Estudantes reafirmam soberania e resgatam símbolos nacionais durante o Conune em Goiânia
Jovens participam do Conune com camisas da seleção brasileira e bandeiras do Brasil
Em meio à tensão diplomática provocada pelo anúncio de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, estudantes de todo o país aproveitaram o 60º Congresso da União Nacional dos Estudantes (Conune), em Goiânia, para dar uma resposta simbólica à taxação. De bonés com frases ressignificadas à tradicional camisa da seleção brasileira, os jovens reafirmaram a soberania nacional e denunciaram o que consideram uma tentativa de interferência norte-americana no país.
“Não somos quintal do Norte global”, afirmou a anfitriã do evento, Ana Carolina Rodrigues, estudante de Relações Internacionais da Universidade Federal de Goiás (UFG). Para ela, o momento é oportuno para o movimento estudantil se posicionar contra o que chamou de agressões externas. “É uma ressignificação da frase que eles tanto utilizam [‘Make America Great Again’]. O movimento estudantil é parte fundamental na manutenção da nossa soberania”, declarou, usando um boné em alusão crítica ao slogan de Trump.
Símbolos nacionais como a camisa da seleção brasileira também foram resgatados por lideranças estudantis como instrumento de protesto. O vice-presidente da UNE, Éverton Simão Lima, veio do Pernambuco com a peça vestida. “A camisa do Brasil não é um símbolo da extrema-direita. É dos brasileiros. Vesti-la é uma forma de dizer que essa identidade também é nossa”, afirmou.
A mesma estratégia foi adotada por Valentina Macêdo, presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo. “As cores do Brasil, a bandeira e a camiseta são do povo brasileiro. Os estudantes têm ido às ruas desde o governo Bolsonaro para mostrar que o verde e amarelo não têm dono”, destacou. Valentina lembrou que outras tentativas de apropriação simbólica já ocorreram na história recente, como durante o governo Collor. “E o povo disse que não. Os caras-pintadas impediram essa estratégia.”
Para os jovens, reafirmar o orgulho de ser brasileiro é também uma forma de resistência diante das recentes investidas de Trump. “É um momento de união nacional contra interferências externas e pela reafirmação de um Brasil soberano”, concluiu Valentina.