AMOR E ESPERANÇA

Imunizadas contra Covid, goianas revelam alívio em poder celebrar o Dia das Mães com os filhos

A técnica de enfermagem Antônia Luciana Neves da Silva, 35 anos, terá um Dia das…

Imunizadas contra Covid, goianas revelam alívio em poder celebrar o Dia das Mães
(Foto: Jucimar de Sousa)

A técnica de enfermagem Antônia Luciana Neves da Silva, 35 anos, terá um Dia das Mães mais tranquilo neste domingo (9). Isso porque, por ser profissional de saúde, ela já está entre as pessoas imunizadas com as duas doses da vacina contra Covid-19. Após passar a data cheia de medos e incertezas no ano passado, ela agora tem esperança de dias melhores, mesmo sabendo que o cuidado com todos a sua volta está longe de acabar.

Mãe de Isadora Santos, 14 anos e Isa Kimberly Santos, 18, ela mora com as filhas e o atual marido. Antônia diz que, por conta do trabalho, chegou a cogitar a que as meninas fossem morar com o pai durante o isolamento social e ficou com medo de ter que passar esse domingo longe delas.

“Fomos nos organizando, fazendo adaptações, tomando os devidos cuidados e achamos melhor ficar aqui mesmo. Terei que passar o Dia das Mães longe da minha e isso já é triste. Mas só de estar com minhas filhas eu fico bem, é uma forma de sonhar com o futuro melhor”, afirma.

Meses atrás, a técnica de enfermagem, que trabalha no Hugol (Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira) foi diagnosticada com Covid-19 e chegou a ter 20% dos pulmões comprometidos.

“Fiquei muito preocupada, só pensava na minha família, nas minhas filhas que ainda precisam de mim”, diz Antônia. Hoje recuperada, ela lamenta ter de lidar diariamente com o preconceito de algumas pessoas durante a pandemia, pelo fato dela ser profissional da saúde.

Múltipla função

Se antes a mãe de Isadora e Isa Kimberly tinha uma “jornada dupla”, de casa para o trabalho, agora a jornada é tripla. Isso porque – além de mãe e enfermeira -, ela, assim como várias mães durante essa pandemia, está exercendo agora o papel de “professora”.

“Ensinar adolescente não é tarefa fácil, e sabemos que a educação à distância tem suas complicações. As meninas ficaram muito ansiosas, mas tentei levar da melhor forma. Exige muita paciência ser mãe, profissional da saúde, e agora ter que ajudar mais ainda nas tarefas escolares, além de tentar manter uma rotina dentro de casa”, afirma.

Imunizadas contra Covid, goianas revelam alívio em poder celebrar o Dia das Mães

Antônia Luciana e as filhas, Isadora e Isa Kimberly (Foto: Jucimar de Sousa)

Lutando pela vida

Antônia diz que só tem a agradecer por poder passar esse Dia das Mães com as filhas, principalmente por, no trabalho, ela ter que presenciar constantemente diversas mães se despedindo dos filhos.

“A gente luta pela vida, mas muitas vezes ficamos de mãos atadas. É um sentimento de impotência, trabalhar e tentar me proteger e proteger minha família. Eu sempre agradeço a Deus por poder estar com minhas filhas, ainda mais por ver diversos pais que não terão essa alegria”, acrescenta.

“Tinha uma paciente de 14 anos de idade que vinha há tempos lutando contra um câncer, sonhando com um transplante de medula. Infelizmente, durante o tratamento, ela foi infectada pela Covid-19 e veio a falecer. Foi doído, me afetou muito ver a esperança de uma mãe lutando pela vida da filha com a mesma idade que minha caçula. Eu olhava para a menina e imaginava a dor da família“, lamenta.

Antônia ainda deixa um recado para quem vai passar o Dia das Mães longe da sua: “Estar longe não significa estar afastado. Uma mãe nunca perde a conexão com seus filhos”.

“A distância é uma forma de cuidar”

E o “estar longe” citado por Antônia, é a realidade de outra mãe, a Margarette Alves Ferreira, de 65 anos. Atualmente ela mora com o esposo, longe do filho Eduardo Alves Ferreira, 40, e da neta Anna Clara Ferreira Silva, de 11 anos. Margarette comemora o fato de estar imunizada, mas não esconde o medo pelos entes queridos que ainda não receberam a vacina contra Covid-19.

“A família toda se reunia aos domingos, era só alegria. Agora, sinto falta de dar um abraço na minha neta, no meu filho. Vi pouco minha família desde o início da pandemia. Tenho uma tia que é uma mãe pra mim e desde março do ano passado eu não a vejo. Há meses não vejo meus irmãos. Nasceram dois sobrinhos e eu ainda não os conheci. Mas sei que quando a gente se resguarda, essa distância é uma forma de cuidar de todos também”, reflete.

