Empresário de Anápolis que está entre maiores doadores de Bolsonaro vendeu 1.105% mais ivermectina na pandemia
Empresário José Alves Filho aparece em 4º no ranking de maiores doadores de Bolsonaro
O empresário de Anápolis José Alves Filho, citado no recém-divulgado relatório da Polícia Federal como quarto maior doador de dinheiro para o ex-presidente Jair Bolsonaro nos últimos dois anos, é sócio da Vitamedic, uma empresa que vendeu 1.105% a mais de ivermectina durante a pandemia da Covid-19.
O número fez com que a CPI da Pandemia discutisse, em 2021, a convocação de José Alves para depor. Ele chegou a ter os sigilos fiscal, telefônico, telemático e bancário quebrados pela comissão.
De acordo com relatórios enviados à CPI, apenas as vendas da ivermectina saltaram de 24,6 milhões de comprimidos em 2019 para 297,5 milhões em 2020 — um crescimento superior a 1.105%. O preço médio da caixa com 500 comprimidos subiu de R$ 73,87 para R$ 240,90 — um incremento de 226%.
A ivermectina é um medicamento antiparasitário, geralmente indicado para tratar diferentes quadros infecciosos causados por protozoários ou metazoários, popularmente conhecidos como “vermes”. Mas o ex-presidente Bolsonaro defendia que esse remédio tinha eficácia contra Covid-19, apesar de nunca ter havido uma evidência científica nesse sentido.
Maiores doadores
Sócio da farmacêutica Vitamedic (de Anápolis) e dono dos Refrescos Bandeirantes (que inclui a Coca-Cola, Rambal Embalagens, Unialfa e outras marcas), José Alves está em quarto lugar na lista de principais doadores de dinheiro para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – que, em pouco mais de dois anos, recebeu cerca de R$ 44,3 milhões via PIX. José Alves foi o mesmo que arrematou por R$ 55 mil um quadro autografado pelo ex-presidente em 2023.
A informação consta em um relatório produzido pela Polícia Federal com base em dados do Conselho do Controle de Atividades Financeiras (Coaf), divulgado no dia 21 de agosto de 2025. O líder desse ranking é o PL, partido ao qual Bolsonaro é filiado. O PL depositou R$ 1,11 milhão nas contas do ex-presidente. O maior repasse aconteceu no primeiro semestre desse ano: foram R$ 398 mil.

O segundo colocado desse ranking foi o Onco Star SP, um centro de tratamento oncológico que faz parte da Rede D’Or São Luiz e que pertence ao médico Jorge Moll Filho. O Onco Star deu R$ 50 mil para Bolsonaro. O terceiro colocado é o agropecuarista Rogério Martins Beti, de São Paulo.
Confira o ranking
1) PL: R$ 1,1 milhão
2) Onco Star SP: R$ 50 mil
3) Rogério Martins Berti: R$ 34,6 mil
4) José Alves Filho: R$ 19 mil
5) Marcos C. de Oliveira Venda: R$ 14,1 mil
6) José Luiz Calheiros de Albuquerque: R$ 10,1 mil
7) Pedro Antunes Freitas: R$ 9,9 mil
8) João Bosco Jofre: R$ 9 mil
9) Sérgio Cardoso de Almeida Neto: R$ 4,9 mil
10) Sérgio Cardoso de Almeida Filho: R$ 4,9 mil
Quadro autografado
No dia 22 de setembro de 2023, José Alves arrematou um quadro autografado por Bolsonaro com um lance de R$ 55 mil. O quadro foi entregue a Luiz Carlos, representante de José Alves, em um encontro na sede do PL, em Brasília, que contou com a presença de Jair Bolsonaro, o deputado federal Professor Alcides, e o então deputado e hoje vereador Major Vitor Hugo.
O dinheiro foi destinado, segundo informações da época, para o Instituto Harpia Brasil, que estava sendo lançado por Vitor Hugo no dia. O então deputado afirmou que a missão do instituto seria o de “discutir, construir e proteger o Brasil que queremos para as próximas gerações, promovendo os ideais liberais econômicos e os valores e as crenças que nos uniram como Nação através de nossa história”.