caso jehan

Homem que matou estudante em briga por chopp alega que golpeou Jehan para se defender

Réu que responderá pela morte de Jehan Paiva, ocorrida no dia 7 de junho de 2013, é o médico veterinário Paulo Victor Sousa Gomes

Intimado a se sentar no banco dos réus, nesta terça (7), para responder pela morte do estudante de odontologia Jehan Paulo José de Paiva em uma festa universitária que aconteceu em Anápolis, no dia 7 de junho de 2023, o médico veterinário Paulo Victor Sousa Gomes afirma que golpeou o coração da vítima, de 21 anos, para se defender. A tese de legítima defesa foi apresentada por ele em interrogatório que aconteceu no dia 11 de março de 2019.

“Em juizo, o acusado alegou que a vitima e os amigos brigaram com ele, que eram três ou quatro contra ele sozinho e que, para se defender, tirou o canivete do bolso e, sem saber onde acertaria, desferiu um golpe que pegou na costela da vitima”, diz a promotora Maria Helena Gomes Medeiros na peça em que pediu a pronúncia do réu.

A briga aconteceu por motivo fútil. O chopp que era servido na festa acabou e, quando voltaria a ser servido, por volta das 16 horas, formou uma fila em frente ao balcão. As testemunhas relatam que um rapaz, chamado Pedro, tentou colocar o copo na frente de outros que esperavam e isso irritou réu. Paulo teria segurado Pedro pelo colarinho, o que ensejou a intervenção de Jehan (um dos organizadores da festa). Foi então que a confusão ficou maior e Jehan foi assassinado.

Manifestação pediu Justiça após assassinato de Jehan Paiva (Foto: Reprodução)

O pai de Jehan, o dentista José Paiva, não aceita a tese de que o filho foi morto porque o réu agiu em legítima defesa. “Eu não sou advogado, mas estudei esse processo o tempo todo. Pelo que eu li e entendi até hoje, não justifica a pessoa alegar legítima defesa se ele foi o primeiro a atacar as pessoas. Até mesmo pessoas mais novas do que ele, ainda estudantes, acadêmicos. Ele teria é que zelar pelas pessoas. A festa não era dele, era dos estudantes de odontologia. Então não existe essa tese. Ele foi armado. E quem quer se defender dá uma facada na perna, no braço. Não no coração. Ele atacou para matar, não para se defender. Ele foi com a intenção de brigar, é um perigo para sociedade”, diz ao Mais Goiás.

Paulo Victor estava na festa com a namorada e, ainda de acordo com testemunhas ouvidas no processo, precisou correr para conseguir sair da chácara depois do golpe no coração do estudante. Participantes da festa teriam-no impedido de entrar em um carro no estacionamento, e ele então correu na direção da BR-414, onde conseguiu pular na carroceria de um carro menor que estava ali para resgatá-lo.

O veterinário chegou a ser preso após a morte de Jehan, mas conseguiu habeas corpus no dia 14 de junho de 2013 e aguarda a sentença em liberdade desde então.

Jehan ao lado dos pais, José e Helena Paiva (Foto: arquivo da família)