INVERSÃO | QUARENTENA

Goiás tem menor índice de isolamento no Brasil, diz Google

Levantamento publicado pelo jornal O Globo no fim da manhã desta segunda-feira (27) mostra que…

Criado pela Lei n. 10.346 de maio deste ano, o Adote Uma Praça prevê a celebração de parcerias com a iniciativa privada, com pessoas físicas ou jurídicas

Levantamento publicado pelo jornal O Globo no fim da manhã desta segunda-feira (27) mostra que a adesão popular ao isolamento social em Goiás caiu ao menor patamar desde o início da quarentena: 41%. Com o resultado, Goiás alcança a marca de Estado brasileiro com menor índice de confinamento entre todas as unidades federativas. Os dados foram extraídos do “Relatório de Mobilidade Comunitária”, publicado pela Google.

Os números contrastam com resultados obtidos via georreferenciamento pela empresa In Loco, que também vem disponibilizando dados sobre a circulação de pessoas em Goiás com base no deslocamento de smartphones. De acordo com a In Loco, o índice de isolamento em Goiás já chegou a ser o melhor do país, quando acumulou 65% de adesão aos protocolos no dia 30 de março. Porém, a própria empresa já detectava uma tendência de declínio quanto ao respeito ao decreto, uma vez que demonstrou, em 14 de abril, uma queda de 6,5 pontos percentuais (58,5%) na obediência dos goianos ao confinamento. Os dados mais recentes da In Loco apontam que, em Goiás, o isolamento é de 54,6%.

A pressão do Fórum Empresarial sobre o governador Ronaldo Caiado (DEM) foi decisiva para o afrouxamento da quarentena. Há uma semana, emparedado por comerciantes, Caiado assinou e publicou decreto que autorizou a abertura de salões de beleza, igrejas, templos religiosos, barbearias, concessionárias, empresas de inspeção veicular e estabelecimentos sediados à margem de rodovias.

O mesmo decreto ratificou a permissão para que continuassem a funcionar o setor da construção civil, escritórios públicos e privados (desde que não houvesse atendimento ao público) e alguns outros ramos da economia. O Vapt Vupt retomou atividades com o atendimento agendado. O trânsito em Goiânia e nas principais cidades do Estado voltou a um patamar que já lembra o período pré-quarentena.

O levantamento

Os dados sobre a adesão popular ao isolamento social nos estados foram extraídos do “Relatório de Mobilidade Comunitária”, que considerou a média dos últimos sete dias úteis de março, excluindo feriados nacionais e fins de semana, e comparou-os com os dados de intervalo de tempo similar em abril, até o último dia 17/4, data mais recente no relatório de mobilidade.

A ferramenta da Google, baseada em dados de localização de usuários do aplicativo Google Maps em áreas como centros comerciais, restaurantes, estações de trem e pontos de ônibus, compara a movimentação diária de pessoas em relação ao período entre janeiro e fevereiro deste ano, antes do início medidas de isolamento social.

Na categoria que engloba a movimentação em pontos de acesso ao transporte público, alvos de menores restrições de governos estaduais e municipais, a queda de circulação de pessoas em âmbito nacional foi de apenas 53% em abril, contra 60% no fim de março. Estados como Minas Gerais, com 43%, e Goiás, com apenas 41% de queda de circulação, figuram entre os que menos tiveram sucesso em reduzir a movimentação no transporte público em abril, segundo indica o relatório da Google.

Em relação a áreas comerciais não essenciais – isto é, excluindo mercados e farmácias – e atividades de lazer, todos os estados apresentaram maior circulação de pessoas em abril do que no fim de março. Alguns Estados, no entanto, ainda apresentam reduções de movimentação acima de 60%, como Piauí, Ceará e Paraíba. Os dados são anteriores à última semana, quando governadores de estados como Goiás, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul anunciaram planos de flexibilização da quarentena.

Titular da Saúde balança em Goiás

Embora tenha ameaçado até um rompimento com o presidente Jair Bolsonaro por defender a necessidade do isolamento social, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), assinou na última segunda-feira decreto que ampliou o funcionamento do comércio e permitiu aos municípios decidirem sobre regras de flexibilização. Diante de aglomerações no transporte público e no comércio de rua em Goiânia e outras cidades, Caiado ameaçou na última sexta “fechar tudo de novo”.

Em meio à fritura do então ministro da SaúdeLuiz Henrique Mandetta por Bolsonaro, Caiado gerou mal-estar ao declarar que acolheria Mandetta, seu amigo pessoal, na secretaria de Saúde de Goiás. A permanência do atual secretário, Ismael Alexandrino, foi defendida pelo presidente da Assembleia Legislativa de Goiás e por outros parlamentares, inclusive da base de Caiado.

Procurado, o governo de Goiás respondeu, através de nota, que o protocolo de reabertura foi baseado “nas recomendações do Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública sobre o coronavírus”, e que não permite o funcionamento de escolas, igrejas ou academias. Através da assessoria de imprensa, Caiado afirmou ainda que se sente grato “pelo reconhecimento do trabalho feito por toda a equipe da Secretaria de Saúde de Goiás”.

Zema: alinhamento a Bolsonaro

Em Minas, o governador Romeu Zema (Novo) anunciou na última quinta-feira, ao lado de seu secretário de Saúde, Carlos Eduardo Amaral, um plano de retomada gradual do comércio, que deverá ser implementado pelas prefeituras. Zema vinha sugerindo a reabertura desde o último dia 9, após se reunir com o presidente Jair Bolsonaro em Brasília, mas enfrentou a resistência de seu secretário de Saúde, que chegou a afirmar que não havia previsão de flexibilizar a quarentena no curto prazo. O protocolo detalhado deve ser disponibilizado pelo governo de Minas nesta segunda-feira.

Opositores e até aliados apontam a ligação do governador com o setor empresarial – Zema era administrador de um grupo comercial antes de se lançar na política – como um dos fatores que explicam a insistência na reabertura. Zema vem adotando posição oposta à de seu desafeto político, o prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD), que tem defendido o endurecimento das restrições de circulação.

– A posição de Zema é vacilante desde o início da pandemia, mas ele em momento algum fez uma plena defesa do isolamento social. Ele tenta manter também um alinhamento com o governo federal, tanto é que foi um dos dois governadores que não assinaram a carta cobrando mais firmeza da União na garantia do isolamento – afirmou o deputado estadual André Quintão (PT-MG), líder da oposição a Zema na assembleia de Minas.

Isolamento social nos estados*

*Média de redução de circulação até 17 de abril (Diferença em relação a março)

Distrito Federal: 50% (-10%)
Acre: 66% (+3%)
Alagoas: 60% (-4%)
Amapá: 72% (+10%)
Amazonas: 45% (+1%)
Bahia: 60% (-6%)
Ceará: 63% (-6%)
Espírito Santo: 57% (-9%)
Goiás: 41% (-11%)
Maranhão: 60% (-3%)
Mato Grosso: 45% (-15%)
Mato Grosso do Sul: 42% (-24%)
Minas Gerais: 43% (-11%)
Pará: 51% (-1%)
Paraíba: 59% (-5%)
Paraná: 47% (-14%)
Pernambuco: 53% (-5%)
Piauí: 73% (0)
Rio de Janeiro: 56% (-6%)
Rio Grande do Norte: 53% (-4%)
Rio Grande do Sul: 50% (-13%)
Rondônia: 59% (-1%)
Roraima: 62% (+2%)
Santa Catarina: 66% (-13%)
São Paulo: 55% (-3%)
Sergipe: 69% (-3%)
Tocantins: 53% (-12%)