Operação Máfia das Falências

Dono da Borges Landeiro e mais seis são soltos após decisão do STJ

O dono do Grupo Borges Landeiro, Dejair José Borges, foi solto após um habeas corpus…

Dono da Borges Landeiro tem decreto de prisão revogado em definitivo
Dono da Borges Landeiro tem decreto de prisão revogado em definitivo

O dono do Grupo Borges Landeiro, Dejair José Borges, foi solto após um habeas corpus ser deferido pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), na tarde da última sexta-feira (29). A decisão, dada pela Sexta Turma da instância, também se estende a outras seis pessoas que foram presas na Operação Máfia das Falências, deflagrada pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO).

Os outros soltos são: Elias Moraes Borges, Anderson Heck, Rodolfo Macedo Montenegro, V.C.N., Ricardo Miranda Bonifácio e Souza e Alex José Silva. O relator do pedido, ministro Nefi Cordeiro destacou que na medida cautelar consta “a existência de sólidos de que os investigados, de fato, em número superior a quatro, teriam se unido, ordenada e estruturalmente, com a finalidade de praticar sucessivos crimes falimentares e de lavagem de dinheiro.”

Porém, segundo o ministro, destaca que as transações comerciais que foram explicitadas no decreto envolvendo várias empresas ocorreram entre os anos de 2013 a 2017. Somente algumas ocorreram em 2018. Com isso, o relator destacou que “esvazia a cautelaridade necessária pela existência de risco contemporâneos”. Ou seja, “que os argumentos descritos não são atuais e que não há indicação de que houve continuidade nos possíveis delitos. Por isso, não há a necessidade da prisão”.

Em outro trecho da decisão, o ministro pontua que a Sexta Turma “tem entendido que, para a decretação da prisão preventiva é necessária a conjunta presença do crime típico, a atualidade e urgência por especificado risco à instrução ou à sociedade.”

O advogado de Dejair, Roberto Serra, destaca que a decisão dos ministro reforça que a prisão dada pela juíza Placidina Pires, no último dia 21 de novembro, foi “ilegal e despropositada.” “Agora aguardamos o encerramento da investigação para as providências defensivas futuras. Enquanto isso, vamos acompanhá-la e disponibilizar, como sempre, a participação para qualquer informação que seja necessária”, diz o advogado.

Esquema

De acordo com investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de Goiás (MP-GO), o grupo atuava em quatro núcleos: financeiro, empresarial, jurídico e de fachada ou laranja. Todos comunicavam entre si, formando uma rede criminosa que atuava em Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná, Mato Grosso e Rio Grande de Sul.

As investigações tiveram início após a declaração de falência da Borges Landeiro. De acordo com o MP-GO, os empresários eram responsáveis por ocultar o patrimônio real das empresas que decretavam falência. Além disso, eram responsáveis por comprar e revender os créditos gerados nas recuperações judiciais e falências.

O núcleo jurídico era formado por advogados designados para produzir as peças necessárias para a declaração de falência e ocultar os bens. Após o pedido de recuperação fiscal, a organização atuava com núcleo composto por empresários, administradores, contadores e advogados. Com isso, os integrantes buscavam reduzir as dívidas das empresas e aumentar o patrimônio pessoal e capital da empresa.

Nesse momento, os laranjas compravam créditos das recuperações judiciais ou das falências. Um exemplo dado pelo promotor Juan Borges: os imóveis avaliados em R$ 1 milhão chegavam a ser negociados por R$ 300 mil pela recuperação. Logo depois, a empresa laranja que comprou o imóvel abaixo do preço o revendia pelo valor inicial. “O esquema utilizava a empresa laranja para multiplicar o valor do crédito para a empresa que, em tese, teria entrado em falência”, disse.

O promotor destaca que não havia a necessidade de declarar falência, já que a empresa tinha liquidez para isso. “A empresa alegou à Justiça dívidas de R$ 250 milhões enquanto o proprietário da construtora tem patrimônio de R$ 600 milhões”, relata. Devido a isso, foi realizado bloqueio de bens em até R$ 500 milhões.