Goiânia recebeu R$ 2,5 mi por leitos de UTI inativos nas maternidades municipais, diz auditoria
Prefeitura reforça que não houve fechamento de leitos em 2025
Auditoria do Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus) revelou que a prefeitura de Goiânia recebeu – e repassou à Fundahc – indevidamente cerca de R$ 2,5 milhões por leitos que não estavam em funcionamento nas maternidades públicas da capital. A informação foi divulgada nesta terça-feira (16) pela vereadora Aava Santiago (PSDB) na Câmara de Goiânia. O relatório analisou o período de janeiro de 2023 a junho de 2025.
Em nota, a prefeitura reforça que não houve fechamento de leitos em 2025, e que, conforme indicado no relatório, a secretaria promoveu a reabertura dos leitos de UTI Adulto do Hospital e Maternidade Célia Câmara em março deste ano. Disse, ainda, que “entre os meses de setembro e novembro deste ano, após a mudança de gestão nas maternidades, foram realizados 14.501 atendimentos de urgência e emergência, 7.704 internações e 2.151 partos nas unidades de saúde, o que atesta o pleno funcionamento dos serviços”.
A prefeitura trocou a gestão das maternidades: Instituto Patris (Hospital e Maternidade Dona Íris), Sociedade Beneficente São José (Hospital e Maternidade Célia Câmara) e Associação Hospital Beneficente Brasil (Maternidade Nascer Cidadão).
Auditoria
A auditoria apontou que, entre janeiro de 2023 e junho deste ano, a “Secretaria Municipal de Saúde não assegurou a manutenção e o funcionamento contínuo de serviços e leitos nas maternidades Hospital e Maternidade Dona Íris (HMDI), Hospital Municipal da Mulher e Maternidade Célia Câmara (HMMCC) e Maternidade Nascer Cidadão (MNC)”.
Também no texto é revelado que no “HMDI, a Casa Gestante Bebê e Puérpera encontrava-se inativa desde janeiro de 2025”; “no HMMCC, o ambulatório permanecia fechado e sem atendimentos desde setembro de 2024; a UTI Adulto II esteve inativa de 11/10/2024 a 16/03/2025”; e a “UTIN tipo II estava inativa desde 02/08/2025”.
Desta forma, “as evidências apontam (…) repasses vinculados a leitos habilitados que se encontravam inativos por período prolongado, resultando em recebimento indevido estimado em R$ 2.578.725”. A recomendação do Denasus foi pela devolução do montante.
“Estamos falando de recursos públicos que deveriam garantir leitos ativos, atendimento adequado e segurança às mulheres e aos recém-nascidos. Quando o dinheiro chega e o serviço não é entregue, há prejuízo financeiro e, mais do que isso, um dano direto à população. A auditoria reconhece esse prejuízo e determina a devolução dos valores”, afirmou Aava, que apresentou o relatório na Câmara Municipal nesta terça-feira.
“Os números são chocantes. Em 2024, em comparação com 2023, houve uma redução de 15% nos atendimentos. Já em 2025, em relação a 2024, a redução ultrapassa 80%. Isso evidencia um colapso progressivo na assistência, especialmente na atenção materno-infantil”, continuou.
Ainda segundo ela, a auditoria atribui responsabilidade administrativa direta à Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, como órgão da administração direta, independentemente de quem era secretário ou crise financeira. “A Secretaria Municipal de Saúde é a responsável direta pela fiscalização dos contratos com os prestadores de serviço. E, ao contrário do que foi alegado, sequer apresentou um plano de trabalho válido. O plano apresentado no início deste ano foi rejeitado pelo Ministério da Saúde e, ainda assim, os repasses continuaram ocorrendo, mesmo com a manutenção da mesma demanda.”
Nota da prefeitura de Goiânia:
“A Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS) informa que o relatório do Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde (DenaSUS) avaliou a prestação de serviços nas maternidades municipais entre janeiro de 2023 e junho de 2025, período em que as unidades de saúde eram geridas pela Fundahc. O documento atesta o cenário de graves interrupções de serviços, desabastecimento de insumos e medicamentos e desassistência às gestantes e bebês, continuamente apontado pela atual gestão.
No relatório, o DenaSUS recomenda ao município “adotar medidas administrativas e operacionais que assegurem a manutenção e o funcionamento contínuo dos serviços e leitos habilitados nas maternidades”, o que foi realizado com a troca da instituição gestora das unidades de saúde. A SMS ressalta que – para assegurar a qualidade e regularidade da oferta de assistência à saúde materno infantil – alterou o modelo de gestão das maternidades, que passaram a ser administradas por organizações sociais sem fins lucrativos a partir de 29/08/2025.
A pasta destaca que não houve fechamento de leitos em 2025, e que, conforme indicado no relatório, a secretaria promoveu a reabertura dos leitos de UTI Adulto do Hospital e Maternidade Célia Câmara em março deste ano.”