Goiás é o 5º Estado que mais aqueceu no Brasil nas últimas quatro décadas, aponta estudo
Dados foram divulgados pelo MapBiomas Atmosfera; confira
Enquanto o mundo se prepara para discutir formas de limitar o aquecimento global durante a COP30 em Belém (PA), um novo levantamento mostra que o problema já é realidade em várias partes do Brasil. De acordo com dados divulgados pelo MapBiomas Atmosfera, Goiás aparece como o 5º estado que mais aqueceu no país nas últimas quatro décadas, registrando um aumento médio de 0,30 °C por década entre 1985 e 2024.
Goiás está logo atrás de Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Piauí e Tocantins, que lideram o ranking nacional com taxas entre 0,34 °C e 0,40 °C por década. Embora a diferença pareça pequena, os pesquisadores alertam que esses números são preocupantes, pois refletem mudanças significativas na temperatura média do ar — o que afeta diretamente a biodiversidade, a agricultura e a saúde humana.
Os organismos vivos — incluindo animais, plantas e seres humanos — são sensíveis a pequenas variações térmicas. O corpo humano, por exemplo, funciona bem a 37 °C, e um aumento de apenas 1 grau já caracteriza febre. O mesmo raciocínio vale para o planeta: o aumento gradual das temperaturas tem causado mudanças drásticas nos biomas, como secas, incêndios florestais e desequilíbrios hídricos.
Entre os biomas brasileiros, o Pantanal apresenta o aquecimento mais acelerado, com +0,47 °C por década, seguido pelo Cerrado, onde a taxa é de +0,31 °C por década — bioma que cobre boa parte de Goiás. A Amazônia ficou na média nacional (+0,29 °C/década), enquanto Caatinga, Mata Atlântica e Pampa tiveram aumentos menores.
O MapBiomas Atmosfera revelou ainda que, em 2024, a temperatura média da Amazônia brasileira atingiu 1,5 °C acima da média histórica (1985-2024) — limite estabelecido como seguro pelo Acordo de Paris. No Pantanal, o aquecimento foi ainda maior, chegando a 1,8 °C acima da média.
Além dos impactos ambientais, o aquecimento global preocupa também a saúde pública. Um estudo do projeto Mudanças Climáticas e Saúde Urbana na América Latina indica que, no cenário mais extremo, as mortes relacionadas ao calor podem mais que dobrar até 2054, ultrapassando 2% do total de óbitos.
Segundo Nelson Gouveia, diretor do Instituto de Medicina Tropical da USP, ondas de calor estão ligadas ao aumento de hospitalizações e mortes por doenças cardiovasculares, especialmente entre idosos. O pesquisador defende medidas urgentes de redução de emissões e adaptação urbana.
A projeção é que a população com 65 anos ou mais mais que dobre até 2050 na América Latina, o que torna a situação ainda mais crítica. A recomendação dos especialistas é clara: é preciso agir agora — tanto para reduzir o aquecimento global quanto para proteger as populações vulneráveis de um futuro cada vez mais quente.