Prefeitura de Goiânia pede 15 minutos por consulta e médicos reagem
Prefeitura diz que a proposta busca garantir que os pacientes tenham consultas ambulatoriais agendadas por horário para reduzir o tempo de espera e proporcionar maior conforto
A Secretaria de Saúde de Goiânia enviou, em março, um termo instrutivo que sugere aos médicos da rede pública atender quatro pacientes por hora, resultando em uma média de 15 minutos para cada consulta. No sábado (16), o Conselho Regional de Medicina do Estado de Goiás (Cremego) realizou um fórum para debater a carga horária nos serviços de saúde e autonomia médica, onde reforça que este tempo é uma base, mas não precisa ser seguido estritamente.
“O que é a medicina sem sua autonomia? Sem liberdade de decisão, não há ato médico pleno”, afirmou o presidente do Cremego, Rafael Martinez. “A autonomia não é apenas um direito do médico ou algo corporativo, é uma garantia à sociedade de que cada paciente será visto como único e não como um dado administrativo”, enfatizou.
Na ocasião, foi apresentada uma minuta de resolução do Cremego sobre a jornada médica e sua autonomia, que será finalizada e votada nos próximos dias. Entre outras coisas, “o texto afirma que o tempo de atendimento é definido pelo médico, de acordo com a complexidade do caso e a experiência do profissional. Acordos e protocolos coletivos podem existir, desde que não restrinjam a autonomia”.
Martinez reforçou: “É o médico e apenas o médico que deve definir o tempo e as condições para o cuidado. Essa resolução não pertence apenas ao Conselho, mas a cada médico que exerce a Medicina com ética e a cada paciente que confia em nós a sua vida.”
Ainda sobre o termo, ele é destinado a consultas agendadas em Cais, UPAs e Ciams. Em nota ao Mais Goiás, o Sindicato dos Médicos no Estado de Goiás (Simego), repudiaram o que chamaram de “imposição de limite de 15 minutos para consultas médicas” na rede pública de Goiânia, “por considerar que a medida desrespeita pacientes e profissionais, compromete a qualidade da assistência e fere princípios éticos da Medicina. Cobramos revisão imediata desta decisão”. Confira na íntegra no fim da matéria.
O portal procurou a prefeitura de Goiânia sobre a medida. Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS) esclarece que a proposta busca garantir que os pacientes tenham consultas ambulatoriais agendadas por horário para reduzir o tempo de espera e proporcionar maior conforto, já que até então eram atendidos por ordem de chegada e precisavam aguardar por mais tempo. Além disso, reforça que a medida não será adotada nas unidades de urgência e emergência.
“A SMS ressalta que a medida não interfere no tempo médio de atendimento de cada consulta, que é definido exclusivamente por cada profissional, e garante maior controle das agendas, que antes ficavam subaproveitadas, com horários ociosos sem pacientes agendados.”
Nota do Simego:
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