EXTORSÃO

Esquema de agiotagem liderado por PMs em Goiás tinha tortura e oração por dinheiro

Os próprios investigados gravavam os atos

Imagens revelam tortura e oração sobre dinheiro em esquema de agiotagem liderado por PMs em Goiás
Imagens revelam tortura e oração sobre dinheiro em esquema de agiotagem liderado por PMs em Goiás (Foto: Reprodução)

Imagens revelam tortura e oração sobre dinheiro do grupo suspeito de um esquema de agiotagem, lavagem de dinheiro e extorsão em Luziânia. Na última sexta-feira (28), a Polícia Civil prendeu três policiais militares, uma advogada e outras pessoas que participavam das ações criminosas. Os próprios investigados gravavam os atos.

O sargento da Polícia Militar (PM) de Goiás, Hebert Póvoa, foi um dos detidos durante a ação. Em 2022, ele disputou como vereador de Luziânia pelo PL. Conforme a Polícia Civil, o PM era o líder do grupo. Em um vídeo gravado por ele mesmo, o agente está dentro da casa de uma mulher que teria contraído uma dívida com a quadrilha. Ele aterroriza a vítima.

Com arma na mão e diante de uma vítima amedrontada, ele dá tapas no rosto dela, a chama de “vagabunda” e “piranha”, além de a ameaçar. Ele afirma que ela pagaria caro, enquanto a mulher tenta dizer que não tinha recebido nenhum dinheiro.

Neste momento, o policial toma o celular dela, que implora pelo aparelho e justifica que precisa dele para trabalhar. Em seguida, a devedora pede que o sargento confira o armário para mostrar que não conseguiu comprar nem o básico para a filha dela. O vídeo, divulgado pelo Metrópoles, é parte das provas reunidas durante a operação.

Já em um dos vídeos divulgados pela TV Anhanguera, nesta segunda-feira (1º), a advogada Tatiane Meirelles aparece orando para o dinheiro conseguido de forma ilegal. “Agradecemos, Senhor, pela prosperidade que reina nesse lar. Te pedimos, Pai amado, que cada pessoa que receber esse dinheiro, que ela tenha gratidão, Pai.”

Organização

Além de Hebert, os PMs José Ronan Ferreira Lustosa e Miguel Roberto Mendonça ajudavam nas cobranças. Os empresários que financiavam o esquema eram José Lindolfo Meirelles e os irmãos Daniel Alpha Lopes e Edson Alpha.

Também chefe do esquema e responsável pelo apoio jurídico, está a advogada Tatiane Meirelles. Casada com o sargento Póvoa, ela foi presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-GO de Luziânia. A mulher, inclusive, aparece em um vídeo agredindo um homem com um taco de beisebol ao lado do marido.

Desde outubro do ano passado a Polícia Civil investiga o caso. Durante a operação recente, os agentes apreenderam quatro celulares na casa do casal, quatro armas quatro simulacros de pistola, um taco de beisebol, uma máquina de cartão de crédito, talões de cheque e cerca de R$ 22 mil.

Os PMs estão presos no presídio militar de Goiânia. Tatiane está detida na unidade prisional de Luziânia e três empresários também estão no município, na CPP. Todos já passaram por audiência de custódia.

Em nota a Polícia Militar informou que os PMs foram afastados, que está colaborando e que os crimes foram cometidos fora do ambiente de trabalho. A Polícia Civil atua na identificação de outras vítimas. A reportagem do Mais Goiás não conseguiu contato com as defesas dos três PMs e da advogada, mas o espaço está aberto para pronunciamento.

Caso

Três policiais militares (PMs) de Goiás, uma advogada e outras três pessoas foram presas pela PCGO na sexta-feira (28). Eles são suspeitos de comandar um esquema de agiotagem, lavagem de dinheiro e extorsão em Luziânia, no Entorno do Distrito Federal (DF). Um vídeo obtido pela Polícia Civil, registrado pelos próprios suspeitos, mostra a profissional do Direito espancando um homem com um taco de beisebol. O grupo teria movimentado mais de R$ 7 milhões em dois anos de atividade ilegal.

De acordo com as investigações coordenadas pela 5ª Delegacia Regional de Luziânia, a advogada Tatiane Meireles, que é esposa do sargento PM Hebert Póvoa, é a mulher que aparece no vídeo agredindo um homem, que estava de joelhos, atrás de um veículo. Enquanto ela batia na vítima, o responsável pela gravação do vídeo fez ameaças. “Aqui no Goiás você vai aprender como funciona.”

Além de participar pessoalmente das cobranças, a advogada, de acordo com a PC, dava suporte jurídico à quadrilha. Além dela e do marido, foram presos também o sargento Miguel Roberto Mendonça e o soldado José Ronam Ferreira Lustosa. Todos os PMs são lotados no quartel de Luziânia.