COLÉGIO ROBINHO DE AZEVEDO

Dor e superação: alunos que tiveram formatura cancelada se unem para fazer o baile em Goiânia

Pais, estudantes e professores ativam rede de solidariedade para assegurar que turma do colégio Robinho Martins de Azevedo teria a festa

Dor e superação: alunos que tiveram formatura cancelada se unem para fazer o baile em Goiânia (Foto: Reprodução)
Dor e superação: alunos que tiveram formatura cancelada se unem para fazer o baile em Goiânia (Foto: Reprodução)

Pais, professores e alunos do 3º ano do Colégio Estadual Robinho Martins de Azevedo, que fica na região Noroeste de Goiânia, fizeram uma festa emocionante no último sábado (13). Os 59 estudantes e mais de 300 convidados não estavam comemorando apenas a conclusão do ensino médio, mas a realização do próprio baile em si.

Os formandos haviam sido vítimas de um golpe da empresa contratada para fazer o evento, que de última hora avisou que a confraternização não ia acontecer. Mas, graças à força de uma rede de apoio sustentada no amor e na solidariedade, o baile ocorreu – e foi lindo.

A festa ia acontecer no dia 13 de dezembro de 2025. A empresa, que já tinha prestado serviços para comunidade escolar em ocasiões anteriores, cobrou R$ 1,2 mil de cada aluno – sendo R$ 300 para aula da saudade, R$ 300 para colação de grau e o resto para o baile. A aula da saudade e a colação de grau aconteceram, mas, faltando pouco mais de uma semana para festa, outras escolas que haviam contratado a empresa denunciaram nas redes sociais que tinham sofrido calote.

Preocupada, a comunidade do colégio Robinho contactou a prestadora de serviço na segunda-feira (8). O silêncio diante das ligações e mensagens era o presságio para notícia que viria mais tarde: o baile estava cancelado. Embora a frustração, a raiva e o desespero tivessem um grande potencial para causar paralisia, as pessoas envolvidas tomaram um caminho diferente e acionaram uma poderosa rede de solidariedade e de apoio para fazer aquela festa acontecer.

Volta por cima

Sandy Mielle, que em setembro de 2025 trocou a carreira de fisioterapeuta pela de cerimonialista depois de perder o emprego na maternidade Célia Câmara, ofereceu-se para ajudar de forma voluntária. “Eu também não tive uma formatura e sei como fez falta. Por isso me prontifiquei para colaborar”, diz Sandy, que é dona da empresa SM Assessoria e Cerimonial. “Minha videomaker e duas assessoras toparam entrar comigo nessa empreitada, e fomos à luta”.

Sandy, pais e professores conseguiram um acordo para locar o espaço La Fortezza. O valor de tabela era R$ 25 mil, mas a dona, também sensibilizada pelo drama dos alunos, reduziu para R$ 16 mil. Para alcançar esse valor, a comunidade escolar traçou uma estratégia sustentada em doações e rifas. Para as rifas, uma família doou um tênis, outra doou uma cervejeira e outra, um kit de geladinhos gourmet. Com as cotas vendidas e doações em espécie (algumas anônimas), o valor foi alcançado.

Em outra frente, a comunidade se mobilizou para arrecadar comida e bebida. Foram cerca de 60kg de carne, 300 litros de refrigerante, 300 de suco, 20 galões de cinco litros de água, itens descartáveis, arroz, feijão e verdura. Na sexta-feira à noite, data cedida pelo La Fortezza, estava tudo pronto para receber os alunos. “No dia foi uma correria, tínhamos outros eventos para entregar também. Quando vi o salão tudo pronto meus olhos brilharam”, diz Sandy ao Mais Goiás, com lágrimas nos olhos. “Fez valer a pena todo cansaço, toda raiva que a gente passou. Foi gratificante”.

A festa foi uma catarse de emoções que se misturaram nos dias anteriores. Professores ouvidos pela reportagem relatam muito choro, alegria e a sensação de empoderamento. A festa foi a coroação de uma comunidade que entendeu que a solidariedade é poderosa, e que não há dificuldade que o pessoal do Jardim Nova Esperança não possa superar se estiver junto.