POLÍCIA

Jovem para de estudar com medo de assaltos, em Goiânia

Marcela Santos* tem 20 anos. Ela estudou jornalismo até a última quarta-feira (14), quando trancou…

Marcela Santos* tem 20 anos. Ela estudou jornalismo até a última quarta-feira (14), quando trancou o curso com medo da criminalidade. Pela terceira vez assaltada, se viu com medo de morrer no último episódio, um dia antes, quando criminosos armados roubaram a mochila com documentos, celular, material de estudo e dinheiro. A moça ainda foi violentada; tudo aconteceu em um ponto de ônibus próximo do Estádio Serra Dourada, no Jardim Goiás, bairro nobre da Goiânia. Esse é o reflexo da violência que está em crescente escalada e transforma em vítimas os usuários do transporte coletivo.

Moradora de Senador Canedo, a jovem foi uma das 22.796 pessoas assaltadas em 2017, segundo dados do Observatório Estatístico de Segurança Pública de Goiás. Ela depende de ônibus e, apesar de saber os riscos, chegou ao 5º período do curso indo e retornando todos os dias de coletivo. Bolsista, disse que não tem condições de ter um veículo próprio. O caso é clássico, e mostra que a violência não tira só o direito das pessoas conquistar patrimônio: arranca também qualquer possibilidade de tentar ter um futuro melhor.

Marcela Santos sentiu as mãos de dois dos três assaltantes passar de forma enojadora pelo seu corpo. Ela teve os seios tocados e os criminosos chegaram a tocar dentro de sua calça. “Eu me vi impotente de qualquer coisa. Violaram qualquer direito que eu tinha. Hoje estou com vergonha, medo. Não tem nem palavras para dizer como estou”, desabafa ao recordar os instantes.

Assaltos em ônibus aumentam 11%

Marcela foi assaltada em um ponto de ônibus, mas os crimes dentro do transporte coletivo estão em crescente índice. Números da Secretaria de Segurança Pública de Goiás mostram que somente em Goiânia foram roubadas 824 pessoas em 2017. O dado é 11,04% maior que o ano anterior (742).

A diferença da modalidade criminosa para o furto (-37% na comparação de 2017 com 2016) é o emprego de violência. A legislação explica que casos praticados pelo batedor de carteira, por exemplo, são entendidos como furto (art. 155/CPB), ao contrário de quando se usa a força, arma e se emprega ameaça (art. 157/CPB).

A Polícia Militar desenvolve de forma continuada a Operação Embarque Seguro. Comandante da Comunicação Social da Polícia Militar, o tenente-coronel Marcelo Granja informa que os trabalhos intensificados de combate a essas modalidades criminosas é feito de dia e noite. O coronel informa ainda que na região onde aconteceu o crime citado na reportagem serão feitas abordagens em horários e pontos estratégicos.

A Polícia Civil abriu uma investigação para apurar o caso, que será apurado pelo 8º Distrito Policial do Setor Pedro Ludovico.

Marcela Santos é um nome fictício*