ENCERRAMENTO DE ATIVIDADES

Hospital Santa Rosa vai fechar as portas por falta de repasse da prefeitura de Goiânia

Decisão de encerrar as atividades foi adiada ao máximo, conforme a direração; dívida é de R$ 4 milhões

Hospital Santa Rosa vai fechar as portas por falta de repasse da prefeitura de Goiânia
Hospital Santa Rosa vai fechar as portas por falta de repasse da prefeitura de Goiânia (Foto: Divulgação)

O Hospital Santa Rosa informou, em nota ao Mais Goiás, que vai fechar as portas devido ao não pagamento de dívidas por parte da prefeitura de Goiânia. Segundo a unidade, os débitos “inviabilizaram o funcionamento da unidade de saúde, obrigando sua direção a tomar a difícil decisão de manter somente a clínica de diagnósticos e fechar as portas daquele que é um dos hospitais mais antigos e tradicionais da capital”.

Conforme o texto, o fechamento não representa apenas 52 leitos a menos para os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) da cidade – dez deles de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) -, mas o “encerramento de um importante capítulo da história da capital, pois a unidade possui 70 anos de existência, tendo sido fundada em 1955, época em que existiam somente outros três hospitais em Goiânia e uma grande demanda por assistência médica especializada”.

Diz, ainda, que a decisão de fechar as portas foi adiada ao máximo. Primeiro, pelo impacto à saúde pública de Goiânia, mas também pelo social, uma vez que a unidade gera dezenas de postos de trabalho, que provêm a renda das famílias envolvidas. Os valores devidos seriam de R$ 4 milhões.

O Mais Goiás procurou a atual gestão da prefeitura de Goiânia para comentar sobre o anúncio. Às 20h16, o município disse que lamenta o encerramento das atividades do Hospital, mas reitera que cumpre determinação do prefeito Sandro Mabel para que no atual mandato os pagamentos aos prestadores de serviços de saúde sejam realizados em dia, de forma integral, assim que a prefeitura receber os recursos do SUS.

Diz, ainda, que “a prioridade da atual gestão é definir um cronograma de pagamento dos débitos acumulados nos últimos quatro anos, e a renegociar os contratos e convênios firmados com a secretaria” e que lamenta a decisão judicial de bloqueio das contas do Fundo Municipal de Saúde, que inviabiliza qualquer novo repasse tanto aos Hospital Santa Rosa quanto aos demais fornecedores do município.

Vale citar, a crise na saúde de Goiânia também afeta outras unidades de saúde, como clínicas de diálise, que afirmam ter R$ 4 milhões para receber do município, e a Fundação Banco de Olhos, que suspendeu o atendimento na capital por falta de pagamento.

Confira a nota da prefeitura na íntegra:

“A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia lamenta o encerramento das atividades do Hospital Santa Rosa, uma das mais tradicionais unidades de saúde da capital, que realizava atendimentos aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), conveniados e particulares.

A SMS reitera que cumpre determinação do prefeito Sandro Mabel para que no atual mandato os pagamentos aos prestadores de serviços de saúde sejam realizados em dia, de forma integral, assim que a prefeitura receber os recursos do SUS.

A prioridade da atual gestão é definir um cronograma de pagamento dos débitos acumulados nos últimos quatro anos, e a renegociar os contratos e convênios firmados com a secretaria, em busca de reequilíbrio financeiro, considerando o estado de calamidade orçamentária e da assistência em saúde do município.

A secretaria lamenta, ainda, a decisão judicial de bloqueio das contas do Fundo Municipal de Saúde, que inviabiliza qualquer novo repasse tanto aos Hospital Santa Rosa quanto aos demais fornecedores do município.”

Comunicado sobre o encerramento das atividades do Hospital Santa Rosa

“É com grande pesar que informamos o encerramento das atividades do Hospital Santa Rosa. A despeito de todos os esforços empreendidos para resistir às dificuldades financeiras decorrentes da não quitação de débitos por parte da Prefeitura de Goiânia, as dívidas em aberto nos últimos anos inviabilizaram o funcionamento da unidade de saúde, obrigando sua direção a tomar a difícil decisão de manter somente a clínica de diagnósticos e fechar as portas daquele que é um dos hospitais mais antigos e tradicionais da capital.

Diante dos problemas operacionais gerados pela dívida da Prefeitura de Goiânia, optamos pelo encaminhamento mais responsável e realista, sendo também o mais doloroso. O fechamento do Hospital Santa Rosa não representa apenas 52 leitos a menos para os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) da cidade, sendo dez deles de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Trata-se do encerramento de um importante capítulo da história da capital, pois a unidade possui 70 anos de existência, tendo sido fundada em 1955, época em que existiam somente outros três hospitais em Goiânia e uma grande demanda por assistência médica especializada.

Said Rassi, fundador do Hospital Santa Rosa, formou-se em 1953 pela Faculdade Nacional de Medicina, da Universidade do Brasil (RJ). Estagiou em Cirurgia Geral na Santa Casa do Rio de Janeiro em 1954 e, em seguida, retornou para Goiânia. No bairro de Campinas, ao lado de seu pai, iniciou a primeira etapa de construção da unidade de saúde e, gradativamente, foi ampliando sua estrutura e atividades. A conduta do hospital sempre foi pautada por uma política de assistência de qualidade à população carente da região e pelo relacionamento humano e respeitoso com sua equipe.

Após o falecimento de Said Rassi, o Hospital Santa Rosa passou a ser gerido diretamente por seus filhos Elias Rassi, Roberto Helou Rassi, Cristiane Rassi da Cruz e Rosa Rassi. A família, assim como o fundador da unidade, lutou de todas as formas, nos últimos anos, para manter o hospital em funcionamento, pois traz em seu sangue a resiliência do povo árabe, que chegou ao Brasil totalmente desprovido de recursos, mas com a firme determinação de trabalhar arduamente e superar desafios.

Infelizmente, os diversos esforços empregados não foram suficientes para suplantar os transtornos decorrentes dos débitos da administração municipal. A decisão agora anunciada foi adiada ao máximo, não somente pelo impacto à saúde pública de Goiânia, mas também pelo impacto social, pois geramos dezenas de postos de trabalho, que provêm a renda das famílias envolvidas. Para se ter uma ideia, há colaboradores que atuam na unidade há décadas e esperavam aposentar-se no hospital.

Aproveitamos a oportunidade para agradecer a confiança de todos os pacientes e familiares que contaram com nossos cuidados e a parceria de fornecedores e prestadores de serviços. Expressamos, principalmente, nossa profunda mais gratidão aos funcionários e ao corpo clínico, que se dedicaram inteiramente à tarefa atender a população com humanidade e excelência. Nosso sonho durou sete décadas, mas a certeza de haver prestado a melhor assistência médica possível aos pacientes de Goiânia permanece, bem como a segurança do dever cumprido com dignidade e honradez.

A Direção

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