,28%. Hoje quase 600 mil pessoas que vivem na cidade.
Muitos dos novos moradores chegam ao município atraídos pelas oportunidades crescentes. De acordo com números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), Aparecida de Goiânia foi a cidade goiana que mais gerou emprego no ano de 2014: foram criadas 3.009 vagas durante todo o ano passado – acima do registrado pela capital, onde foram criados 1.590 novas oportunidades de trabalho. Não à toa, o município ganhou aproximadamente 10 mil residentes em apenas um ano.
Esses números, somados às obras que propiciaram a melhoria da infraestrutura urbana de Aparecida, fizeram com o que o município chamasse a atenção também do setor imobiliário. “Aparecida ainda tem uma boa quantidade de áreas a preços mais baixos do que em Goiânia, e isso tem atraído muitos empreendimentos, sejam residenciais ou comerciais”, afirma José Humberto de Carvalho, diretor da URBS RT Lançamentos Imobiliários, uma das maiores empresas do setor no Estado.
Conforme o empresário, o perfil dos imigrantes que são atraídos para Aparecida de Goiânia é de pessoas que querem ficar na cidade, pois encontram trabalho e uma infraestrutura urbana muito boa. “Com isso Aparecida de Goiânia deixa o título de cidade-dormitório, pois o emprego e a renda estão na cidade, o que gera também uma enorme demanda habitacional”, frisa.
Um reflexo disso é o preço do m² da cidade, que em dois anos (entre 2013 e 2015), valorizou 23,5%, superando pela primeira vez na história o m² da capital que, tradicionalmente é maior. Neste período, Goiânia ficou com valorização de 22,5%. Os dados são do Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-GO). O valor médio do m² em Aparecida de Goiânia era de R$ 1.826,68, em janeiro de 2010, e saltou para R$ 3.076,18, em janeiro deste ano, segundo levantamento. Uma valorização de mais de 40% no período.
“O município registrou não só um crescimento econômico grande, mas isso felizmente também veio acompanhado de uma melhora muito grande nos equipamentos e serviços urbanos, como escolas, pavimentação de ruas, expansão das redes pública e privada de saúde, mais áreas de lazer”, pontua José Humberto. “Tudo isso, consequentemente, atrai grande empreendimentos comerciais como shoppings, bancos, supermercados, que por sua vez geram mais renda e oportunidade de emprego para a cidade”, destaca José Humberto.