INFLAÇÃO

Inflação em Goiânia fica maior do que a média do País em agosto

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mede a inflação oficial do País. No…

Goiás doará à famílias carentes 30 toneladas de alimentos arrecadados no show do Guns
Goiás doará à famílias carentes 30 toneladas de alimentos arrecadados no show do Guns (Foto ilustrativa: Divulgação)

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mede a inflação oficial do País. No Brasil, agosto de 2020 registrou a variação mais alta para o mês desde 2016, subindo 0,24% – mesmo desacelerando em relação a julho (0,36%). Goiânia, por sua vez, teve um número superior a média nacional: 0,66%.

Apesar disso, o acumulado do ano, na capital, é de -0,25%, enquanto nos últimos 12 meses, 2,35%. Em relação ao Brasil, a média de 2020 acumula alta de 0,70% e 2,44% nos últimos 12 meses.

Na prática

O economista e coordenador do Centro de Pesquisa de Mestrado da Unialfa, Aurélio Troncoso, explica que são os alimentos que puxam a inflação para cima, em Goiânia e Goiás. De acordo com ele, o Estado é voltado para a agroindústria, mas as produções não enquadram alimentos da cesta básica.

“Goiás não é produtor de arroz e feijão, por exemplo. Tem que comprar fora. A nossa grande produção é soja, milho e cana-de-açúcar, que também acabam sendo mais exportados”, revela.

Ele diz que as pessoas erroneamente culpam as altas dos preços nos mercados, mas os vilões são outros. E enumera: “Com o dólar alto, os insumos importados pela agroindústria são pagos na moeda estrangeira, o que impacta os preços. É bom para exportar, mas ruim para importar. Isso faz com que o empresário prefira exportar, deixando o mercado interno desabastecido. Quase toda carne está sendo exportada, por isso está cada aqui.”

Outro fator, segundo Aurélio, é o processo de entressafra (período entre uma safra e outra). “A safrinha, como chamamos. Vai plantar agora e colher no futuro. Além disso, a pandemia também retardou certas produções. E, por fim, o empresário também tenta se recuperar, aumentando a margem de lucro”, explicou os diversos motivos.

Desta forma, Goiás fica à mercê dos aumentos, mesmo sendo um grande produtor dos grãos, o que reflete positivamente no PIB. “Estes não são vendidos em supermercados.”

Soluções?

Sobre um retorno dos preços, ele acredita que em outubro ou novembro devam cair, mas não como estavam antes dos aumentos. “O arroz deve ficar na faixa dos R$ 18.”

Ele explica que o governo não pode interferir nos preços, mas pode buscar fora e colocar dentro do País. “Subsidiando a cesta básica, por exemplo, derruba o IPCA. Chegando produtos mais baratos, a concorrência também faz o preço cair”, avalia.

Altas do Brasil

No Brasil, se considerarmos os grupos (que são nove), a maior alta em agosto veio dos transportes (graças a gasolina, que teve alta de 3,22%): 0,82%. Além disso, alimentação e bebidas também pesaram no bolso dos brasileiros, 0,78% – em julho, os alimentos estavam estáveis, representando 0,01% de crescimento no IPCA.

Os alimentos, vale destacar, têm peso de 20,05% no Índice, segundo Pedro Kislanov, gerente da pesquisa. Ele explica que o arroz, em agosto, aumento 3,08% e já acumula alta de 19,25% no ano. A inflação do feijão, dependendo do tipo e região, pode ser superior a 30%.

Baixas

A maior baixa, por sua vez, vem da educação (-3,47%), o que impactou na oscilação da inflação. Isto se deve, segundo o pesquisador, a negociações e descontos de escolas particulares para o retorno às aulas.

Só para deixar claro, os nove grupos são: alimentação e bebidas, habitação, artigos de residência, vestuário, transportes, saúde e cuidados pessoais, despesas pessoais, educação e comunicação. Confira as tabelas completas a seguir.

Planilhas Brasil, por Grupos e por Regiões (Tabelas: IBGE)

IBGE

Os dados do IPCA foram divulgados nesta quarta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Eles se referem às famílias com rendimento de um a 40 salários-mínimos. Para o cálculo do índice do mês, foram comparados os preços coletados de 29 de julho a 27 de agosto de 2020 (referência) com os preços vigentes no período de 1º a 28 de julho de 2020 (base).

Na ocasião, também foram divulgados os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Estes se referem às famílias com rendimento de um a cinco salários-mínimos. A pesquisa registrou alta no Brasil de 0,36% em agosto, sendo o maior resultado para o mês desde 2012 (0,45%).

Neste índice, foram comparados os preços coletados no período de 29 de julho a 27 de agosto de 2020 (referência) com os preços vigentes no período de 1º a 28 de julho de 2020 (base).

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