ÁGUAS LINDAS

Juiz revoga prisão em caso de violência doméstica e critica ‘feminismo punitivista’

Plantonista tinha decidido pela prisão, apesar de manifestação diferente do Ministério Público

Juiz critica ‘feminismo punitivista’ ao revogar preventiva em caso de violência doméstica
Juiz critica ‘feminismo punitivista’ ao revogar preventiva em caso de violência doméstica (Foto: FreePik)

O juiz do Juizado de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Águas Lindas de Goiás, Felipe Morais Barbosa, chamou de “feminismo punitivista” a decisão de uma magistrada que converteu o flagrante de um homem acusado de violência doméstica em prisão preventiva. Ele revogou a situação no último dia 13 de fevereiro.

Segundo o magistrado, “a juíza a quem incumbiu conduzir o ato, a despeito da manifestação do Ministério Público no sentido da concessão da liberdade provisória, com a imposição de medidas cautelares diversas, decidiu pela decretação da prisão preventiva, ‘optando por romper com o sistema processual acusatório’, acrescentando que enquanto puder salvar a vida de uma mulher manterá o suposto agressor preso”.

A decisão da juíza plantonista Lívia Vaz da Silva ocorreu em 12 de fevereiro, após audiência de custódia. Para ela, a liberdade do homem representava risco para a vítima, devido ao histórico de violência, além da chance de reincidência.

Conforme o magistrado que revogou a decisão, todavia, “é fundamental para evitar que o feminismo seja capturado por narrativas punitivistas, que não apenas reforçam a seletividade do sistema penal, mas também reproduzem lógicas autoritárias que historicamente prejudicam grupos vulnerabilizados”. Ele ainda afirmou que é preciso garantir a imparcialidade do Judiciário.

“A justiça feminista não pode ser confundida com a ampliação indiscriminada do poder punitivo estatal. A sanha punitivista, muitas vezes impulsionada por um desejo legítimo de proteção às vítimas, não pode se sobrepor ao respeito às regras processuais, sob pena de comprometer a própria credibilidade do sistema de Justiça”, afirmou e disse ser um “defensor do feminismo, ciente dos privilégios decorrentes de sua posição social, seja pelo gênero, pela orientação sexual ou pela raça”.

Liberado, o acusado será monitorado por tornozeleira eletrônica e precisará cumprir outras medidas para manter a liberdade condicional. Entre elas, não se aproximar da vítima.