Mesmo imunizada, Margarette não deixou de lado os cuidados básicos. “Uso duas máscaras e passo álcool em gel nas mãos o tempo todo. Chego do trabalho na sexta a noite e só vou sair de casa na segunda de manhã. Até para ir ao mercado, vou quando imagino que esteja mais vazio. Esse isolamento é triste, mas necessário”, diz.

Imunizadas contra Covid, goianas revelam alívio em poder celebrar o Dia das Mães

(Foto: Jucimar de Sousa)

De olho na vacina

A mãe de Eduardo acompanha diariamente as notícias sobre a vacinação e diz que tudo ainda está em passos lentos, mas que tem esperança de passar pelo menos o Natal com os familiares. “Vou abraçar um por um. Graças a Deus ninguém da minha família teve a forma agressiva [da Covid-19], mas é triste receber notícias de conhecidos que sofreram com a doença”, continua.

O filho de Margarette lamenta não poder estar sempre com a mãe, mas respira aliviado sabendo que nesse domingo poderá passar a data com Margarette de uma forma mais tranquila que no ano passado. O técnico em segurança do trabalho ainda chama a atenção de quem não acredita no poder da vacina.

“As vacinas estão presentes na nossa vida desde que nascemos. É necessário olhar com bons olhos a imunização contra Covid-19, é a nossa esperança. Não precisa ter medo da vacina, temos que temer o vírus. A prevenção em primeiro lugar”, afirma.

Eduardo diz que ficou meses sem ver a mãe, e que, quando via, era de longe. “Eu fazia compras para evitar que ela saísse de casa e as conversas durante muito tempo foram só pela internet”, relembra.

Imunizadas contra Covid, goianas revelam alívio em poder celebrar o Dia das Mães

(Foto: Jucimar de Sousa)

Internet essa que é aliada de muitas mães durante a pandemia. Margarette mesmo, afirma que é uma das ferramentas que passou a usar com mais frequência após o início do isolamento. “Participo de grupos de oração, recebo notícias dos amigos. Tem o grupo da família onde compartilhamos palavras de consolo e piadas para rirmos juntos. E claro, falo com meu filho e minha neta todo dia, toda hora”, comenta.

Vida longa para a família

Eunice Rodrigues Teixeira, 72 anos, é mãe de três filhos, avó de três netos e já tem um bisneto. A dona de casa também já está imunizada contra a Covid-19 mas ainda não sabe como será esse Dia das Mães.

“Espero que nessa data tão especial eu possa estar com meus filhos e netos. Estou imensamente feliz em já ter tomado as duas doses da vacina, pois quero ter uma vida longa para aproveitar muito a família”, diz.

O marido de Eunice, Adevaldo Teixeira, de 79 anos, teve Covid-19, ficou oito dias internado e chegou a ter 50% dos pulmões comprometidos. A mulher relembra o momento delicado e diz que teve muito medo de perder o esposo.

“Eu também fui infectada, mas felizmente não tive nenhum sintoma grave. Fiquei apreensiva pensando em toda família, mas agora o que fica é nossa história de superação”, celebra.

Um dos filhos da dona de casa, Wesley Yuri de Souza, 51, diz que hoje tem motivos para comemorar, com o pai e a mãe imunizados. No entanto, não deixa de relembrar os momentos difíceis que passou com os pais durante o período mais crítico do isolamento social.

“Levava as compras na casa deles e deixava do lado de fora, com as sacolas todas higienizadas. Ainda tem aquela preocupação psicológica por causa do isolamento e por ser uma doença nova, que a cada dia é uma surpresa diferente. É um período de muitas orações pedindo proteção”, diz Yuri.

O filho da dona Eunice diz que os familiares fizeram diversas lives e que uma chamada de vídeo “pode fazer com que a família toda esteja reunida no mesmo ambiente, mesmo cada um na sua própria casa”. “É estar perto, mesmo estando longe. A distância fez o básico ganhar mais valor e ele passou a ser essencial”, acrescenta.

A pandemia vai passar, mas o amor de mãe é para sempre

Veja mensagens de esperança deixadas pelas entrevistadas para este dia das mães:

“Quero deixar meu abraço e meu conforto para todas as mães que infelizmente não poderão estar com seus filhos, para as mães que ainda não estão vacinas, que possam ver seus filhos crescer. Em especial às profissionais de saúde, eu sei que não está sendo fácil. Vamos vencer essa luta! No Dia das Mães do ano que vem, vamos estar reunidos, sorrindo e podendo abraçar”, Antônia Luciana Neves da Silva.

“Valorizem suas mães, não transmitindo o vírus, não indo pra balada, não saindo para festejar. Fiquem em casa, fiquem seguros. E para as mães, mesmo já vacinadas, continuem se cuidando. Nada é mais forte que o amor de mãe”, Margarette Alves Ferreira.

“Quero dizer para todas as mães que é o momento delicado, que realmente gostaríamos de estar mais perto dos filhos. Mas tenham calma, que logo a vacina chegará. E um Feliz Dia das Mães!”, Eunice Rodrigues Teixeira.