'INFLUENCIARAM MINHA TRANSFERÊNCIA'

Delegado se diz surpreso com pedido de arquivamento do MP no caso de médica acusada por exercício ilegal da profissão

"Decisão que inocentou ela não tem nenhuma relação com o meu flagrante, que foi homologado pelo Poder Judiciário. Iclusive o juiz arbitrou R$ 250 mil de finança"

Delegado se diz surpreso com pedido de arquivamento do MP no caso de médica acusada por exercício ilegal da profissão
Delegado se diz surpreso com pedido de arquivamento do MP no caso de médica acusada por exercício ilegal da profissão (Foto: Sergio Rocha - Alego)

O delegado Humberto Teófilo comentou o arquivamento, neste mês, do caso da médica Bianca Butterby, acusada de exercício ilegal da profissão e propaganda enganosa, em Goiânia, em maio deste ano. Segundo o policial civil, “a decisão que a inocentou não tem nenhuma relação com o meu flagrante, que foi homologado pelo Poder Judiciário. Inclusive, o juiz arbitrou R$ 250 mil de fiança. Ele completou: “Inclusive, ao final do inquérito, a delegada, que foi outra, a indiciou. O que me causa espanto é o pedido do Ministério Público [pelo arquivamento].”

Bianca chegou a ser presa em 20 de maio, mas foi liberada dias depois. Ao determinar o arquivamento, o juiz Inácio Pereira de Siqueira seguiu manifestação do Ministério Público de Goiás (MPGO), que apontou atipicidade da conduta e não ofereceu denúncia. Advogado da profissional de saúde, Darô Fernandes afirma que a operação foi marcada por espetáculo e exposição nas redes sociais.

Para Teófilo, “o Brasil é assim mesmo. Quem tem dinheiro para contratar um bom advogado, tem boas amizades, a investigação vai para o ralo. Se fosse um ‘quebrado’, com defensor público, sem advogado, estaria preso”. Ele reforçou que chama atenção a conduta do MP ao pedir o arquivamento. “Inclusive, a repercussão da prisão dela, que acionou o Conselho Regional de Medicina, acionou uma casta de políticos, foi um dos motivos para que eu fosse transferido para Aparecida de Goiânia. Eles pensam que a lei não pega eles e influenciaram na minha saída de Goiânia.”

A defesa e a médica negam a prática de qualquer crime e se dizem aliviados com a decisão pelo arquivamento que inocentou a profissional. Darô afirma que eles vão entrar com ações contra o Estado, contra alguns veículos de comunicação que injuriaram, difamaram e caluniaram a honra e imagem da médica e da empresa dela.

Nas redes sociais, Bianca diz que “hoje, esse documento [de arquivamento] demonstra o fim de um pesadelo. Algo que pensei que nunca fosse vivenciar”. Ainda segundo ela, “começamos uma nova era de cabeça erguida, sabendo que a medicina que eu exerço é ciência com qualidade e todos os meus pacientes saem daqui, da clínica, satisfeitos”.

Caso

Bianca chegou a ser presa em flagrante em 20 de maio, mas liberada cinco dias depois. Conforme a denúncia, à época, ela prometia emagrecimento rápido aos seus seguidores. A corporação disse, ainda, que a médica também aplicava monjauro nos pacientes, prática não autorizada.

Naquele momento, ao Mais Goiás, a defesa negou as acusações e reforçou que “Bianca é médica regularmente formada pela UFG, inscrita no Cremego, com ampla qualificação técnica e científica. Possui pós-graduação lato sensu em Nutrologia pelo Hospital Israelita Albert Einstein, prática clínica pelo Giorelli Nutrologia, e certificações da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia) em áreas como obesidade, síndrome metabólica e bariátrica”. E ainda: “A profissional atua legalmente em clínica devidamente regularizada, não havendo qualquer indício de prática ilícita ou irregularidade administrativa que justificasse a medida extrema adotada pelas autoridades.”

Conselho Regional de Medicina defendeu a médica

Por meio de nota, também à época da prisão, o Conselho Regional de Medicina (Cremego) afirmou que a profissional e a clínica estavam regularizadas e inscritas no conselho. “Até o momento, não temos qualquer comprovação de divulgação de especialidade médica não registrada no Conselho. Ainda que isso tivesse ocorrido, a apuração ética seria de competência exclusiva do Cremego e jamais justificaria a prisão da médica.”