Globo deverá indenizar Gayer por colocá-lo como agressor de profissionais de enfermagem

A Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) acatou recurso do deputado federal Gustavo Gayer (PL) e mandou o Grupo Globo indenizá-lo em R$ 80 mil por danos morais, na terça-feira (18). Em 2021, antes de ser parlamentar, o político foi citado em reportagem de forma equivocada em um episódio de agressão a profissionais de enfermagem que faziam um ato em Brasília em maio do ano anterior. Relatora do caso, a ministra Nancy Andrighi disse que “a atenção à forma de transmissão da informação deve ser redobrada em momentos de instabilidade institucional, como foi o episódio da pandemia”. Para ela, a emissora não teve “dever de cuidado” e “veracidade”.

À época, a manifestação homenageava enfermeiros que atuaram na pandemia da Covid-19. Durante a reportagem, é dito que “houve confusão” e “agressões” contra os profissionais. Além disso, foi informado que Gustavo Gayer teria participado. No Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO) houve a negativa da condenação à emissora, pois a Corte considerou exercício de informação jornalística. O deputado, contudo, recorreu ao STJ.

Ao tribunal, o advogado do deputado, Victor Hugo, defendeu a tese de que as reportagens prejudicaram a imagem de Gayer, pois o associaram a um “agressor de enfermeiros”. Conforme o recurso, apesar de não estar no local quando a situação ocorreu, a notícia resultou em linchamento virtual. Para a defesa da emissora, José Perdiz de Jesus, contudo, “o protesto era absolutamente público e ordenado. Não tinha como não ser divulgado”. Ainda segundo ele, “a reportagem apenas divulga quem atacou e quem divulgou esse ataque verbal. Na rede social, não há como se defender de uma agressão. Esse é o papel da imprensa”.

O STJ não concordou com a defesa e determinou, além da indenização, a retirada dos conteúdos do ar. Acompanharam a relatora os ministros Ricardo Villas Bôas Cueva, Moura Ribeiro, Daniela Teixeira e o presidente Humberto Martins. Ainda cabe recurso.