CRIMES SEXUAIS

Fiel acusa pastor de Goiânia de mexer com a fé das vítimas para praticar abusos sexuais

Um dos homens que frequentava os cultos do pastor Esney Martins da Costa, suspeito de…

Fiel acusa pastor de Goiânia de mexer com a fé das vítimas para praticar abusos sexuais
Fiel que denunciou pastor de Goiânia por abusos diz que ele chantageava vítimas (Foto: reprodução)

Um dos homens que frequentava os cultos do pastor Esney Martins da Costa, suspeito de abusos sexuais, disse ao G1 que os supostos crimes eram de conhecimento da maioria dos fiéis e que ele chantageava as vítimas dizendo que oraria para os familiares delas morrerem. Ele disse, ainda, que deixou a igreja Renascendo para Cristo depois de denunciar os casos à Defensoria Pública de Goiás.

Segundo ele, “as meninas cediam às chantagens dele, porque ele dizia em alto e bom som que, quem não cedesse, ele iria orar paras as famílias morrerem, inclusive as meninas. Ele mexia com a fé das pessoas”. O homem, que não foi identificado, ainda disse ao site que a irgeja escondia os casos e colocava a culpa nas vítimas. “A culpa nunca sendo do agressor e, sim, das vítimas.”

Nove possíveis vítimas já denunciaram o pastor. Ao todo, dois inquéritos policiais foram instaurados para apurar os crimes. Um deles na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) e o outro na Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA). Segundo a Polícia Civil, vítimas e o suspeito já foram ouvidos. Ambos processos estão em fase final de conclusão.

O caso chegou até à corporação por intermédio da Defensoria Pública. Um servidor do órgão, que também é frequentador da Igreja Evangélica Renascendo para Cristo, ouviu relatos das vítimas e as orientou a buscar atendimento no Núcleo Especializado de Defesa e Promoção dos Direitos da Mulher (Nudem).

No dia 2 de junho, as vítimas formalizaram a denúncia na Polícia Civil. Nesta quarta (4), porém, chegou a nove o número de denúncias de fiéis contra o pastor Esney. À Polícia, ele negou os crimes.

Defensoria Pública

Na quarta-feira (4), a Defensoria disse, em coletiva, que o crime sexual mais antigo do pastor de Goiânia Esney Martins da Costa teria ocorrido há mais de 20 anos. Gabriela Hamdan, coordenadora do Núcleo Especializado de Defesa e Promoção dos Direitos da Mulher disse que “esse fio é antigo e não sabemos quando ele para”.

“É uma sequência de mais de 20 anos, com mulheres diferentes em contextos de épocas diferentes”, declarou. A defensora afirmou, ainda, que não é possível quantificar o número de possíveis vítimas. Segundo ela, as mulheres têm vergonha, umas vez que os abusos começam sutis e, quando elas percebem, já estão em “dificuldades de sair”.

No mesmo dia, por nota, a Defensoria Pública de Goiás pediu que mulheres vítimas de abuso sexual denunciem. O atendimento pode ser feito pelo WhatsApp.

“A Defensoria Pública acredita que podem existir outras mulheres vítimas de abuso sexual que ainda não denunciaram por não saberem como fazer. O Nudem dispõem de um número de whatsapp por onde elas podem procurar pelo atendimento: (62) 98307-0250.”

Defesa

Nesta quarta-feira, a advogada do Esney, Rosângela Magalhães, se manifestou por nota. Confira:

“A defesa do Pastor Esney Martins da Costa esclarece que o mesmo já foi ouvido na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Goiânia e prestou todas as informações que lhe foram solicitadas, bem como se colocou formalmente à disposição da Delegada Titular da Delegacia de Proteção da Criança e Adolescente de Goiânia, para esclarecer quaisquer denúncias formuladas.

Assim, protesta pela preservação de sua intimidade, em especial de sua família e de sua igreja, para que não ocorra a espetacularização de sua imagem, vez que está colaborando com as investigações e não coloca óbice à atuação da Justiça. Inclusive se afastou de suas funções na igreja, enquanto durar a apuração dos fatos.

Esclarece que o pedido de prisão preventiva foi negado pelo Juiz para o qual foi distribuído, pois as denúncias formuladas não tratam de fatos praticados com violência ou grave ameaça à pessoa, bem como lhes falta contemporaneidade.

A defesa confia no Estado Democrático de Direito e nas instituições, no sentido de garantirem a lisura e a imparcialidade essenciais à persecução penal.”