Violência

Morto no Chorinho não era morador de rua, diz sogra

Roberto Rodrigues da Fonseca Nardi, de 30 anos, identificado inicialmente como morador de rua, na…

Roberto Rodrigues da Fonseca Nardi, de 30 anos, identificado inicialmente como morador de rua, na realidade trabalhava e vivia com o companheiro no Jardim Goiás. O homem morreu no Chorinho realizado em Goiânia na  última sexta-feira (16) na esquina da Rua 3 com a Avenida Goiás, no Setor Central.

Como estava sem documentos no momento em que foi levado ao Instituto Médico Legal (IML), Roberto só foi reconhecido posteriormente. Frequentadores do evento haviam identificado a vítima como um morador de rua que costumava assistir aos shows realizados em frente ao Grande Hotel.

No entanto, a sogra de Roberto, Irani da Conceição Moreira, de 53 anos, informou que foi uma surpresa para ela e o filho Eládio Ferreira, de 39, quando receberam a notícia da morte por meio dos veículos de comunicação que informavam que o rapaz foi tido como morador de rua. Ela explica que seu filho estava com o companheiro no evento no dia do ocorrido.

Irani conta que os dois estavam juntos quando Eládio precisou ir ao banheiro e, na volta, se desencontrou de Roberto. “Quando ele voltou, não encontrou o Roberto e chegou a procurar por ele junto com outros amigos que estavam lá. Por volta das 22 horas, como não se encontraram, meu filho voltou para casa sozinho”, relata.

Conforme Irani, ela e o filho ficaram sabendo da morte no domingo (18). Neste mesmo dia, Eládio esteve no IML com a certidão de nascimento de Roberto para tentar liberar o corpo. No entanto, apenas um familiar pode realizar o procedimento legal e a família da vítima reside em São Paulo.

A sogra de Roberto conta que ele e seu filho estavam juntos há cerca de três anos, mesmo período em que o rapaz vivia em Goiânia. Irani explica que ambos trabalhavam de maneira autônoma vendendo balas na ruas e que, recentemente, seu genro havia comentado que voltara a estudar e estava matriculado no ensino médio com o intuito de terminar o segundo ano.

Irani relata que na sexta Roberto estava sem documentos porque recentemente perdeu sua carteira de identidade e não solicitou a segunda via. “Mas ele tinha documentos, pois chegou inclusive a trabalhar com carteira assinada aqui em Goiânia. Meu filho encontrou a certidão de nascimento dele e levou para o IML, até então ele não tinha sido identificado”, explica.

Irani descreveu Roberto como tranquilo e esforçado. O dinheiro que o rapaz e seu companheiro tiravam vendendo bala era suficiente, segundo a mulher, para sustentá-los e pagar o aluguel da casa em que viviam. Após a morte de Roberto, Eládio vai voltar a morar com mãe e já está de mudança.

Em vídeos gravados pelos organizadores do Chorinho momentos antes da briga que resultou na morte do rapaz, ele aparece com bebida alcoólica em mão, o que, para sua sogra, eram comum mas nunca causou problemas.

Em relação ao modo como Roberto era conhecido, “bailarino”, Irani e o filho nunca ouviram tal expressão. Contudo, frequentadores do evento contam ter adotado o apelido pois não sabiam o nome do homem que costumava dançar durante os shows, próximo ao palco onde aconteciam as apresentações.

Segundo a Polícia Civil, as investigações da morte de Roberto estão a cargo da Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios (DIH), lideradas por Francisco José Silva Costa Júnior. O delegado iniciou a apuração do ocorrido solicitando que as lojas próximas ao Grande Hotel disponibilizem imagens do monitoramento eletrônico, já que as câmeras de segurança públicas não conseguiram captar o crime.

Um dos organizadores do evento afirmou ter visto membros de torcida organizada agredindo um rapaz. Enquanto a equipe de organizadores tentava socorrer a vítima, um indivíduo que não foi identificado sacou a arma e atirou, atingindo os três rapazes. Contudo, a DIH não confirmou essa versão até o momento.

Não se sabe se a bala que atingiu Roberto e outros dois rapazes partiu de pessoas que estavam no show ou que chegaram ao local posteriormente. Irani não acredita no envolvimento de seu genro em situação que tenha motivado a briga. “Ele estava no lugar errado no momento errado”, conclui.

Veja o vídeo gravado pelos organizadores momentos antes da briga: