DESABRIGADOS

Famílias vão para debaixo de viadutos após terem abrigo provisório destruído em Anápolis

O drama de famílias de uma ocupação às margens da BR-060, próximo a Anápolis, está…

Após terem abrigo provisório destruído em Anápolis, moradores afirmam que famílias foram para debaixo de viadutos da cidade. (Foto: reprodução)
Após terem abrigo provisório destruído em Anápolis, moradores afirmam que famílias foram para debaixo de viadutos da cidade. (Foto: reprodução)

O drama de famílias de uma ocupação às margens da BR-060, próximo a Anápolis, está longe de acabar. Os moradores afirmam que, depois de terem o abrigo provisório destruído pela Polícia Militar (PM) e serviço de Postura da Prefeitura, muitos foram morar debaixo de viadutos da cidade, já que não possuem lugar para se abrigar. Nesta quinta-feira (5), após ordem judicial, eles precisaram deixar a área rural que ocupavam desde o dia 20 de fevereiro.

Moradores narram que o processo de desocupação da área rural foi feito de forma tranquila e pacífica. O movimento teve início por volta das 6h desta quinta (5) e foi finalizado antes das 15h, prazo estipulado pela Justiça para que as famílias deixassem o local.

Após a saída da área, as famílias montaram cerca de 15 barracas em um terreno da Associação dos Moradores do Vale das Laranjeiras, no Setor Vivian Parque. A ação, conforme expuseram os moradores, foi autorizada pela direção do local. Apesar disso, equipes da Postura de Anápolis e PM estiveram na área e, segundo relatos, obrigaram as pessoas a saírem do espaço.

 

(Foto: Reprodução)

“Eles chegaram falando que se a gente não desmontasse as barracas iriam derrubar tudo. E foi exatamente o que fizeram. Com arma em punho e sob ameaça, eles destruíram tudo que tinha sido montado”, disse um morador que, por medo de represália, preferiu não ser identificado.

O homem conta que as equipes usaram de força e violência para retirar as pessoas da propriedade da Associação. “Eles falaram só que tinha ordem da Procuradoria do município, mas não apresentaram nenhuma ordem judicial. Na verdade foram para matar. Não havia bala de borracha ou spray, eram armas letais. As pessoas eram ameaçadas o tempo todo”, afirmou.

Sem ter para onde ir, várias famílias se instalaram debaixo de viadutos na cidade. Segundo o denunciante, pessoas têm se mobilizado e feito doações. “Me procuraram para doar R$ 30 para comprar leite para crianças que estão debaixo de pontes. A situação é de cortar o coração”.

Após doação, homem comprou caixa de leite para distribuir para famílias que estão vivendo debaixo de viadutos. (Foto: reprodução)

Abrigo autorizado

Em entrevista ao Mais Goiás, a direção da Associação de Moradores do Vale das Laranjeiras afirmou que autorizou o abrigo das famílias que saíram da ocupação e não tinham para onde ir. O combinado é que as pessoas ficariam no local provisoriamente por três dias até buscarem outra alternativa de moradia.

A direção alega que o terreno foi destinado para a Associação e ela, como dona do local, tem autonomia para acolher pessoas que necessitam de ajuda. “Não podemos doar o terreno, mas podemos auxiliar quem precisa. O terreno não foi invadido. Tudo foi conversado e acertado, mas houve essa agressão e destruição das barracas. São pessoas que não tem para onde ir”, contou um membro que também preferiu não ter o nome divulgado.

Os diretores afirmam ainda que equipes da Prefeitura de Anápolis retiraram os móveis da associação colocados em um galpão construído no terreno. “Eles levaram os objetos para outro local sem nenhuma explicação. Agora deixaram aqui novamente, mas disseram que nós é quem devemos colocar para dentro. Não podem fazer isso com a gente”, disse.

Móveis retirados da Associação pela Prefeitura de Anápolis. (Foto: reprodução)

O outro lado

Em nota, a Prefeitura informou que a operação conjunta entre Postura e Polícia Militar foi realizada para impedir ocupação de área pública no bairro Vivian Parque. De acordo com o texto, “os manifestantes tentavam ocupar o local quando moradores entraram em contato com os órgãos competentes que, pacificamente, impediram a invasão”.

A reportagem também procurou a PM em busca de um posicionamento e aguarda retorno. O espaço está aberto para manifestação.