ATIVIDADES ENCERRADAS

Empresa de Bela Vista anuncia fechamento por videoconferência e funcionários cobram salário

Funcionários não receberam salário de novembro, décimo terceiro e verbas rescisórias

Empresa Kero Frango (Foto: Arquivo cedido ao Mais Goiás)

Funcionários da empresa Kero Frango, localizada no distrito de Roselândia, em Bela Vista de Goiás, denunciam que o encerramento definitivo das atividades foi comunicado de forma repentina, por meio de uma videoconferência realizada na terça-feira (16), e que não foi dada a eles qualquer garantia quanto ao pagamento de direitos trabalhistas. De acordo com os relatos, cerca de 60 trabalhadores foram surpreendidos pela decisão e permanecem sem receber o salário de novembro, o décimo terceiro e as verbas rescisórias.

Segundo os colaboradores, o anúncio ocorreu por volta das 10h, com a participação de todos os funcionários. A reunião foi conduzida por um homem que, conforme os trabalhadores, nunca havia sido visto anteriormente na empresa.

Ao Mais Goiás, o monitor de garantia de qualidade Diogo Pereira Alves, de 23 anos, relatou que, inicialmente, a empresa informou que a reunião seria presencial, mas não disponibilizou transporte para o deslocamento até a unidade. “Depois, na própria terça-feira, enviaram um link dizendo que a reunião seria online”, afirmou.

Durante a videoconferência, foi informado que a empresa não tem recursos em caixa para quitar os débitos trabalhistas e não apresentou qualquer previsão para a regularização dos pagamentos. Ainda conforme os funcionários, a empresa também deixou de realizar, ao longo do período contratual, os depósitos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Uma funcionária, que prefere não se identificar, contou que trabalhou na empresa por três anos e quatro meses e que, mesmo após o anúncio do encerramento, não houve contato individual da direção. Segundo ela, também não foram enviados e-mails com orientações sobre a rescisão contratual ou sobre a documentação necessária para a solicitação do seguro-desemprego. “Disseram que iam mandar um e-mail, mas até agora nada”, relatou.

Atividades estavam paralisadas desde novembro

Ela explicou ainda que a paralisação das atividades já vinha ocorrendo antes do comunicado oficial. Segundo os trabalhadores, a empresa estava sem abate havia cerca de 15 dias, período em que os serviços foram suspensos devido aos atrasos salariais. O último dia de abate ocorreu em 27 de novembro. Na ocasião, os funcionários foram informados de que a produção ficaria parada por apenas uma semana e que tudo voltaria ao normal, o que não se concretizou. Ao todo, foram 16 dias de paralisação até a confirmação do encerramento definitivo das atividades.

Diogo acrescentou que, apesar dos atrasos recorrentes nos salários, o ambiente de trabalho aparentava normalidade até poucos dias antes do fechamento. “O dono dizia que a gente podia ficar despreocupado, que a empresa não iria fechar”, disse. Segundo ele, a presença de supostos investidores na unidade reforçou a sensação de estabilidade entre os colaboradores.

Salários atrasados

O funcionário também relatou que os salários nunca foram pagos dentro do prazo. “Desde que entrei, o pagamento sempre foi atrasado. Teve mês em que dividiram o salário em duas vezes”, afirmou. Segundo Diogo, o último salário recebido foi o referente ao mês de outubro, pago com atraso no dia 10 de novembro.

Após o anúncio do encerramento, os trabalhadores perceberam que o perfil da empresa no Instagram foi desativado.

Diante da situação, um grupo de funcionários procurou o Ministério do Trabalho e o sindicato da categoria em busca de orientação. “Já entrei com advogado e fiz denúncia no Ministério do Trabalho. Meus colegas também registraram denúncia por escrito e estão procurando o sindicato”, disse Diogo.

A principal preocupação, segundo os trabalhadores, é financeira. “As contas continuam chegando, os juros estão acumulando. Tem colegas que são pais de família, com aluguel atrasado, passando necessidade”, desabafou.

O Mais Goiás tentou contato com a empresa, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem. O espaço permanece aberto para manifestação.