Estudantes de Goiás criam IA que previne doenças em vacas leiteiras
"Focamos principalmente na mastite bovina, especialmente na subclínica, que tem comportamentos mais sutis aos olhos humanos e não tem alteração visível do leite, diz CEO do projeto
Três estudantes universitários criaram uma startup que promete uma solução inovadora para detectar precocemente a mastite (inflamação das glândulas mamárias) em rebanhos leiteiros. A WiMilk utiliza inteligência artificial e foi desenvolvida pela equipe multidisciplinar formada por Giovanna Vargas (UEG), Luca Plaster (UFG) e Pedro Viana (PUC Goiás) no Desafio AgroStartup 2025, competição do Senar Goiás na qual foram os grandes vencedores: eles conquistaram um prêmio de R$ 60 mil para impulsionar o negócio.
Cada um dos estudantes tem função bem definida dentro do projeto. Graduanda em medicina veterinária, Giovanna Vargas Barbosa é a CEO. Ela também atua com a visão computacional (IA), marketing, negócios, validação científica e captação de recursos, por meio de parcerias nacionais e internacionais.
Já o estudante de engenharia mecatrônica Pedro Viana cuida das operações, hardware, logística de instalação no campo e alinhamento estratégico. Por fim, Luca Plaster é pesquisador do Centro de Excelência em IA da UFG e de ciências da computação, e atua com a visão computacional na startup e arquitetura de dados. Por fim, Luca Plaster é pesquisador do Centro de Excelência em IA da UFG e aluno de ciências da computação, atuando na arquitetura de dados e também na visão computacional do projeto.
Sobre a tecnologia, conforme os fundadores, ela usa uma visão computacional e tags RFID (Identificação por Radiofrequência) para monitorar o comportamento das vacas 24 horas por dia. Desta forma, consegue identificar sinais sutis de doenças, como isolamento social ou falta de apetite, antes que se tornem clínicos. O grupo reforça que a detecção antecipada pode reduzir em até 60% o uso de antibióticos e aumentar em 25% a longevidade produtiva dos animais, o que evita prejuízos que chegam a R$ 2.000 por lactação em casos não tratados.
“A câmera é instalada no curral, captura as vacas 24h, todos os dias, e encaminha relatórios para o produtor via WhatsApp. Por exemplo: ‘A vaca número 237 está apresentando comportamentos de não comer, não beber água, passando mais tempo deitada. Deseja separar essa vaca para uma avaliação preventiva?’, informa o registro. Focamos principalmente na mastite bovina, especialmente na subclínica, que tem comportamentos mais sutis aos olhos humanos e não tem alteração visível do leite”, detalha Giovanna. “Dessa forma, conseguimos minimizar 60% do uso de antibióticos, descarte do leite, prolongar a qualidade de vida dos animais, entrar com tratamento precoce e ter maior controle do rebanho, o que, consequentemente, aumenta a produtividade e rentabilidade.”

Como surgiu a ideia
Giovanna explica que a ideia surgiu a partir de vivências que ela teve na veterinária. Segundo ela, ao realizar pesquisas em propriedades rurais, percebeu que a mastite acomete cerca de 50% do rebanho. Além disso, 82% das propriedades não possuem assistência técnica.
Segundo ela, um conhecido perdeu R$ 8 mil em poucos meses com dez vacas, devido ao problema. “E nossos principais concorrentes não focam em vacas leiteiras com essa tecnologia, mas em gado de corte.” Ela destaca que a equipe se conheceu no desafio AgroStartup 2025, ocasião em que ganharam a premiação. “Já fomos selecionados para expor na Campus Party, AgroVem, Hub Goias…”
Questionada sobre o público alvo, ela afirma que são produtores de leite e fazendas leiteiras, especialmente aqueles interessados em modernizar a produção com tecnologia. E, ainda, “cooperativas e pessoas que vendem leite para laticínios, pequenas, médias e grandes propriedades, pecuaristas que desejam dados precisos, automação e eficiência na gestão do rebanho”. Cita, ainda, médicos veterinários e assistentes técnicos com contato na pecuária leiteira como alvos. Ela reforça que o WiMilk é um diferencial para quem busca reduzir custos, aumentar produtividade e melhorar controle sanitário e produtivo por meio da tecnologia.
Saiu do papel
O projeto saiu do papel. Hoje, ele está em fase de validação com um piloto (MVP) instalado na Fazenda Serra Verde, em Varjão. A iniciativa, inclusive, também atraiu o interesse internacional, graças à apresentação de um artigo científico no exterior. Com ele, Giovanna Vargas garantiu investimento de pesquisadores do Panamá e da Costa Rica. Isso permitiu a compra dos equipamentos iniciais para colocar a tecnologia em campo há cerca de um mês.
“Queremos expandir para diferentes municípios e Estados. Planejamos escalonar mais”, afirma a CEO.
