CRM inocentou

Ginecologista preso por suspeita de estupro foi denunciado em 1994 por crimes sexuais

No final do mês passado, Fábio Guilherme da Silveira Campos foi agredido dentro do Ciams do Novo Horizonte pelo marido de uma gestante que o acusou de abusos durante um exame

Ginecologista preso dizia que excitação era necessária para fazer exames
(Foto: divulgação/PC)

O médico ginecologista Fábio Guilherme da Silveira Campos, de 73 anos, preso preventivamente por suposto estupro na manhã desta sexta-feira (21), em Goiânia, já havia sido denunciado, há quase 30 anos, por crimes sexuais contra duas pacientes. Naquela ocasião, em 1994, porém, o profissional sequer foi indiciado, já que a denúncia foi feita apenas no Conselho Regional de Medicina (CRM). Na época, a entidade considerou o colega inocente.

Fábio Guilherme começou a ser investigado no final do mês passado, um dia depois que o marido de uma gestante que tinha sido atendida por ele entrou no Centro Integrado de Atenção Médico Sanitária (Ciams), do Setor Novo Horizonte, em Goiânia, e o agrediu com um tapa no rosto. O agressor, que chegou a ser preso na época, disse que sua esposa havia sido molestada pelo médico durante uma consulta. A agressão foi gravada em vídeo.

Após a repercussão do caso, porém, três mulheres procuraram a Delegacia Estadual de Atendimento Especializado à Mulher (Deaem) para denunciar o médico por crimes sexuais praticados durante as consultas. Duas delas disseram que foram molestadas em 1994, quando eram menores de idade. Outra paciente relatou que o abuso aconteceu há nove anos.

“Infelizmente é um caso em que as mulheres têm dificuldades de perceber que foram vítimas porque os abusadores usam argumentos técnicos como justificativa para praticar o crime. Nos quatro casos que chegaram a nosso conhecimento, as vítimas contaram que o agora indiciado dizia que elas precisariam estar excitadas para a realização dos exames, por isso estaria tocando nelas de forma diferente”, descreveu a delegada Amanda Menucci, da Deaem.

Ginecologista pode ter feito outras vítimas

A delegada disse acreditar que o número de vítimas deve ser bem maior, já que se trata de um caso em que as mulheres muitas vezes imaginam ou são induzidas a acreditarem que um toque a mais em seu órgão genital durante o exame é normal. Em decorrência dessa suspeita, a Polícia Civil decidiu divulgar o nome e a imagem do suspeito.

Em depoimento, Fábio Guilherme da Silveira Campos, que é servidor efetivo da Prefeitura de Goiânia há mais de 30 anos, permaneceu em silêncio, mas, quando preso em sua casa, no Jardim América, afirmou para os policiais que é inocente. A reportagem do Mais Goiás não conseguiu o contato com a defesa do ginecologista, mas o espaço está aberto para pronunciamento.