COMPLEXO DA PAPUDA

Homem que vive em Planaltina é absolvido após um mês preso e será indenizado

O técnico em segurança eletrônica Mauro Oliveira de Andrade ficou quase um mês preso no…

Justiça inocenta homem que ficou quase um mês preso no DF
Justiça inocenta homem que ficou quase um mês preso no DF (Foto: Reprodução - TV Globo)

O técnico em segurança eletrônica Mauro Oliveira de Andrade ficou quase um mês preso no Complexo da Papuda, Distrito Federal, suspeito de furtar uma loja em Taguatinga, no ano passado. A Justiça, contudo, o inocentou em ação indenizatória neste mês por considerar falhas na investigação policial.

Segundo informações do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), o homem, que vive em Planaltina, no entorno do DF, ficou preso de 21 de abril e 11 de maio de 2021 – 26 dias. Ele é funcionário da loja.

Como as digitais dos dedos dele estavam na central de alarme, ele foi considerado suspeito. A defesa, contudo, afirma que ele mexia no equipamento para manutenção.

Após investigação, a Polícia Civil do DF concluiu que ele tinha envolvimento e o prendeu em casa. Ele não tinha antecedentes criminais e a dona da loja, inclusive, testemunhou a favor dele, conforme revela a defesa. Além disso, os criminosos – presos no mesmo dia – disseram que não sabiam quem era ele.

Decisão

Para o juiz Daniel Eduardo Branco Carnacchioni, da 2ª Vara da Fazenda Pública do DF, o inquérito não demonstrou indícios que ligassem Mauro ao crime. Além disso, condenou o governo do Distrito Federal a pagar indenização de R$ 40 mil.

“O autor permaneceu 26 dias preso sem que houvesse no inquérito policial qualquer indício de autoria que o relacionasse com o delito cometido. No caso, o único indício apurado na investigação, qual seja, as impressões digitais do autor na central de alarme do estabelecimento furtado, restou devidamente elucidado após a comprovação da prestação de serviço de manutenção de alarme pelo autor no local. Portanto, outra não é a conclusão senão a de existência de nexo causal entre a falha na condução das investigações policiais e supostos danos suportados pelo autor. Estão presentes, pois, os pressupostos para a responsabilidade civil.”

E ainda: “A privação infundada da liberdade constituiu, no caso, violação à dignidade da pessoa, sendo presumível a intensidade da angústia e dor psíquica a que restou submetido diante da força persecutória do Estado (…) O ultraje à integridade física, moral e psíquica do autor, em razão de ter sido preso ilegalmente, caracteriza dano moral passível de compensação pecuniária.”

Por fim, ele diz que os fatos “permitem concluir a grave repercussão do ato na esfera íntima da vítima” e a “privação infundada da liberdade constituiu, no caso, violação à dignidade da pessoa, sendo presumíveis a intensidade da angústia e dor psíquica a que restou submetido diante da força persecutória do Estado”.

Confira AQUI.

Defesa de Mauro

Adriano Alves da Costa, advogado de Mauro, disse ao Mais Goiás que a defesa pediu R$ 110 mil pelo constrangimento, mas também pelos riscos que o cliente dele passou na prisão. O técnico em segurança eletrônica contraiu Covid-19 no local, mesmo tendo comorbidades (diabético).

Questionado se pretende recorrer sobre o valor, ele diz que estuda a possibilidade com o sócio. “Não há dinheiro que pague. Ele foi preso sendo inocente. Tanto que trabalha na mesma empresa que foi acusado de furtar”, cita sobre o homem que é caso e tem dois filhos.

Em relação ao governo do DF, o advogado diz que ele ainda não se manifestou sobre as decisões, até o momento.

Respostas

O portal entrou em contato com a Polícia Civil do DF. Por nota, eles informaram que “todas as prisões realizadas pela PCDF, seja ela em flagrante ou provisória, são submetidas ao crivo do Poder Judiciário”.

Ainda segundo a corporação, todos os elementos de informação produzidos nos autos passam pela análise criteriosa do Ministério Público. “Após essa avaliação é encaminhada ao juiz, ocasião em que debruça sobre as manifestações da autoridade policial e do promotor de justiça, acolhendo ou não o pedido de prisão.”

Por fim, a Polícia afirma que a prisão ocorreu com base em critérios técnicos e “teve seus fundamentos ratificados pelo promotor do caso e acolhidos pelo juiz da causa”. O portal também procurou a assessoria do governo do DF, mas não teve retorno até o fechamento.

O governo do Distrito Federal também foi procurado, mas não respondeu até o fechamento da edição. O espaço segue aberto.