ENTREVISTA

Família de suspeito inocentado no caso Amélia perdeu tudo, diz advogado

"O incêndio, para além da casa e os bens, arruinou a vida de uma família, a vida de um inocente"

Família de suspeito inocentado no caso Amélia perdeu tudo, diz advogado
Família de suspeito inocentado no caso Amélia perdeu tudo, diz advogado (Foto: Reprodução)

Polícia Civil descartou o primeiro suspeito do caso Amélia Vitória, de 14 anos, que desapareceu na última quinta-feira (30) e teve o corpo encontrado no sábado (2), em Aparecida de Goiânia. Trata-se de um pedreiro de 47 anos que chegou a ser preso e ter o carro e celular apreendidos (a casa dele foi incendiada por populares). Advogado dele, Paulo Castro diz que a família perdeu tudo.

“A família perdeu tudo. A esposa e filhos estão morando de favor em casa de amigos e parentes. Perderam todos os pertences pessoais, itens básicos para sua manutenção, eletrodomésticos, roupas. Em resumo, o incêndio, para além da casa e os bens, arruinou a vida de uma família, a vida de um inocente”, revelou.

Ele complementa: “Uma casa foi incendiada, uma família foi violentada, sonhos foram perdidos por uma irresponsabilidade estatal que, no ânimo de dar uma resposta imediata à sociedade, talvez até de cunho político, como vimos. Queimou-se etapas da investigação que resultou em um incêndio criminoso contra um lar de uma família inocente.”

Sobre o cliente responder por uma acusação de estupro de vulnerável, Paulo diz que o processo está em segredo de justiça e, por tais razões, “a defesa irá se manifestar apenas no processo, para evitar prejuízos às investigações e à instrução processual”.

Por fim, ele argumenta que a defesa luta pelos direitos dessa família e, oportunamente, irá se manifestar sobre futuras medidas com o intento de reparar todo o sofrimento deles. “Oportunamente, reiteramos sentimentos à família da vítima.”

Caso Amélia

Janildo da Silva Magalhães, de 38 anos, foi apontado pela Polícia Civil como autor. Ele teria carregado a vítima por 6 km desde o rapto. As informações também foram divulgadas em coletiva, na terça-feira (5). O acusado foi preso na segunda (4).

Durante a coletiva, os delegados Eduardo Rodovalho (GIH de Aparecida de Goiânia) e André Botesini (Regional de Aparecida de Goiânia/2ª DRP) destacaram que o acusado abordou de bicicleta a vítima na quinta-feira e a violentou pela primeira vez em um matagal. Depois, ele andou mais de 6 km e ficou em um imóvel abandonado com ela, onde teria cometido abusos durante a noite.

Em seguida, já na sexta-feira, ele a matou por asfixia e voltou para a casa, pela manhã. Depois do primeiro abuso, ele teria levado a vítima na bicicleta, da Rua Sapucaia até a Rua Javaí, no Parque Atalaia, onde fica o imóvel abandonado.

As autoridades suspeitam que o homem tenha utilizado uma faca para ameaçar a vítima. Quando retornou para casa, ele pintou a bicicleta. Ele teria decidido levar o corpo para o local onde o mesmo foi encontrado, no sábado, após a mãe e irmã dele ficarem compadecidas.

Ainda segundo a Polícia Civil, a identificação foi possível graças a coleta de material genético das partes íntimas da vítima – trabalho realizado de forma célere pela Polícia Técnico-Científica. O resultado foi recebido na segunda-feira (4), coincidindo com um caso de 2017, em Rio Verde. Desta forma, o homem foi identificado como residente de Aparecida. Mãe e irmã revelaram que estavam desconfiadas com o comportamento do indivíduo. Aos agentes, ele negou e criou uma “história fantasiosa”.

De acordo com a corporação, Janildo responderá pelos crimes de estupro e homicídio qualificado. No momento, não há informações da participação de outra pessoa no crime.

Resumo

Amélia Vitória ficou desaparecida por três dias após sair de casa para buscar o irmão na escola, na quinta-feira. O corpo dela foi encontrado no último sábado em uma calçada no Parque Hayalla, em Aparecida de Goiânia. A vítima foi localizada por equipes da GCM, na Rua Hematita.