OCUPAÇÃO

Famílias ocupam prédio no Setor Oeste, em Goiânia

Movimento denuncia contraste entre déficit habitacional e imóveis vazios e cobra políticas de moradia digna

Organização diz que imóvel está desocupado há 7 anos (Foto: Thalita Braga)

Cerca de 20 famílias ocuparam um prédio abandonado há mais de sete anos no Setor Oeste, em Goiânia. A ação, organizada pelo Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB), deu origem à Ocupação Pedro Nascimento, primeiro ato do movimento em Goiás. A mobilização integra a campanha nacional “Não há independência nem soberania sem Direito à Moradia”, que, neste 7 de Setembro, levou atos de luta popular a diferentes estados do País.

Na manhã deste domingo (7), o local amanheceu com forte presença policial e a rua foi isolada. O deputado estadual Mauro Rubem (PT) acompanha as negociações entre os movimentos sociais e as forças de segurança.

O MLB afirma que a nova ocupação denuncia o contraste entre o déficit habitacional e os imóveis ociosos. Enquanto 8,8 milhões de famílias vivem sem moradia no Brasil, existem mais de 11 milhões de domicílios vazios. O movimento também aponta que a alta nos preços dos alimentos e do aluguel agrava a fome e a exclusão social.

O programa Minha Casa Minha Vida, do Governo Federal, também é alvo de críticas do movimento quando dominado por construtoras, acusado de entregar moradias precárias, em áreas periféricas e sem infraestrutura.

Conforme o movimento, o MLB defende o fortalecimento do Minha Casa Minha Vida Entidades, modelo que garante imóveis maiores, melhor localizados e construídos com participação das próprias famílias, priorizando o direito à moradia sobre o lucro empresarial.

A ocupação leva o nome de Pedro Nascimento da Silva, liderança da ocupação Sonho Real, no Setor Parque Oeste Industrial, em Goiânia, que reuniu cerca de 3 mil famílias em 2005. No dia 16 de fevereiro daquele ano, Pedro foi assassinado durante a Operação Inquietação, ação policial de reintegração de posse que ficou marcada pela violência e pela criminalização da pobreza. Ele foi baleado pelas costas, enquanto erguia bandeiras brancas pedindo paz. Morto sem socorro, tornou-se símbolo da brutalidade do Estado contra quem luta por moradia. 

O que dizem os proprietários

Em nota, os donos do imóvel afirmaram que o edifício ocupado não é público nem estava abandonado. Segundo eles, o prédio foi alugado para a Universidade Estadual de Goiás (UEG) até recentemente e encontra-se em fase de preparação para receber uma torre residencial. Os proprietários acrescentam que todos os impostos estão em dia.