Horror

Internos de clínicas para dependentes químicos eram vítimas de torturas físicas e psicológicas em Goiânia

A Polícia Civil de Goiânia encontrou uma situação de horrores em duas clínicas de reabilitação…

A Polícia Civil de Goiânia encontrou uma situação de horrores em duas clínicas de reabilitação de dependentes químicos. Os estabelecimentos Renascer e Nova Vida, que funcionavam em um mesmo lote e estavam sob administração de pai e filho, eram o palco de agressões e torturas físicas e psicológicas.

O delegado Eduardo Gomes, da 15o DP, foi quem chefiou a operação no local, intitulada Resgate. Ele conta que o caso veio à tona graças a denúncias de dois antigos internos. “Duas pessoas que foram mantidas lá conseguiram contatar as famílias, que os retiraram das clínicas. Depois eles foram à delegacia, registraram um boletim de ocorrência e contaram o que acontecia lá dentro”, afirmou.

Nesta quinta (1o), policiais civis e agentes da Vigilância Sanitária e da Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) estiveram no local, onde constataram inúmeras irregularidades. Além da completa insalubridade nos estabelecimentos, muitos internos eram levados e mantidos lá de forma compulsória, o que nenhuma das duas clínicas tinha autorização para fazer.

Conforme Eduardo, a Renascer era mantida por Agápio Souza Magalhães, de 47 anos, que se apresentava aos internos como pastor. No local estavam 33 internos do sexo masculino. Já a Nova Vida estava sob a administração do filho de Agápio e para lá eram enviadas as internas mulheres. No momento da operação havia 23 delas. Apesar de a primeira clínica possuir licença para funcionar, a segunda atuava de forma completamente irregular.

A situação dos pacientes era digna de filme de terror. “A tortura psicológica era constante. Havia um quarto escuro, que era usado para castigar. Os internos eram ameaçados o tempo todo de serem levados para lá”, conta o delegado, que relatou ainda ter encontrado equipamentos de torturas físicas. “Eles possuíam cassetetes e máquinas de dar choque”, conta.

As irregularidades não param por aí. De acordo com Eduardo, nenhuma das clínicas tinha qualquer profissional da área da saúde. Eram os internos mais velhos quem faziam o monitoramento dos demais. E também eram eles quem aplicavam medicamentos – sem qualquer prescrição ou supervisão.

Ambas as instituições eram privadas e não recebiam qualquer aporte governamental ou filantrópico. Pelo que foi apurado até o momento, familiares dos pacientes eram enganados quanto ao tratamento dispensado e pagavam mensalidades de R$ 1 mil a R$ 2 mil.

No momento da operação, Agápio conseguiu fugir do local e ainda não foi localizado. A esposa e o filho dele, que administra a Nova Vida, porém, foram detidos. Eles foram autuados em flagrante por cárcere privado e associação criminosa. “Com o decorrer das investigações eles deverão ter que responder por maus tratos e tortura também”, complementa o delegado.

Um dos internos, foragido da Justiça por estupro de vulnerável, também foi detido durante a operação.