Ex-padre acusado de abusar de criança em lanchonete foi expulso da igreja em 2019
Suspeito foi identificado como Onyemauche Cletus Chukwujioke, mais conhecido como “Anacleto”

O ex-padre preso suspeito de abusar de uma criança em uma lanchonete em Trindade foi identificado como Onyemauche Cletus Chukwujioke. Mais conhecido como “Anacleto”, ele foi expulso pela Igreja Católica em 2019, conforme apurado pelo Metrópoles.
Sobre o caso, testemunhas que presenciaram a cena acionaram a polícia, que prendeu o suspeito ainda no local. Durante a abordagem, ele alegou ser padre, mas a informação foi desmentida pelos agentes, que descobriram que o homem já havia sido expulso da igreja, em outubro de 2019.
Segundo a Polícia Militar de Goiás (PMGO), o homem era conhecido da família da vítima e costumava frequentar a rotina das crianças, o que facilitava a aproximação. As imagens registradas pelo circuito de segurança mostram o suspeito tocando as partes íntimas da menina e lhe dando um beijo, antes de ser contido por pessoas que estavam no estabelecimento. Na mesa estavam outras crianças que, segundo relatos, também sofreram abusos.
A corporação confirmou que o homem, que se passava por padre, já havia sido expulso do seminário devido a acusações de abusos contra crianças. Em seu histórico, constam diversas denúncias de assédio a menores.
Ele foi levado à delegacia, onde prestou depoimento e foi autuado por crimes sexuais contra vulnerável. A polícia investiga se há outras vítimas e se ele utilizava a falsa identidade religiosa para se aproximar de crianças.
O caso foi encaminhado ao Poder Judiciário e o suspeito deve passar por audiência de custódia. Se condenado, ele pode cumprir pena que varia de 8 a 15 anos de prisão.
O Mais Goiás conversou com a defesa do ex-padre. Em nota, a advogada Cinthia Rosa de Oliveira afirmou que ocorre “um processo de criminalização acelerada e midiática, sem que sejam respeitados os princípios constitucionais da ampla defesa e da presunção de inocência”. Diz, ainda, não haver “elementos probatórios periciais” e nem poder “ignorar que a prisão de um padre negro, cuja trajetória é marcada pela espiritualidade e serviço à comunidade, ocorre em um contexto de seletividade penal, onde pessoas negras frequentemente são alvos de processos que desconsideram garantias fundamentais”.
Nota da defesa do ex-padre na íntegra:
“Diante da prisão do O.C.C, manifestamos nossa profunda preocupação com a forma como o caso vem sendo tratado. Observamos um processo de criminalização acelerada e midiática, sem que sejam respeitados os princípios constitucionais da ampla defesa e da presunção de inocência.
Não podemos ignorar que a prisão de um padre negro, cuja trajetória é marcada pela espiritualidade e serviço à comunidade, ocorre em um contexto de seletividade penal, onde pessoas negras frequentemente são alvos de processos que desconsideram garantias fundamentais. A forma como a investigação está sendo conduzida e a ausência de elementos probatórios periciais reforçam a necessidade de um olhar atento para possíveis motivações raciais subjacentes à acusação.
Além disso, é inegável que a Igreja Católica, historicamente, tem sido alvo de tentativas de deslegitimação, sobretudo quando religiosos exercem um papel social relevante e influente. O padre O.C.C, sempre atuou em prol dos mais necessitados, levando sua fé e compromisso àqueles que mais precisam. É essencial que seu caso seja tratado com o devido rigor jurídico, mas sem atropelos ou julgamentos precipitados que violem seus direitos.
Reafirmamos nossa confiança na Justiça e exigimos que o devido processo legal seja rigorosamente observado, sem contaminação por pré-julgamentos ou preconceitos de qualquer natureza.”