EMERGÊNCIA

Em meio ano, Goiás já registra quase o mesmo número de casos de SRAG que em todo 2024

A situação pressiona redes pública e conveniada e exigiu mobilização do governo para a abertura imediata de novos leitos clínicos e de UTI

Em apenas um semestre, Goiás já registrou quase o mesmo número de SRAG durante todo 2024 (Foto: Jucimar de Sousa - Mais Goiás)

O avanço da Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) em Goiás acendeu o sinal de alerta dos especialistas em saúde. De janeiro a junho de 2025, o estado já registrou 6.743 casos da doença, número que corresponde a quase 90% do total anotado em todo o ano de 2024, quando foram notificados 7.477 casos. O cenário respaldou o Governo de Goiás a decretar situação de emergência em saúde pública, conforme publicação no Diário Oficial do Estado desta segunda-feira (30).

Os dados da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO) mostram ainda um crescimento expressivo nas solicitações de internação por Srag. No primeiro semestre deste ano, foram 10.676 pedidos de leito hospitalar, contra 8.011 no mesmo período do ano passado: um aumento de 33,27%. A situação pressiona a rede de atendimento, tanto pública quanto conveniada ao Sistema Único de Saúde (SUS), e exigiu a mobilização do governo para a abertura imediata de novos leitos clínicos e de UTI.

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A alta dos casos está ligada à circulação simultânea de diferentes vírus respiratórios. Dos 6.743 registros em 2025, 1.117 foram causados por Influenza, 1.486 por Vírus Sincicial Respiratório, 680 por Rinovírus e 306 por Covid-19.

Crianças e idosos concentram os casos mais graves

O maior número de infecções foi identificado em crianças de até 9 anos, especialmente em menores de dois anos, que somam 2.654 casos. Já os óbitos atingem majoritariamente os idosos acima de 60 anos, que respondem por 256 das 402 mortes confirmadas em 2025. Outros 40 óbitos foram registrados entre crianças menores de 2 anos, 35 na faixa de 50 a 59 anos e 29 entre 40 e 49 anos.

A SES alerta que, embora o pico da atual onda de infecções tenha ocorrido entre o fim de abril e o início de junho, os números seguem elevados e exigem atenção redobrada da população e dos gestores de saúde. A Sala de Situação de Doenças Respiratórias, criada em maio, acompanha em tempo real os dados de ocupação hospitalar e evolução da doença, reunindo equipes técnicas semanalmente para definição de estratégias.

Vacinação abaixo da meta

A baixa adesão à vacinação contra a Influenza agrava o cenário. A campanha foi aberta ao público geral no dia 16 de maio, mas apenas 39% da população goiana se vacinou até o momento. Ao todo, 1.502.876 doses foram aplicadas, de um total de 2.207.980 distribuídas aos municípios. Em 2024, a cobertura entre os grupos prioritários foi de 48,74%.

A Secretaria reforça que a vacinação é a principal medida de prevenção, especialmente para os grupos de risco: crianças pequenas, idosos, gestantes, puérperas e pessoas com comorbidades. A baixa cobertura aumenta a chance de agravamento dos quadros clínicos e pode comprometer a capacidade de resposta da rede hospitalar.

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Municípios pedem reforço

Diante da pressão sobre os serviços, 24 municípios goianos já solicitaram ao Ministério da Saúde autorização para conversão de leitos de UTI adulto em unidades especializadas para o atendimento de Srag. O decreto de emergência facilita essas adequações, além de permitir a contratação emergencial de profissionais e aquisição de insumos.