NEGLIGÊNCIA

Incêndio em cinema de Goiânia poderia ter sido evitado, conclui polícia

O incêndio ocorrido no cinema do antigo Banana Shopping, em Goiânia, poderia ter sido evitado,…

Polícia indicia responsáveis por cinema de shopping do centro por incêndio em abril
Polícia indicia responsáveis por cinema de shopping do centro por incêndio em abril (Foto: Jucimar de Sousa - Mais Goiás)

O incêndio ocorrido no cinema do antigo Banana Shopping, em Goiânia, poderia ter sido evitado, conforme apontam as investigações da Polícia Civil. Fato aconteceu no dia 4 de abril desse ano e destruiu quatro de cinco salas. A apuração identificou uma série de falhas que contribuíram para que o fogo não apagasse, como a ausência de chuveiros automáticos em ordem e o fato de os hidrantes dispostos estarem descarregados.

Segundo as investigações, o local também não possuía o Certificado de Conformidade (Cercon). O documento é emitido após inspeção do Corpo de Bombeiros, para certificar a segurança do espaço e reduzir os riscos de incêndio.

No inquérito policial, revelado pelo Jornal O Popular, consta que o shopping possui alvará dos bombeiros em em vigor. Porém, esse documento não se estendia para a área do cinema. Portanto, era de responsabilidade do proprietário daquela parte que solicitasse o serviço de inspeção técnica para a obtenção do certificado.

Diante disso, os empresários responsáveis pelo shopping, Adriano Oliveira Santos e Gerson Santos da Silva, foram indiciados por incêndio culposo, na modalidade de negligência. “Eles foram negligentes em não procurar a vistoria do Cercon. Se os bombeiros tivessem dado o ok de segurança, provavelmente o fogo não teria alastrado”, considera a delegada responsável pelo caso, Jocelaine Braz Batista.

Bombeiros combatem incêndio em shopping na avenida Araguaia, em Goiânia

Bombeiros combatem incêndio em shopping na avenida Araguaia, em Goiânia (Foto: Jucimar de Sousa – Mais Goiás)

A delegada avalia também que, se os sócios não tivessem buscado a emissão do certificado, mas os dispositivos anti chamas estivessem funcionando, o fogo já teria causado menos estragos.

Demora para acionar bombeiros

Outro ponto levantado pela investigação, é a demora que os sócios tiveram para acionar o Corpo de Bombeiros. A atitude, na visão da investigadora, também contribuiu para que o fogo se alastrasse. Os donos alegam que tentavam sanar as chamas por conta própria.

Em depoimento, os bombeiros relataram ter tentado usar os dois hidrantes do shopping, porém, não tiveram sucesso, já que nenhum deles continha água. Sendo assim, a equipe sofreu atraso e foi necessário acionar outros grupos de apoio e veículos para contenção do fogo. O alarme sonoro só tocou depois das 21h, quando as labaredas já tinham sido extintintas, após 5 horas de combate.

Inquérito também aponta que o parecer referente à avaliação técnica

O 1° Batalhão Bombeiro militar emitiu parecer referente à avaliação técnica realizada após o incêndio. “Apesar de não ter sido possível apurar as causas do incêndio, ficou claro que alguns fatores proporcionaram o desenvolvimento das chamas e rápida propagação: fatura de carga combustível, comunicação entre as salas de cinema proporcionada pela sala de projeções e falha do sistema hidráulico de combate a incêndio”.

Incêndio atingiu quatro de cinco salas de cinema em shopping no Centro de Goiânia (Foto: divulgação)

Em depoimento, o sócio proprietário do shopping, Gustavo de Rezende Pinheiro, defende que as salas locadas são de responsabilidade dos locadores, ou seja, eles é quem deviam providenciar o seguro exclusivo de cada espaço. Atualmente, o shopping não possui seguro, visto que não é uma obrigatoriedade. Mas, por sua vez, os locatários do cinema tinham a obrigação de ter um seguro para o cinema.

Cinema sem previsão de retomada

A assessoria do cinema atingido pelo fogo, Cinex, informou que o local está totalmente interditado e não existe previsão de retomada.

“O prejuízo financeiro sofrido com o incêndio foi inestimável e um sonho foi destruído com as chamas. Além das perdas físicas, é importante lembrar que a cultura goiana foi totalmente prejudicada, já que o cinema era sede de grandes mostras cinematográficas regionais e mundiais”, escreveu em nota.

A conclusão do inquérito foi recebida pelo empresário responsável pelo cinema localizado no Banana Shopping, na tarde desta quarta-feira (27). Contudo, segundo a assessoria, o empresário em questão aguarda orientações do departamento jurídico para fornecer informações complementares.

Também em nota, o cinema reforçou que o objetivo atual é atuar de acordo com a Justiça para desenvolvimento do processo.

O inquérito foi encaminhado para o Ministério Público do Estado (MP-GO) nesta terça-feira (26). Agora, cabe ao MP-GO avaliar o inquérito e dar andamento no processo.