Operação Bienna

Empresário é indiciado por compra de Porsche após depósito de mais de R$ 18 milhões por engano, em Goiânia

O empresário Guilherme Moreira, de 27 anos, foi indiciado pela compra de um Porsche após…

O empresário Guilherme Moreira, de 27 anos, foi indiciado pela compra de um Porsche após receber mais de R$ 18 milhões na conta por engano devido a um erro no sistema de uma instituição financeira, em Goiânia. O caso aconteceu em abril deste ano e, segundo a Polícia Civil (PC), o jovem vai responder por apropriação de coisa havida por erro, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.

De acordo com o delegado que investigou o caso, Kléber Toledo, foi apurado que jovem recebeu R$ 18.666.000,90 em sua conta bancária após uma falha no sistema de conciliação das vendas com cartões de crédito e débito. Guilherme teria conseguido se apropriar de R$ 1,1 milhão e, para dar aspecto de legalidade, fez cinco transferências para conta do pai, para contas de outras empresas e de outros bancos.

Destes, quatro depósitos foram confiscados. Apenas um, no valor de R$ 280 mil, foi concretizado. Segundo delegado, esse valor foi utilizado na compra do veículo. “Para dar aspecto legal, ele procurou uma amiga para colocar o veículo em seu nome. Induziu ela a cometer um crime. Também descobrimos que duas empresas que estavam com o nome do pai no contrato social, na verdade, era do próprio Guilherme. Tanto que, em depoimento, o senhor foi bem incisivo a alegar isso”, pontua.

Guilherme teria dito ao delegado que gastou a quantia pois pensou que se tratava de um acerto referente à parte de uma empresa do qual era sócio. Já o outro sócio dele teria alegado que ele deveria receber o valor de R$ 660 mil. “Esse valor é muito longe do que foi movimentado. Ele ainda alegou que foi um amigo que realizou as transações, mas esse amigo foi ouvido e entrou em contradição”, destaca o delegado Kléber.

Guilherme foi indiciado pelos três crimes. A amiga que registrou o Porsche e o pai foram indiciados apenas por falsidade ideológica. Ambos responderão ao processo em liberdade. O Mais Goiás não conseguiu o contato da defesa deles. O espaço permanece aberto para manifestação.

O que diz o advogado de Guilherme?

Bruno Pena, advogado do empresário, conta que o indiciamento do relatório da PC é “vazio e baseado em meras conclusões”. Ele destaca que, se for oferecida a denúncia pelo o Ministério Público (MP) e acatada pelo Judiciário, será realizado o exercício de ampla defesa.

“Logo após a situação, ajuizamos uma ação cível informando o ocorrido. Meu cliente sempre mostrou interesse em devolver o dinheiro, mas o banco queria que ele pagasse juros do valor por um erro exclusivo deles. Temos provas documentais que Guilherme não tinha nenhum intenção de se apropriar desse dinheiro”, pontua.

Bruno conta que o veículo foi comprado antes de a transferência ser feita para a conta do empresário. Ele ainda destaca que, a todo momento, Guilherme reconheceu o veículo como dele e que todas as movimentações – origem, destino e finalidade  – de dinheiro nas contas dele foram informadas à Justiça.

“Sobre o carro estar no nome da amiga, meu cliente pediu para que fosse colocado, pois ele não é habilitado e, na época, julgava que, por isso, não poderia registrar no próprio nome”, explica, mas destaca que o veículo ainda está no nome da mulher.

O advogado ainda destaca que aguarda a devolução do veículo após a decisão da 3ª Vara Criminal de Goiânia, do dia 25 de julho. O porshe havia sido sequestrado pela PC em abril deste ano na casa de Guilherme, no Condomínio Granville. E depois foi disponibilizado ao banco e encaminhado para São Paulo.

“Essa decisão mostra o quando é vazia esse decisão [da PC]. Os autos não mostram fundamento algum. O banco queria apenas uma acordo que lhe beneficiava. Ninguém compra um veículo caro apenas contando com o dinheiro que vai cair na conta. Houve alegação de movimentações bancárias após o erro, mas, cadê a irregularidade nessa situação?”, finaliza a defesa.